domingo, 7 de novembro de 2010

Considerações acerca do capítulo I: "A Coluna Vertebral na História, na Arte e no Amor"

"A medula, esse réptil escorregadio que conduz nossos prazeres."
Guimarães Rosa
COLUNA DE OSÍRIS
  • O primeiro capítulo cita Imhotep (médico e primeiro ministro egípcio). Relata o caso 33 encontrado em papiro que descreve uma lesão cervical que cursa com tetraplegia.
  • Imhotep mandou construir as pirâmides que lembram a coluna empilhada (Sakkara é a mais antiga). Ele se torna então o deus da medicina.
  • Relata a história de Osíris e o nascimento de Hórus, o que justifica o uso da coluna de Osíris para ter saúde. A coluna conta com três corpos vertebrais cervicais e três discos intervertebrais.

A mumificação preservava a coluna como passaporte para a vida eterna.

Sacrum, sagrado por ser a parte da coluna responsável pela vida eterna.

Hipócrates tratava a hérnia de disco pendurando o paciente de cabeça para baixo numa escada por quarenta dias.

Tratava por tração pela gravidade.

  • Galeno usava tração mecânica (roldanas e correias) enquanto o médico despido sentava-se nas costas do paciente para reduzir a hérnia.
  • Kókkys ou cóccix, significa cuco ou Cuculus canorus e tem esse nome, porque o osso se assemelha ao bico da ave.
  • O coito (1492) de Da Vinci mostra o corte sagital de um casal em cópula.
  • Na via ejaculatória de Da Vinci o espermatozóide saia do cérebro.
  • Shakespear (1564-1616) em Ricardo III descreve a corcunda e a escoliose no ato I cena I: " Eu toscamente esculpido (...), enganado pela dissimulada natureza, deformado, inacabado, mandado antes do tempo a este mundo."
  • Vitor Hugo (1802-1885) em Notre Dame de Paris (1831) descreve a sífilis congênita na figura do corcunda: "Aquele nariz tetraédrico, aquela boca em ferradura, aquele ínfimo olho esquerdo(...) Uma cabeça gigantesca entre seus ombros, uma enorme saliência(...)."
  • Atlas é a primeira vértebra que suporta a cabeça assim como o Deus Atlas suportou o mundo.
  • Observação: Falando de mitologia grega -> a hepatectomia parcial é conhecida como a 'Técnica de Prometeu'.
  • O anatomista Bichat morreu com uma fratura de coluna ao cair da escada, o mesmo apresentava um quadro de tuberculose avançada e comprometimento meníngeo.

A prescrição médica e o olho de Hórus

“Olho por olho, dente por dente, fratura por fratura."
A. T. - Bíblia sagrada
Uma prescrição ou receita médica consiste na indicação de medicamento escrita para um paciente. É indicada pelo médico e objetiva identificar qual medicamento deve ser comprado, bem como sua posologia, contendo orientações que auxiliem o paciente.

Serve também para o controle de alguns grupos de medicamento, como por exemplo: entorpecentes, psicotrópicos, medicamentos de controle especial, talidomida, retinóides, antiretrovirais, anabolizantes, precursores de entorpecentes e de síntese de entorpecentes, plantas e produtos de uso procristo no país.

No Brasil, existe a notificação de receita: uma prescrição medicamentosa escrita padronizada, que acompanha a receita e a autoriza.

São utilizadas cores para indicar o grupo medicamentoso de risco. Assim, utiliza-se receitas para entorpecentes na cor amarela, psicotrópicos na cor azul, retinóides e imunossupresosrres na cor branca.

As receitas têm validade.

Sendo, a receita amarela válida por 30 dias com limite de 5 ampolas se o medicamento for injetável.

A receita azul, válida por 30 dias, emitida na Unidade Federativa de registro, com limite de 5 ampolas se o medicamento for injetável; O máximo de tratamento para o caso dos psicotrópicos anorexígenos de receita azul é de 60 dias.

As receitas brancas só são válidas na Unidade Federativa da prescrição e uma via fica com o paciente sendo carimbada em seu verso e possuindo válidade de 60 dias. Exceto antiparksonianos e anticonvulsivantes que podem ser válidos por até seis meses. Se o medicamento for injetável, é limitado a 5 ampolas.

A Resolução nº 1.601/2000 do Conselho Federal de Medicina do Brasil, no artigo 39 determina que as receitas médicas sejam escritas por extenso e de forma legível, estando de acordo com o Código de Ética Médica que em seu terceiro capítulo trata da responsabilidade profissional, proibindo o médico de receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível.

Não são raros os médicos multados por receitarem de forma ilegível.

Os medicamentos de tarja preta no Brasil são controlados através de sistema eletrônico, a partir de janeiro de 2008.

O mecanismo impede o reaproveitamento de receitas e possíveis rasuras. Antigamente estes medicamentos eram anotados manualmente em livros que eram posteriormente recolhidos pela ANVISA.

Existe ainda para o controle o sistema de tarjas.

A coloração preta indica os medicamentos de risco médico e deve ser vendido somente com receita e retenção desta.

A tarja vermelha indica ausência de perigo à saúde do paciente em relação a risco de morte, porém estes contém efeitos colaterais e a receita deve ser apresentada no ato da compra.

Para os medicamentos sem tarja não é necessário apresentação de receitas.

Mas a questão da receita de medicamentos não é meramente prática: é histórica.

O "R” cortado “Rx” é um símbolo que era usado por alguns médicos no início de sua prescrição nos tempos remotos.

Suas origens se relacionam ao “Olho de Hórus” ou “Udyat”, um símbolo proveniente do Egito Antigo.

Consite na invocação à divindade Hórus.

Hórus era um dos mais poderosos e mais usados amuletos no Egito em todas as épocas.

Segundo a lenda durante a luta com o deus Seth para vingar a morte de seu pai, Horus teve o seu olho esquerdo arrancado.

Como a luta se deu porque Horus queria justiça, o deus Toth conferiu-lhe “olho por olho”, devolvendo o olho que havia sido perdido na luta.

O símbolo passou então a ser prescrito como forma de fazer justiça e devolver a saúde ao doente.

Era usado em vida como amuleto, conforme a foto do amuleto do Olho de Horus existente no Museu do Louvre à esquerda da tela, para afugentar o mau-olhado.

E, após a morte, contra o infortúnio do além. Conforme a figura a direita da tela elucida.

Os egípcios usavam o símbolo para afastar o perigo, a doença e a má sorte, aparecendo abreviado nas receitas médicas de várias épocas como “Rx”, entrando de tal forma para a história do mundo e conseqüentemente da medicina.

DICA DE LEITURA: As mais belas artes da medicina.

"A medicina por si só já é uma obra de arte."
Bezerra
BEZERRA, A. J. C. As mais belas artes da medicina. Brasília: Conselho Regional de Medicina do DF, 2006.
O AUTOR:
  • Atribui sua curiosidade ao fato de sua família portar o gen da falta de criatividade.
  • Mestre e Dr. pela USP.
  • Lecionou anatomia na UnB por 20 anos.
  • Primeiro diretor do curso de medicina da UCB.
  • Pró-reitor e diretor adjunto do HUB.
OBRAS:
  • As mais belas artes da medicina, 2006.
  • Admirável mundo médico, 2002.
  • Vários capítulos de livros.
CAPÍTULOS DA OBRA:
  1. A coluna vertebral na história, na arte e no amor.
  2. Frida Kahlo: trajetória marcada por doenças.
  3. A doença na pintura de Munch
  4. A loucura na arte
  5. Babinski arte na medicina
  6. Influência da picnodisostose na obra de Toulouse Lautrec
  7. Polimastia no mosteiro
  8. A macroglossia na arte
  9. Endocrinopatias na arte
  10. O nascimento da neurologia em 'A Lição Clínica do Dr. Charcot'
  11. Arte e aparelho locomotor
  12. A pele pintada
  13. A cegueira vista pela arte
  14. A doença de Van Gogh
  15. Picasso, Ciencia e Caridade

COMENTÁRIO:

O Dr. Bezerra é tão simpático quanto eficiente, depois de assistir uma de suas paletras fiquei encantada com o seu trabalho.

Considero-o digno de nota, principalmente para estudantes. Porque em dias de uma medicina permeada por pesquisas científicas e por novas técnicas e novos aparelhos a arte tem que ser resgatada como um vínculo ao que há de humano na medicina, que é exatamente o nunca se perderá.

Postarei no blog algumas resenhas de capítulos do Dr. Bezerra, como um estímulo para todos lerem a obra completa que está disponível para ser baixada no site do CFM - Conselho Federal de Medicina.

O que também denota que a função do Conselho não consiste em protecionismo de uma esfera profissional e sim em consolidar um canal de divulgação, atualização e arte relacionada a profissão médica que é a mais bela das artes.

Espero que todos possam se deleitar com a obra que conta com a apresentação do Prof. Dr. Ivo Pitanguy.

Boa leitura...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Informativo AISI/FMIt/HE n°24

“O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte.

E quem não tem medo da morte possui tudo.”

Tolstói


Na antiguidade havia o hábito de rezar pelos falecidos, e, desde o século II os cristãos rezavam e visitavam os túmulos dos mártires.

No século V a Igraja Católica dedica um dia para rezar por todos os mortos, inclusive os esquecidos.

Somente no século XIII esse dia anual passa a ser comemorado em dois de novembro que fica conhecido como “Dia de finados”.

Até os dias atuais é hábito orar pelos mortos em tal data.Em geral essas orações são realizadas junto aos túmulos: no cemitério.

Existem cemitérios famosos no mundo todo, como o Père-Lachaise em Paris, conhecido pelas belas obras de arte que comporta.

Mesmo aqueles que possuem aversão ao ambiente cemiterial costumam visitar o cemitério para cuidar do túmulo, colocar flores e representar de forma simbólica a perda.

Uma das linhas de pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina de Itajubá consiste na avaliação do ambiente cemiterial e dos riscos a que o visitante está submentido em tal local.

O resultado das pesquisas foi entregue à comunidade no informativo AISI/FMIt/HE nº24, ilustrado na fotografia acima.

O texto do informativo é o seguinte:

Estudantes da FMIt realizam estudos sobre risco de contaminação em cemitérios

Uma equipe de pesquisadores, composta por acadêmicos da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt), orientados pelas professoras Mariléia Andrade e Raquel Lemes, realizou uma pesquisa que consiste na avaliação do ambiente cemiterial, no que se refere aos riscos de contaminação por agentes nocivos a que o visitante está sujeito.

Após a realização dos estudos já publicados: “O Cemitério e a Cidade”; “Estudo Epidemiológico Descritivo do Impacto de Necrópoles na Saúde de uma População Urbe”; “Avaliação da Microbiota Fungica em Superfície Tumular para Prevenção de Morbidades”; “Detecção, Isolamento e Caracterização de Bactérias Gram Negativas em Superfície Sepulcral” a equipe, composta por Mayra Lopes de A. Reis, João Antônio C. Daher e Paula Barbosa P. da Silva, elaborou uma lista de recomendações para a realização de uma visita segura ao cemitério:

1. Utilizar sapatos fechados para evitar onicomicoses.
2. Evitar contato direto das mãos em túmulos com sepultamento recente.
3. Lavar as mãos após tocar nos túmulos ao trocar flores e acender velas, por exemplo.
4. Evitar sentar em partes do túmulo e recostar em sua superfície.
5. Não consumir alimento no local.
6. Lavar as roupas após a visita antes de utilizá-las novamente.
7. Evitar levar crianças na visita.
8. Olhar o local onde pisa e encosta para evitar ataque de insetos.
9. Ficar atento ao local onde coloca os pertences, pois podem ocorrer furtos.
10. Usar protetor solar.

Na oportunidade, Mayra Lopes ressaltou a importância de medidas simples para a manutenção da saúde. “A população tem a tradição de realizar visitas aos cemitérios, especialmente no Dia de Finados, e a intenção do estudo foi mostrar às pessoas os riscos que existem, mas que podem ser controlados com as recomendações sugeridas”, reforçou.

Mais dicas e recomendações acerca de conservação e restauro tumular acesse:
http://mayralopes.blogspot.com/2010/10/workshop-de-conservacao-e-restauro.html

  • Por ser de utilidade pública as informações contidas no informativo foram reproduzidas nas páginas:
  • 1 Blog de Pesquisas Cemiteriais (04/11/2010):

http://elisianacastro.wordpress.com/2010/11/04/vejam-pesquisadores-e-visitantes/

  • 2. Conexão Itajubá (05/11/2010):

http://www.conexaoitajuba.com.br/itajuba/Pagina.do?idSecao=6&idNoticia=17892&utm_source=assinantes&utm_medium=e-mail