sábado, 14 de abril de 2012

Sexta-feira 13: Laringec...

“Às vezes no meu triste isolamento
Ponho-me a relembrar de velhas datas


Relembro as de pesar e sofrimento


Relembro aquelas que me foram gratas”


Benjamin Silva



Quando Xikito e eu estávamos exaustos, quase quedados, quase vencidos, e ainda na metade do oficio pretendido. Natã em seu oficio quase psiquiátrico recitou uma poesia de ânimo e conforto.


Uma poesia antiga que encontrou transcrita na primeira página de um livro de Bioquímica de um dos formandos da primeira turma do curso de farmácia da Federal de Alfenas, livro no qual outrora estudara.


Poesia que de tão triste arrancou gargalhadas coletivas de todos que estavam na sala.


Hoje fui procurá-la para guardá-la no blog. In memória dos muitos risos e dos muitos degraus... Ilustrei-a aqui no blog com foto de um passeio em Poços de Caldas.


Se não fosse a exaustão física sequer perceberíamos as dez horas que passamos juntos. Os meninos são muito divertidos. Até montamos uma ONG no mundo das idéias...


A poesia é de Benjamin Silva, nascido na Fazenda de São Quirino, distrito de Castelo, no então município de Cachoeiro de Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, em 20/07/1886.


Alguns dados biográficos do autor podem ser encontrados na obra: ELTON, Elmo. Poetas do Espírito Santo. Vitória, UFES, FCAA, PMV, 1982.


Segundo a biografia citada, Benjamin foi poeta e comerciário. Foi Diretor dos Armazéns Gerais da Empresa Guanabara, no Rio de Janeiro. Desde cedo se dedicou à poesia. Colaborou em vários periódicos e desfrutou de prestígio nos meios literários de Cachoeiro de Itapemirim. Figura em várias antologias de poetas nacionais, com o soneto "O Frade e a Freira" que se tornou um dos mais conhecidos da poesia espírito-santense. É patrono da cadeira n. 1 da Academia Cachoeirense de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro, a 10/06/1954, e seus restos mortais foram transladados para a terra natal.


Autor da obra "Escada da Vida", 1938.


E, suas palavras, chegaram para alegrar o nosso trabalho...



ESCADA DA VIDA

Julguei da vida haver galgado a escada,
essa escada de mármore, polido
que nos conduz à estância desejada
de um grande bem, raríssimo atingido.

Hoje vejo, porém, que quase nada
consegui, afinal, haver subido;
-ficou-me longe o termo da jornada
em que eu, exausto, me quedei, vencido.

Pelos desvãos da escada, ma me erguendo,
já sem noção e sem a fé que anima,
nem sei se vou subindo ou vou descendo...

Por isso os seus extremos jamais acho:
-vejo degraus - olhando para cima;
vejo degraus - olhando para baixo!

Estultice

“Criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.” – Nelson Rodrigues



Estultice, substantivo que significa tolice, imbecilidade, insensatez, estupidez.
Carlo Maria Cipolla, historiador italiano, é autor da obra: "Allegro ma non troppo: Les lois fondamentales de la stupidité humaine", da Ed. Balland, publicado em Paris em 1992.



Na obra o autor classifica o ser humano segundo quatro categorias: inteligentes, crédulos, bandidos e estúpidos. Segundo o autor existem cinco leis que relacionadas à estupidez humana, sendo elas:



1ª Lei: Subestima-se sempre e inevitavelmente o número de indivíduos estúpidos em circulação.



2ª Lei: A probabilidade de certa pessoa ser estúpida independe de suas demais características.



3ª Lei: Uma pessoa estúpida é aquela que causa um dano a outros sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo. (dinossauros)



4ª Lei: As pessoas não estúpidas subestimam sempre o potencial nocivo das pessoas estúpidas.



5ª Lei: A pessoa estúpida é o tipo de pessoa mais perigosa que existe.



Uma das melhores analogias para elucidar a estultice vigente foi elaborada por Nelson Rodrigues que compara a estultice com a Pedra da Gávea.



A Pedra da Gávea, com topo de granito, situada 842 metros acima do nível do mar é o maior bloco de pedra beira-mar do planeta.



Acerca dela existem inúmeras histórias, algumas contraditórias, outras míticas. É um dos pontos do parque da Floresta da Tijuca. Foi assim denominada, porque os marinheiros reconheceram em seu formato um cesto de gávea.



E, então Nelson Rodrigues, falando da força da natureza que é a estultice, que ultrapassa séculos e continua dominante, confessa: “Tenho inveja da burrice porque ela é como a Pedra da Gávea: eterna”.



Mas, a estupidez não para por aí; Uma vez que seus parâmetros estatísticos se orientam pela maioria, uma maioria estúpida. Maioria que não precisa pensar, e não precisando: não pensa, simplesmente concorda.



A estupidez não pára aí, ela se vangloria por submeter o sujeito ao idiota. E o idiota agride. Agride com sua estupidez, que surge com abuso de poder. Como se fosse um tapa (o abuso da força), na suprema vigência da terceira lei de Cipolla.



E nas palavras de Nelson Rodrigues: “O problema do tapa não é o tapa, é o barulho.”



O tapa dura segundos, mas o barulho faz lembrar que a Pedra da Gávea é eterna, e que a primeira Lei é a primeira porque é inacreditável o número de indivíduos estúpidos em circulação.


Depois desse ainda haverá outros...

terça-feira, 10 de abril de 2012

E o filme era de ficção...

"Para navegar contra a corrente, são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão." - Nise da Silveira.



TRECHO DO FILME: “A MÁQUINA DO TEMPO”


- O problema é que suas idéias são um pouco radicais.


- O problema é com a faculdade. São os dinossauros, já estão extintos, só que não sabem. Você sabe que no futuro eles serão descobertos por algum arqueólogo que não vai saber como explicá-los.


- São tão desprovidos de curiosidade.


-É o seu primeiro ano como professor adjunto, devia se expressar com cautela.


- Você está falando como meu pai, olhe para os homens Fill, todos iguais. Todos com chapéu coco. Quer que seus alunos fiquem assim?


- Quero os meus alunos preparados para a realidade do mundo.


- Eu não, quero que passem por essa rua e que todos tirem o chapéu para eles.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Sigilo

"Aquele que guarda sua língua, guarda sua alma."


Adágio egípcio.




Essa semana eu me deparei com uma piada que evoca uma situação que percebo na recepção de consultas.



As salas de espera, em sua maioria não guardam a identidade do paciente, e a própria divisão das especialidades por si só já expõe muito o paciente.



As secretárias de médicos sempre perguntam quando o paciente chega o motivo da visita e o paciente tem que responder diante de todos, o que às vezes é muito desagradável.



Não há nada pior que uma recepcionista que pede para dizer o que está se passando contigo numa sala de espera cheia de pacientes.





A piada:





Uma vez entrei para uma consulta e me aproximei de uma recepcionista:



- Bom dia, senhorita!



A recepcionista me disse:



- Bom dia, senhor, o que o senhor está sentindo? Por que veio ver o Doutor?



- Tenho um problema com meu pênis, respondi.



Como alguns dos presentes riram, a recepcionista irritou-se e me disse:



- Você não deveria dizer coisas como estas diante das pessoas.



- Por que não? Você me perguntou o que eu estava sentindo e eu respondi.



A recepcionista sem jeito me disse:



- Poderia ter sido mais dissimulado e dizer, por exemplo, que teria uma irritação no ouvido e discutir o real problema com o Doutor, mais tarde e em particular.



Ao que eu respondi:



- E você não deveria fazer perguntas diante de estranhos, se a resposta pode incomodar.



Então sorri, saí e voltei a entrar:



- Bom dia Senhorita!



A recepcionista sorriu meio sem jeito e perguntou: - Sim?



“Tenho problemas com meu ouvido"



A recepcionista assentiu e sorriu, vendo que havia seguido seu conselho e voltou a me perguntar:



- E... o que acontece com o seu ouvido, senhor?



- "Arde quando eu mijo”.



A sala de espera ficou repleta de risos.