quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Considerações acerca da obra: “A curva e o caminho”

"Uma curva de caminho, anônima, torna-se as vezes 
a maior recordação de toda volta ao mundo."
Mário Quintana


A obra intitulada “A curva e o caminho – Acesso à Saúde no Brasil” foi idealizada e realizada por Andre François, paulista, nascido em 1966, atualmente considerado fotografo documentarista.
            Andre François registrou imagens de diversos países, mas, sua grande superação pessoal foi enveredar-se pelo mundo da fotografia, uma alternativa mediante sua dislexia. Seu primeiro trabalho foi em São Tomé das Letras retratando a vida dos trabalhadores das pedreiras em 1992. Em 1995 criou a organização ImageMagica cujo objetivo é transformar a vida das pessoas por meio da fotografia, de modo a promover a saúde e a qualidade de vida no mundo.
            A ImageMagica é a editora da obra, e, possui nove projetos, sendo eles: 1. Expedicionários da Saúde; 2. Projeto vida – um documentário sobre a saúde no mundo; 3. Fortes mulheres – documentário feito com mulheres baseado na pergunta “O que é superação para você?”; 4. De volta para casa – documentário sobre o tratamento domiciliar no Brasil; 5. Escolher e viver – acerca do tratamento e qualidade de vida dos pacientes renais crônicos; 6. A curva e o caminho – relacionado ao acesso à saúde no Brasil; 7. Cuidar – documentário sobre a medicina humanizada no Brasil; 8. Saúde e cultura – programa que inclui fotografia no atendimento médico; 9. Escola do olhar – que ensina fotografia a crianças.
            Todas as iniciativas citadas tiveram como marco inicial significativo o documentário: “Medicina Humanizada” (2006), disponível para ser baixado gratuitamente na página da ImageMagica.
            Já a obra “A curva e o caminho”, datada de 2008, disponível em português e em inglês, identificada no setor editorial como um livro de fotografia, possui custo que varia de 54 a 65 reais em sites de venda.
            A obra possui vinte capítulos com relatos, fatos e belas citações. Os capítulos são intitulados: No meio do caminho tinha uma pedra e muitas mãos estendidas; êxodo e despedida; na rota das ambulanchas; encruzilhadas na selva; vidas novas; na estrada, a espera; “tem que ser do mineiro o que Deus quiser”; socorro; “fui atrás da vida do meu filho”; direito de todos; um batalhão de contaminados; “a doença arrancou o curso da minha vida”; acesso: definições e questões; enquanto o diagnóstico não vem; duas ligações, uma vida; preconceito também é doença; recomeçar depois do HIV; comida caseira e portas abertas; voltar à redenção; enfrentar e vencer; E, é dedicada “aos que morreram e sobreviveram no caminho.”
            O autor defende que “Perceber o mundo em que se vive é o primeiro passo para modificá-lo.” Pois, conforme descrito na página 37: “Tem coisas que a gente só percebe quando se aproxima”. (François, 2008, pg.37) E, durante toda obra, os fatos funcionam como um convite a aproximar-se da realidade médica do interior do país.
            Tal aproximação com a realidade elucida questões profundas como a negligencia de cuidados por parte dos familiares que expõem suas angústias diante da falta de recursos: “Um médico chegou a dizer que ia me chamar no fórum porque eu não estava dando atenção para o menino, mas (...) se eu tivesse carro, se eu tivesse dinheiro (...), eu ia, corria atrás.” (François, 2008, pg.118-119)
            Denotando explicitamente a falta de recurso e a dificuldade de transporte: “Toda vez que ele vai lá, fazer consulta de rotina, tem que ser internado, porque o negócio está muito avançado. Mas eu trago ele quando ele ta assim porque não consigo trazer antes (...)”. (François, 2008, pg.119)
            Demonstra as complicações para conseguir acesso à medicação: “Os remédios dele faço assim: às vezes o padrinho dele dá; quando tenho dinheiro, eu compro, quando ele tem dinheiro, ele compra, quando a irmã tem dinheiro, compra, e assim a gente vai se virando.” (François, 2008, pg.119)
            E aprofunda ao relatar ainda as dificuldades para receber a medicação fornecida pelo sistema público: “Sabe, eu preciso no mínimo de um ano de tratamento, eles me dão pra trinta dias. E sou obrigado a ir até a capital, e o medicamento, para começar é tão forte, que não convém dirigir.” (...) “E os medicamentos, se eu não tomá-los conjugados, é a mesma coisa que não tomar.” (François, 2008, pg.127)
            Além da avaliação de intercorrencias devido à disponibilidade de recursos materiais, a obra aborda questões de ordem filosófica, como o cuidado final com o corpo e suas partes. Como descrito no trecho: “ ‘Acabamos assim: um pedaço de carne em uma garrafa pet, descartável’, afirmou a técnica do laboratório.” (François, 2008, pg.152).
            A obra denuncia as falhas na saúde preventiva, mostrando a incidência de inúmeras patologias em um mesmo indivíduo: “Terezinha já enfrentou uma malária e uma hepatite C. A assistente acredita que esta batalha será outra: o câncer espalhou-se, e tudo indica que a cura fica mais distante a cada dia.” (François, 2008, pg.152)
            Há ainda condições abordadas que são comuns a pacientes do interior e dos grandes centros, e de todos os que conferem confiança significativa na ciência e na medicina, que é tão falha e vulnerável quanto a própria existência humana, conforme comprovado na sentença: “Mesmo com o tratamento, vou ter que tirar o seio?!” (François, 2008, pg.153)
            Mesmo evidenciando as discrepâncias do acesso à saúde, a obra trata do sofrimento que é algo comum a todos aqueles que são portadores de patologias limitantes, independente do acesso ao serviço de saúde. Um sofrimento que implica na mudança da rotina, na impossibilidade de trabalhar e contribuir para com a sociedade, e a sensação de menos valia resultante de tais condições. O relato que evidencia a impossibilidade de trabalhar é simples e profundo: “Terezinha conta que acordou com vontade de lavar roupa, sabe que o esforço provoca dores nos braços e seios, mas tem vontade de fazer alguma atividade. (François, 2008, pg.153)
            O aspecto da solidariedade é muito claro na obra: “A família está mobilizada para ajudá-la.” (François, 2008, pg.153) Mas, mesmo perante a perspectiva da ajuda o diagnostico tem caráter de sentença: “Sou a segunda pessoa aqui na minha área que tem esta doença. A outra morreu.” (François, 2008, pg.157)
            Em toda obra há a presença linear da morte e do medo da mesma, e, sempre com forte mensagem de esperança e perspectiva otimista: “Uma cruz em frente a um montinho de terra. Uma sepultura rasa. Sônia reza um Pai-Nosso. Nós precisamos seguir.” (François, 2008, pg.197)
            Uma história interessante que aborda a questão médico-paciente é a de Antônio que se encontra no capítulo: “Enfrentar e vencer”, que se assemelha a um resumo do percurso de muitos indivíduos no sistema de saúde vigente: “Ai ele desmaiava, tinha febre, vomitava muito. Passei 8 meses levando ele num médico do interior e o médico só passava remédio para verme. Quando ele já não andava mais, o médico colocou ele para Rio Branco. Lá, a doutora Kely fez tomografia computadorizada e o tumor estava grande.” (François, 2008, pg.201)
            Diante das dificuldades diagnosticas e terapêuticas, a relação médico-paciente fica comprometida, fator que associado ao desconhecimento das práticas médicas por parte dos pacientes implicam em uma análise errônea sobre a responsabilidade e efetividade do ato médico. Muitos pacientes não confiam em seus médicos, uma desconfiança decorrente de sua condição socioeconômica cultural insuficiente, conforme denotado no trecho: “ ‘Esse médico é acostumado a fazer cirurgia?’ Eu imaginava que porque eles sabiam que eu vinha de longe, eles colocavam uma pessoa que não sabe, para aprender nele.” (François, 2008, pg.201) Pois, o sujeito desconhece a formação necessária para a prática da medicina; Bem como os aspectos éticos e legais para o exercício da profissão. Afinal, não se exerce a arte da cirurgia sem o domínio da técnica. Boa parte dos profissionais se dedica ao justo exercício da medicina aliviando o sofrimento que conseguem, na certeza de que quem assiste uma vida diminui o sofrimento no mundo.
            Após a leitura e análise da obra conclui-se que o autor atingiu seu objetivo com seu livro de fotografia: educar o olhar e o pensar por intermédio das imagens.

Referência:

FRANÇOIS A. A curva e o caminho – acesso à saúde no Brasil. São Paulo: Image Magica, 2008.

Questões de Neurocirurgia: UFRJ-UNIRIO



01 - Nas hérnias cerebrais descendentes, ocorre em alguns casos o fenômeno de Kernohan, que é:
(A) a compressão do pedúnculo cerebral do mesmo lado da lesão com hemiparesia contralateral;
(B) a compressão do pedúnculo oposto na borda tentorial causando hemiparesia ipsilateral à lesão;
(C) dilatação da pupila do mesmo lado;
(D) midríase bilateral;
(E) midríase do mesmo lado da lesão e hemiparesia contralateral.

02 - Nas lesões da raízes C8 – T1 do plexo braquial, temos o seguinte tipo de paralisia:
(A) ERB – Duchenne;
(B) Remak;
(C) Horton;
(D) Volkmann;
(E) Déjèrine-klumpke.

03 - A origem aparente no crânio do nervo facial (7º nervo) é:
(A) forame jugular;
(B) canal hitoelosso;
(C) canal óptico;
(D) fissura orbital superior;
(E) forame estilomastóideo.

04 - O nervo ulnar tem sua origem nas seguintes raízes do plexo braquial:
(A) C5 – C6;
(B) C7 – C8;
(C) C8 – T1;
(D) C5 – T1;
(E) C5 – C8.

05 - Em alguns pacientes com traumatismo crânioencefálico, deve ser feito o Trauma Flap:
(A) porque é a melhor abordagem para as fraturas da base do crânio;
(B) para poder abordar a convexidade cerebral, permitindo completa evacuação dos coágulos e controle do sangramento;
(C) para acessar as fraturas cominutivas do crânio;
(D) para tratar das fraturas em progressão;
(E) para drenar os hematomas subdurais crônicos.

06 - O tumor primário da região sacrococcígea mais comum na infância é:
(A) teratoma;
(B) cordoma;
(C) glanglioneuroma;
(D) neuroblastoma;
(E) neurofibroma.

07 - O sistema venoso profundo compreende veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro. A veia mais importante desse sistema é a:
(A) cerebral média;
(B) temporal superior;
(C) cerebral interna ou veia de Galeno;
(D) de Trolard;
(E) de Labbé.

08 - Quando há aumento da pressão intravascular, existe maior passagem de água para o interior do parênquima cerebral. Trata-se de edema:
(A) cerebral perilesional;
(B) cerebral isquêmico;
(C) cerebral citotóxico;
(D) osmótico;
(E) hidrostático de origem vascular.

09 - Para o diagnóstico de estenose do canal lombar, o sinal clínico mais importante é:
(A) lombalgia;
(B) abolição dos reflexos profundos;
(C) sinal de laségue;
(D) sinal de lhermitte;
(E) claudicação neurogênica intermitente.

10 - Na operação de um aneurisma da artéria comunicante posterior, pela via pterional, quando o fundo do aneurisma é dirigido posteriormente e inferiormente, a estrutura que NÃO deve ser tracionada, para evitar hemorragia durante a cirurgia, é:
(A) lobo frontal;
(B) artéria cerebral média;
(C) nervo óptico;
(D) lobo temporal;
(E) cisterna interpeduncular.

11 - Sobre a lipomielomeningocele, é correto afirmar que:
(A) é uma lesão congênita que não está associada a espina bífida;
(B) está classificada sob o termo geral de disrafismo;
(C) apresenta grande dificuldade diagnóstica na maioria dos casos;
(D) é uma lesão congênita, também chamada de teratoma;
(E) vem sempre acompanhada do lipoma intramedular.

12 - O distúrbio hidroeletrolítico mais freqüente em pacientes hospitalizados portadores de doenças do sistema nervoso central é:
(A) hipocalemia;
(B) hipocalcemia;
(C) hipernatremia;
(D) hiponatremia;
(E) hipomagnesemia.

13 - Em relação à hipertensão intracraniana após traumatismo de crânio, pode-se afirmar que:
(A) pacientes com graduação 8 ou menor na escala de Glasgow deverão necessitar de coma barbitúrico para controle da PIC;
(B) o controle da perfusão cerebral pressupõe a monitorização da PIC;
(C) a infecção em monitorização é mais freqüente com monitor epidural;
(D) a monitorização da PIC é dispensável após remoção de massa intracraniana;
(E) a monitorização da PIC atualmente é dispensável no tratamento da hipertensão intracraniana póstraumática.

14 - Causalgia é uma seqüela grave das lesões dos nervos periféricos. É mais acometido o nervo:
(A) radial;
(B) fibular comum;
(C) axilar;
(D) circunflexo;
(E) mediano.

15 - As fraturas “Le Fort”são classificadas em três tipos:
I, II e III. A chamada “Le Fort” tipo III é:
(A) a fratura em linha cruzada do plano pterigoideo;
(B) a fratura acima do ápice dos dentes superiores;
(C) a disjunção crânio-facial que envolve o arco zigomático, sutura nasofrontal plano ptrigoideo e assoalho das órbitas;
(D) a fratura transversa que se estende para cima, cruzando a parede medial da órbita e passa pela sutura nasofrontal;
(E) a disjunção órbito-zigomática, maxilo-pterigoideo e nasofrontal.

16 - Paciente de 60 anos, sexo feminino, iniciou há 15 anos dificuldade de marcha e tremor de repouso no membro superior direito. Foi diagnosticado Doença de Parkinson e iniciado tratamento, com boa resposta terapêutica. Evoluiu, ao longo dos anos, com piora progressiva dos sintomas, tremor moderado, bradicinesia, rigidez e discinesia medicamentosa severa de pico de dose. Foi indicado tratamento cirúrgico. A sintomatologia é bilateral, porém acentuada no dimídio direito. O tratamento cirúrgico inicial deve ser:
(A) talamotomia à esquerda com lesões no VIM e VOP;
(B) palidotomia bilateral simultânea com lesões do Gpi;
(C) lesões combinadas, com palidotomia à direita, no GPi, e talamotomia à esquerda, no VOP;
(D) palidotomia à esquerda, com lesão no Gpi;
(E) estimulação cerebral profunda do VIM direito.

17 - Um paciente de 50 anos foi operado de volumoso tumor do acústico, que comprimia o tronco cerebral e ocupava o meato acústico interno. A cirurgia foi realizada por via retromastóide e o tumor foi totalmente extirpado. Após alguns dias de cirurgia, o paciente apresentou fístula liquórica nasal. Pode-se concluir que:
(A) a fístula não tem relação com a cirurgia e deve ser pesquisada patologia da região etmoidal;
(B) a fístula é comum nesses casos e, em geral, transitória;
(C) independentemente da origem da fístula, deverá ser feita drenagem liquórica lombar, por 3 a 5 dias, e, se necessário, derivação ventrículo peritoneal;
(D) a fístula é comum nesses casos, e deverá ser feita drenagem liquórica lombar, por 3 a 5 dias, e, se necessário, reoperação para adequada obstrução das células da mastóide;
(E) a fístula é comum nesses casos e, após a drenagem liquórica lombar, deverá ser feito tamponamento simultâneo do ouvido médio e do seio etmoidal.

18 - Uma paciente de 20 anos sofreu grave traumatismo cranioencefálico em acidente automobilístico. Permaneceu em coma por uma semana. A Tomografia Computadorizada do crânio mostrava hemorragia no mesencéfalo e tálamo à esquerda, e no lobo parietal direito. Após 6 meses do acidente, a paciente passou a apresentar, progressivamente, tremor intensional no dimídio direito, sem controle medicamentoso. O tratamento cirúrgico desse tremor poderá ser tentado por lesão de radiofreqüência ou implante de estimulador cerebral profundo, no seguinte núcleo:
(A) Globo pálido interno bilateral;
(B) Globo pálido externo esquerdo;
(C) VOP do tálamo à esquerda;
(D) VIM do tálamo à esquerda;
(E) Ventral anterior do tálamo à esquerda.

19 - Um paciente de 45 anos, do sexo masculino, procurou cuidados médicos por apresentar zumbido e queda de audição do ouvido direito. O exame de audiometria mostrou audição normal no ouvido esquerdo e perda de 50 decibéis no ouvido direito, com 50% de discriminação da palavra. A Ressonância Magnética evidencia tumor do acústico, de 1cm de diâmetro, com porção intracanalicular. A conduta indicada é:
(A) microcirurgia por via retromastóide;
(B) microcirurgia por via fossa média e translabiríntica;
(C) microcirurgia por via translabiríntica;
(D) cirurgia endoscópica por via translabiríntica;
(E) cirurgia por via retromastóide e translabiríntica.

20 - Uma criança de 10 anos é operada de tumor de fossa posterior. A Ressonância de controle mostra resíduo tumoral de aproximadamente 10%. A criança está ótima, sem seqüelas. Nesse caso:
(A) se o histopatológico revelar Astrocitoma Pilocítico, a lesão residual deve ser tratada com radiocirurgia;
(B) se o histopatológico revelar Astrocitoma Pilocítico, a lesão residual deve ser reoperada;
(C) se o histopatológico revelar Meduloblastoma, a lesão residual deve ser reoperada e, a seguir, tratada com radiocirurgia;
(D) se o histopatológico revelar Ependinoma, a lesão residual deve apenas ser observada;
(E) em qualquer dos casos, o paciente deve ser reoperado e submetido a radioterapia do neuro-eixo.

21 - O paciente é um homem de 61 anos de idade, com história de distúrbio da visão. O exame do campo visual mostra pequena alteração bilateral dos campos visuais e da acuidade. Foi solicitada Ressonância Magnética (RM), que evidenciou volumoso adenoma hipofisário, com expansão supra-selar, no sentido vertical, deslocando o quiasma óptico. Seus exames hormonais foram normais, com exceção da prolactina de 48 ng/mL. A conduta terapêutica indicada nesse caso é:
(A) agonista dopaminégico e acompanhamento com RM;
(B) agonista dopaminégico e cirurgia transesfenoidal após a redução da massa;
(C) cirurgia transesfenoidal e, futuramente, radioterapia, se necessário;
(D) craniotomia e agonista dopaminégico;
(E) agonista dopaminérgico e radioterapia.

22 - Paciente de 70 anos sofreu queda em casa sendo encontrado lúcido, com escoriações na região frontal e tetraplégico. Apresentava redução desproporcional da força dos membros superiores em relação aos inferiores. A Ressonância Magnética da coluna cervical mostrou estenose do canal em C3-4, C4-5, C5-6 e C6-7. O exame de raios-X dinâmico, em flexão e extensão, não mostrou instabilidade. Após algumas horas do acidente o paciente apresentou melhora de 50% do déficit, que persistia no dia seguinte. Nesse caso:
(A) trata-se da síndrome central da medula e não há indicação cirúrgica;
(B) apesar de não haver instabilidade, o paciente deixou de melhorar e deve ser submetido a laminectomia, por se tratar de estenose multisegmentar;
(C) o paciente só deve ser operado por via anterior ou posterior se for identificada compressão focal ou instabilidade;
(D) o paciente deve ser mantido em tração cervical por alguns dias;
(E) o paciente deve ser sempre operado por via anterior, independentemente do número de segmentos comprometidos.

23 - Um jovem de 20 anos sofreu acidente de motocicleta, há 6 meses, que resultou em paralisia flácida e anestesia do membro superior direito. Apresenta ainda, do lado direito, miose, enoftalmia e ligeira ptose palpebral. Os exames de imagem mostraram pseudo-meningocele em C5 – C6 – C7 e C8 à direita, e o EMG mostrou grave comprometimentos dessas raízes, com desnervação da musculatura para vertebral. Nesse período, o paciente foi tratado clinicamente, sem melhora. Trata-se de lesão:
(A) completa do plexo braquial, por provável arrancamento, e deve ser considerada exploração cirúrgica e neurólise;
(B) parcial do plexo braquial, por provável arrancamento, e deve ser considerada a exploração cirúrgica para transplantação com nervo dural;
(C) completa do plexo braquial, por provável arrancamento, e deve ser considerada a exploração cirúrgica visando restituir algumas funções perdidas através da transferência/ neurotização, com outros nervos;
(D) completa do plexo braquial, por provável arrancamento, e não há nada a ser feito;
(E) parcial do plexo braquial, por provável arrancamento, e não deve ser considerada a exploração cirúrgica.

24 - Paciente de 57 anos, começou a apresentar lombociatalgia direita há 5 meses, desencadeada pela marcha. Progressivamente, a dor, em queimação, passou a envolver ambos os membros inferiores e planta dos pés. Seu exame neurológico era normal. A Ressonância Magnética mostrou grande cisto sinovial, intrarraqueano, em relação com a articulação L4-5 direita, causando estenose significativa do canal lombar. Após 30 dias de tratamento com analgésicos e antiinflamatórios, a paciente começou a perceber melhora clínica. Nesse caso:
(A) a paciente deve ser submetida a exerese do cisto e artrodese;
(B) a paciente deve ser operada, apenas para remoção do cisto, independentemente da melhora clínica;
(C) o cisto deve ser drenado de forma percutânea, sob controle de TC, independentemente da melhora clínica;
(D) a paciente deve ser mantida em observação. O cisto pode desaparecer espontaneamente;
(E) o cisto não deve ser a causa dos sintomas.

25 - Paciente de 40 anos apresenta crises parciais complexas desde os 22 anos. Entre 2 e 5 anos de idade sofreu de crises convulsivas febris. As crises atuais pioraram de freqüência progressivamente, e agora ocorrem várias vezes ao dia, tornando-se refratárias ao tratamento clínico. A Ressonância Magnética mostra atrofia e esclerose do hipocampo direito, e o EEG é normal. O paciente deve:
(A) tentar nova associação de anticonvulsivante;
(B) ser submetido a EEG vídeo-assistido para confirmação do foco e a seguir amigdalohipocampectomia;
(C) ser submetido a Eletrocorticografia para confirmação do foco e a seguir lobectomia temporal;
(D) ser submetido a cirurgia que não comprometa o hipocampo para evitar distúrbio de memória;
(E) ser submetido e amigdalohipocampectomia bilateral, em caso de dificuldade de localização do foco.

26 - Um paciente de 35 anos sofre crise convulsiva generalizada, pela primeira vez. Seu exame neurológico é normal. A Tomografia Computadorizada do crânio mostra lesão hipodensa envolvendo o lobo temporal esquerdo e a insula, sem captação de contraste. O paciente é então submetido a Ressonância Magnética que mostra lesão hipointensa em T1 e hiperintensa em T2, sem captação de contraste e sem efeito de massa. A descrição sugere:
(A) um glioma de alto grau. O paciente deve ser operado de urgência para esvaziamento da massa e posterior RT;
(B) um glioma de baixo grau. O paciente deve ser operado de urgência para esvaziamento da massa e posterior radio e quimioterapia;
(C) um glioma de baixo grau. O paciente deve ser tratado com anticonvulsivantes e eventualmente operado, quando houver sinais de crescimento da lesão ou piora clínica;
(D) um glioma de baixo grau. A ressecção radical deve ser realizada precocemente para aumentar as possibilidades de cura;
(E) É impossível afirmar o diagnóstico e o paciente deve ser submetido a biopsia estereotáxica.

27 - Um jovem de 30 anos sofre traumatismo cranioencefálico em acidente automobilístico. É recebido no hospital entubado com 7 pontos na escala de Glasgow. O paciente é submetido a Tomografia Computadorizada do crânio, que é normal, e não há lesão de outros órgãos. Pode-se afirmar que:
(A) a lesão axonal difusa é a causa mais provável do coma. O paciente deve ser submetido a Monitorização Intraventricular intermitente com drenagem contínua, unidirecional do LCR. A possibilidade de hipertensão intracraniana é alta;
(B) a lesão axonal difusa é a causa mais provável do coma. O paciente deve ser submetido a Monitorização Intraventricular intermitente com drenagem contínua, unidirecional, do LCR. A possibilidade de hipertensão intracraniana é baixa;
(C) a hipertensão intracraniana é a causa mais provável do coma. O paciente deve ser tratado rapidamente com hiperventilação, manitol, coma induzido, e cabeceira elevada;
(D) a tumefação é a causa mais provável do coma. Deve ser feita a monitorização da PIC extradural subdural ou intracerebral. A possibilidade de hipertensão intracraniana é alta;
(E) a lesão axonal difusa é a causa menos provável do coma. O paciente deve ser tratado com hiperventilação e manitol.

28 - Uma menina de 13 anos apresenta cefaléia intermitente há 5 anos. Há 20 dias a cefaléia se intensificou, passando a se acompanhar de vômitos matinais. Ao exame neurológico apresenta macrocrania, nistagmo em todas as direções, instabilidade da marcha e ataxia discreta no dimídio esquerdo. A Ressonância Magnética mostrou volumosa massa ocupando a linha média da fossa posterior, com suspeita de Ependimoma, obstruindo a circulação liquórica, e volumosa hidrocefalia. A paciente deve ser:
(A) submetida à derivação ventrículo-peritoneal e, num segundo tempo, remoção da massa;
(B) submetida à drenagem ventricular externa simultaneamente à cirurgia para remoção da massa;
(C) submetida à derivação ventrículo-peritoneal e, num segundo tempo, biópsia da lesão seguida de radioterapia do nervo-eixo + quimioterapia;
(D) tratada com corticoesteróides, inicialmente, seguido de exame do líquido cefalo-raquídeo para pesquisa de células neoplásicas;
(E) submetida à drenagem ventricular externa, seguida de exame do líquido cefaloraquídeo.

29 - Criança de 10 anos apresentou paralisia do olhar conjugado vertical, para cima e para baixo, paralisia de convergência ocular, diabete insípidus e quadro de acentuado emagrecimento. Não apresentava hipertensão intracraniana por ter sido submetida à colocação do shunt ventricular em outro Serviço. As imagens por Ressonância Magnética revelaram volumoso processo expansivo ocupando todo o terceiro ventrículo, predominantemente no seu terço médio e anterior. A síndrome clínica relacionada com as alterações oftalmológicas apresentadas e a via cirúrgica que NÃO seria aconselhada para a abordagem desta lesão são:
(A) síndrome colicular inferior – abordagem transcalosa interforniceal;
(B) síndrome de Foster – Kennedy abordagem transcalosa anterior;
(C) síndrome de Parinaud – abordagem transcortical frontal transventricular;
(D) síndrome de Argyl-Robertson – via transcalosa transcoroidea;
(E) síndrome de Tolosa-Hunt- abordagem transcalosa posterior.

30 - Uma criança de 10 anos apresenta quadro clínico de hipertensão intracraniana e a RNM mostra volumosa hidrocefalia triventricular, com estenose do aqueduto de Sylvius. NÃO são pontos anatômicos de referência para a realização da terceira-ventriculostomia endoscópica as seguintes estruturas:
(A) coluna inferior do fórnix / plexo coróide;
(B) veia tálamo-estriada / infundíbulo;
(C) veia septal anterior / corpos mamilares;
(D) veia cerebral interna / tela coroidea;

(E) tuber cinéreo / veia caudada anterior.

Questões de Neurocirurgia: UNAMA


NAS QUESTÕES NUMERADAS DE 16 A 40, ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE RESPONDE CORRETAMENTE AO ENUNCIADO.

16. Um reflexo profundo encontra-se exaltado devido à (ao):
A) ausência da função inibitória periférica sobre a vida piramidal.
B) seccionamento dos cordões posteriores da medula.
C) bloqueio dos impulsos cerebelares.
D) ausência da função inibitória dos sistemas piramidal sobre os centros reflexos medulares.

17. As motricidades voluntária, automática e reflexa possuem como substrato anatomofisiológico, respectivamente, os sistemas:
A) motor-periférico, extra-piramidal e piramidal.
B) extra-piramidal, cerebelar e cordonal posterior.
C) piramidal, extra-piramidal e motor-periférico.
D) cerebelar, piramidal e motor-periférico.

18. Escápula alada ocorre por lesão do nervo:
A) Hipoglosso.
B) Glossofaríngeo.
C) Vago.
D) Espinhal.

19. A lesão do giro angular (córtex parietal), no hemisfério dominante do indivíduo, acarreta, clinicamente: Anula
A) Alexia.
B) Agnosia.
C) Afasia.
D) Adermolexia.

20. Na hipertensão intracraniana qual o compartimento que melhor contribui para a complascência, além de ser o compartimento de efetivação mais rápida, é o espaço:
A) liquório.
B) tecidual.
C) vascular.
D) ósseo.

21. O Glossofaríngeo através da inervação do músculo estilofaríngeo tem importância capital na:
A) deglutição de sólidos.
B) deglutição de líquido.
C) mastigação.
D) fonação.

22. A escoliose torácica pode simular a paralisia motora do músculo trapézio, com conseqüente queda do ombro e, na semiologia, podemos suspeitar de lesão do:
A) nervo facial.
B) VIII por perda do equilíbrio estático.
C) nervo vago.
D) nervo espinhal.

23. Um dos sinais freqüentes da liberação do sistema piramidal, no exame do tônus muscular, é o:
A) Sinal de Hoffman.
B) Sinal de Bing.
C) Sinal dos encurtadores.
D) Clono.

24. As fibras motoras do hipoglosso se originam do núcleo:
A) rubro.
B) ambíguo.
C) de Deiters.
D) coclear dorsal.

25. A inervação parassimpática do nervo facial ocorre:
A) na glândula parótida.
B) nos dois terços anteriores da língua.
C) no pavilhão auricular, região da mastóide e ouvido médio.
D) nas glândulas salivares, submaxilares e sublingual e glândula lacrimal.

26. Qual a principal complicação no TCE com energia cinética de rotação
A) Hematoma sub-dural.
B) Inchaço cerebral.
C) Lesão axonal difusa.
D) Hemorragia sub-aracnoide pós-traumática.

27. É correto afirmar que o sinal da cortina de Vernet é encontrado na paralisia:
A) Bilateral do IX e X nervos.
B) Bilateral do IX nervo.
C) Unilateral do IX nervo.
D) Bilateral do X nervo.

28. Na coluna cervical, quais as vértebras que possuem os maiores movimentos de flexão e extensão?
A) C1 e C2
B) C3 e C4
C) C5 e C6
D) C6 e C7

29. A hiperventilação no TRM, comprometendo os segmentos de C3 a C5 é devido à:
A) paralisia dos músculos intercostais.
B) perda do tônus vasomotor.
C) perda do tônus simpático.
D) paralisia do diafragma.

30. No TRM, os principais achados no choque neurogênico são:
A) Hipotensão e taquicardia.
B) Hipertensão e bradicardia.
C)Hipotensão e bradicardia.
D) Hipertensão e taquicardia.

31. Hemiplegia completa com afasia são evidências de distúrbio vascular no território da artéria:
A) comunicante anterior.
B) cerebral anterior.
C) cerebral média.
D) cerebral posterior.

32. O meningeoma da goteira olfatória pode provocar Síndrome de:
A) Watherhouse Friedrichen.
B) Claude Bernard Horner.
C) Foster Kennedy.
D) Brow Sequard.

33. O hematoma extradural temporal geralmente se deve à ruptura:
A) do seio frontal.
B) das veias corticais.
C) de aneurisma.
D) da artéria meníngea média.

34. A paralisia completa do III nervo craniano provoca:
A) Estrabismo divergente, ptose palpebral e miose.
B) Estrabismo convergente, semi-ptose palpebral e midríase.
C) Estrabismo divergente, semi-ptose palpebral e midríase.
D) Estrabismo divergente, ptose palpebral e midríase.

35. Considerando a crise epiléptica uma manifestação clínica de disfunção da atividade elétrica cerebral, podemos afirmar:
A) Sempre que ocorrer alteração da atividade elétrica cerebral vai haver crise convulsiva.
B) A crise convulsiva não é sinônimo de epilepsia.
C) Nas crises convulsivas focais pode haver perda da consciência.
D) A epilepsia não é sinônimo de crise convulsiva.

36. São sintomas de neuropatia periférica:
A) Tremor e ataxia.
B) Hipoestesia, hiporreflexia e paresia.
C) Dor e alterações vasomotoras nos membros.
D) Parestesia, clônus e distúrbio do equilíbrio.

37. A paralisia facial periférica, mais freqüente em traumatismo crânio-encefálico se deve à:
A) fratura da porção rochosa do osso temporal.
B) lesão traumática da lâmina crivosa do etimóide.
C) lesão traumática do córtex motor na projeção da face.
D) lesão traumática hemorrágica da cápsula interna.

38. Dos reflexos abaixo relacionados qual o que tem inervação puramente vagal?
A) Nauseooso.
B) Estermulatório.
C) Carotídeo.
D) Mentoniano.

39. O glioma de septo pelúdico na infância pode causar hidrocefalia, geralmente por bloqueio do:
A) Foramen de Monro.
B) Terceiro Ventrículo.
C) Aqueduto de Sylvius.
D) Quarto Ventrículo.

40. Escafocefalia é uma das formas de crâniosinostose, que se caracteriza pelo fechamento precoce das suturas:
A) Coronal.
B) Sagital.
C) Coronal e Sagital.

D) Lambdóide.