domingo, 4 de setembro de 2011

Considerações sobre 'o erro'

"Não corrigir as faltas é o mesmo

que cometer novos erros."



-A TEORIA DO CISNE PRETO



Concebida por Nassim Nicholas Taleb para explicar:




1. Um acontecimento de impacto desporporcionado ou um evento raro aparentemente inverosímil, para lá das espectativas normais históricas, científicas, financeiras ou tecnológicas.


2. A impossibilidade de calcular a probabilidade de eventos raros, porém consequentes, através de métodos científicos (dada a ínfima probabilidade da sua natureza).


3. O viés psicológico que leva uma pessoa individualmente ou coletivamente a não ver ou não querer ver a importância decisiva de determinado evento raro no desenrolar da História.



Ao contrário do conceito filosófico inicial de "problema do Cisne Preto" no qual se afirmava que todos os cisnes são brancos, algo que mais tarde se provou falso com a descoberta no século XVIII de uma raça de cisnes pretos, a Teoria do Cisne Preto refere-se apenas a eventos inesperados de grande magnitude e consequências no contexto da sua influência histórica. Tais eventos, considerados extremos atípicos, coletivamente representam um papel mais importante do que os acontecimentos normais.



-FALÁCIA



Falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.



-AUTO-ENGANO



Auto-engano é o resultado de um processo mental que faz com que um indivíduo, em um momento, aceite como verdadeira uma informação tida como falsa por ele mesmo noutro momento. Exemplo clássico desse processo é o hábito de se adiantar o próprio relógio para não chegar atrasado aos compromissos.



-VIÉS MÉDICO



Acontece quando um profissional autorizado pelo Estado a exercer a Medicina apresenta conflito de interesse.


Viés de erro cognitivo

"Que estejam limpas as portas da percepção para que


as coisas apareçam tais como são: infinitas."


Blake.

Viés é uma tendência a apresentar ou possuir uma perspectiva parcial em detrimento de outras alternativas (possivelmente igualmente válidas). Vieses podem existir de várias formas.


Em estatística, é um termo usado para expressar o erro sistemático ou tendenciosidade.


Por extensão de sentido, usa-se a palavra viés para designar qualquer comentário ou análise que seja tendenciosa, isto é, que não respeite os princípios da imparcialidade.


Um viés cognitivo é um padrão de desvio de julgamento que ocorre em situações específicas. Vieses cognitivos são um resultado comum do pensamento humano, e, frequentemente, drasticamente distorcem a confiabilidade de evidências legais e anedóticas.


Implícito no conceito de “padrão de desvio”, há um padrão de comparação; este pode ser o julgamento de pessoas fora de determinadas situações, ou um conjunto de fatos independentemente verificáveis.


Vieses cognitivos são exemplos de comportamentos mentais evoluídos. Alguns são presumivelmente adaptativos, por exemplo, pois eles guiam à ações mais efetivas em dados contextos e possibilitam decisões mais rápidas quando decisões mais rápidas são de valor maior.


Outros presumivelmente advêm de uma falta de mecanismos mentais apropriados, ou de um desvio de um mecanismo que é adaptativo sob diferentes circunstâncias.


Viés cognitivo é um termo geral que é usado para descrever muitos efeitos de observação na mente humana, alguns dos quais podem levar a uma distorção perceptiva, a um julgamento inexato, ou a uma interpretação ilógica, sendo um viés de erro cognitivo. Este é um fenômeno estudado pela ciência cognitiva.


Causa teóricas comuns de alguns vieses cognitivos: Atribuição; Dissonância cognitiva; Heurística.


São alguns viés de erro cognitvo comuns:



1. SOCIAL:



-Homogeneidade: acreditar que aqueles que se comportam de forma semelhante pertencem ao grupo e são melhores que os demais. Fato comum neste tipo de erro consiste em acreditar que o extra-grupo, o diferente é inferior. Ou seja, durante o pensamento de grupo, membros do mesmo evitam promover pontos de vista fora da zona de conforto do pensamento consensual.



-Efeito halo: acreditar que por uma pessoa ser bela e bem vestida, a mesma será eficiente, as qualidades da beleza são atribuídas a outras características que o individuo pode não possuir. Fato mais comum neste tipo de erro consiste em acreditar que o sujeito belo será eficiente em todos os aspectos. Acaba por resultar em muitas cobranças para os belos inclusive.



-Efeito Dunning-Kruger: Um viés duplo; Por um lado a falta de habilidade metacognitiva ilude as pessoas, que superestimam suas próprias capacidades; por outro lado, pessoas habilidosas subestimam suas habilidades enquanto presumem que outras pessoas têm uma compreensão similar.



-Efeito Forer (também conhecido como efeito Barnum): a tendência de dar altos níveis de precisão a descrições de personalidades que supostamente foram adaptadas ao observador, mas são na verdade vagas e gerais o suficiente para se aplicar a uma grande gama de pessoas. Por exemplo, horóscopos.



-Projeção: a tendência de inconscientemente presumir que as outras pessoas compartilham dos mesmos estados emocionais, pensamentos e valores atuais próprios.



-Viés da autoconveniência: a tendência de reivindicar mais responsabilidade pelos sucessos do que pelas falhas. Este viés também pode se manifestar como a tendência de avaliar informações ambíguas de uma forma benéfica a interesses próprios.



2. MEMÓRIA


(Seletiva: indiferente/negativo/boa)



-Confabulação: é a confusão da imaginação com a memória, ou a confusão entre memórias verdadeiras e falsas.



-Sugestionabilidade: é a qualidade de estar disposto a aceitar e agir de acordo com a sugestão de outras pessoas.



3. DECISÃO



-Tendência de confirmação: a tendência do observador de procurar ou interpretar informações de forma que estas confirmem pré-concepções próprias.



-Negatividade: tomar decisão baseando-se apenas em fatos negativos, que deram errado. Tal tendência é comum, pois como o medo protege o sujeito, o mesmo tende a lembrar de situações ameaçadoras que o auxiliaram a preservar a espécie, em uma espécie de seleção natural para o medo.



4. CRENÇA OU PROBABILIDADE



-Heurística da disponibilidade: descobrir e inventar ou resolver problemas mediante a criatividade e o pensamento lateral ou pensamento divergente, caindo no erro de atalhos de processamento de informação que levam a conclusão equivocada.



-Estereotipagem: esperar que o membro de um grupo tenha certas características sem ter informações reais sobre esse indivíduo.



-Pareidolia — a tendência de perceber um estímulo vago e randômico (geralmente uma imagem ou um som) como algo significativo, por exemplo, ver imagens de animais ou faces em nuvens.´



CONSIDERAÇÕES FINAIS:



É comum atualmente o uso do viés de erro para atingir o sucesso, usando de técnicas para induzir o erro do outro formando uma imagem que não corresponde ao real.



Mas no decorrer da temporalidade, as vieses tendem a cair e a realidade aparece.



O que recorda o dito das Minas Gerais: "Para conhecer alguém é preciso comer 60 kilos de sal junto".


Adorei essa...


Conto: A Gripe

"O difícil não é aprofundar na solidão;

É dela sair com a vida entre os dentes."

Anibal Machado


Ela abriu a caixa de correio eletrônico e lá estava:


“Respirar? Nem sei o que é isso... e parece brincadeira, pois só de não te ver mais eu já peguei um resfriado... os primeiros dias de abstinência estão me matando...”


Ela interrompeu a leitura e começou a devanear acerca do que lera: O resfriado é um estado gripal, que incide muito frequentemente quando há alterações imunológicas, com queda da capacidade de defesa do indivíduo.


A influenza ou gripe é uma doença infecciosa aguda de origem viral que acomete o trato respiratório e a cada inverno atinge mais de 100 milhões de pessoas.


O agente etiológico é o Myxovirus influenzae, ou vírus da gripe. Este subdivide-se nos tipos A, B e C, sendo que apenas os do tipo A e B apresentam relevância clínica em humanos.


O vírus influenza apresenta altas taxas de mutação, o que resulta freqüentemente na inserção de novas variantes virais na comunidade, para as quais a população não apresenta imunidade. São poucas as opções disponíveis para o controle da influenza.


Sim, talvez as palavras dele tivessem sentido, pois uma dos fatores causais e desencadeante de imunossupressão consiste em alterações emocionais, das quais o estresse é a mais freqüente, podendo existir outras.


Ela lembrou-se então do trecho intitulado 'A Lenda da Gripe', em que Aníbal Machado narra:


“Essa chuvinha fria, chuva abstrata, chuva de vazio que tanto cai no íntimo de nosso ser como nas ramificações mais distante; esse ressecamento moral, espasmo do espírito e ardor de mucosas; essa desmoralização súbita, vaia fininha de cruel e invisível platéia – quem disse que a gripe é doença?


Estado de alma, sim. Variação cíclica de nosso ser profundo numa febre de atividade que nada tem a ver com a que se inscreve nos termômetros.


Seu propósito evidente é a nossa reforma interior, tanto assim que manda logo a chuvinha, tão desagradável a principio, visando apenas ao nosso desmonte.


Tudo que é sujeira, ganga ou formação aluvionária vai-se desprendendo e caindo. São os trabalhos preliminares. Mesmo que depois disso o nosso diamante íntimo se recuse a fulgurar (e talvez não fulgure nunca!), pelo menos estamos limpos da ferrugem pessoal e prontas as nossas antenas à apreensão do que nos foge sempre em épocas habituais.


É nesse momento que um vulto costuma entrar com uma lâmpada que deixa colocada à nossa cabeceira. Ninguém se iluda: é o enviado da gripe, o cartógrafo! O mesmo que serviu à nossa infância nas diversas febres em que ela ardeu e progrediu em lucidez.


Esse cartógrafo, sempre rejuvenescido, inclina-se para nós e, à luz da lâmpada, desdobra o seu mapa mágico, com a presença real, posto que em miniatura, de uma porção de seres e coisas do Universo. E assim se deixam ver: na água, os peixes e navios; na terra, as árvores e cidades. E ainda se descobre nos horizontes contraídos em escala liliputiana o que fazem os homens e mulheres, o que dizem, o que cantam e brincam. Tal o poder da lâmpada.


Mesmo depois de ausentar-se, a gripe no-la confiar por algum tempo. E finalmente a retira. Quando não é a própria lâmpada que se apaga e desaparece, por incompatível com a luz prosaica.


Privados dela, chegamos à porta onde recebemos o primeiro choque: O mundo! O mesmo de sempre, ilustração pungente de um erro milenário... o mundo com suas ruas e veículos, as mesmas figuras repetindo hábitos e gestos, incapazes de se darem conta do que podem.


Nessa hora, ou a gente larga para sempre a casa e vai providenciar a transformação do mundo, o que não é obra de um homem só e convalescente; ou entra para reclamara a lâmpada a que se tem direito mediante a nova recaída.


Se, porem, a gripe volta sem a lâmpada e o cartógrafo, é porque a doença já foi revertida à rotina e vai prosseguir sem transcendência...”


A lenda a fazia lembrar que a doença infantiliza, retira a pessoa do mundo adulto, fragiliza sua vítima transformando-a em criança que precisa de cuidados, precisa do retorno da pessoa amada.


Ela voltou a se encantar com o autor do recado, sua gripe era transcendental, com direito a lâmpada e cartógrafo.


Ela, porém apesar de sua face jovial, já perdera a lâmpada e o cartógrafo havia muito tempo. Há pouco tempo atrás tivera uma pneumonia e continuou a trabalhar como se a dor fosse apenas mais uma parte do corpo.


Pensou em responder ao email, mas logo desistiu e o apagou, pensando: “As gripes e as paixões costumam atingir a cura em sete dias com ou sem uso de medicação sintomática.”


O leitor pode se perguntar: Mas e a ‘Gripe Espanhola’?


Esse tipo de gripe é tão rara quanto o amor, se rompe a chama não há mais remédio.


Se fosse esse o caso, ele estaria condenado.