sábado, 4 de abril de 2009

Técnica Cirúrgica

"O cirurgião deve ter olhos de águia,
mãos de dama e coração de leão."
Moynhan

A palavra técnica se origina do grego techné cuja tradução é arte, consiste o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo obter um determinado resultado, independente do campo de estudo em que se desenvolva. Apesar de ser considerada como reprodutibilidade com o decorrer das eras, a técnica necessita de talentos como a criatividade para adequação aos casos singulares, a capacidade de improvisação é outro fator essencial. Surge da relação do ser humano com o meio e se caracteriza por ser consciente, reflexiva, inventiva e fundamentalmente individual. O sujeito a aprende e a faz progredir.

O termo cirurgia significa etimologicamente "obra de mãos". É a parte terapêutica do tratamento mecânico das doenças. Serve para curar sintomas e diagnosticar funcionando como auxílio diagnóstico em procedimentos que vão desde biópsias até a exposição arterial para a infusão de contrastes. Alivia sintomas como os de dor em casos de cordotomia, podendo utilizar-se de procedimentos cruentos ou incruentos.

É uma das formas de tratamento mais primitivas segundo achados antropológicos que descrevem trepanações. A prova de exito das trepanações é a existência de mais de um achado por crânio.

O desenvolvimento da cirurgia no decorrer da linha histórica, tem um marco, supostamente inicial significativo com os povos hindus, que drenavam abcessos, suturavam, operavam hérnias, catarata, retiravam pedras da bexiga por intermédio da litotomia. Havia inclusive o campo reparador de rinosplastia desenvolvido, pois os adúlteros na índia eram punidos de acordo com o Código de Manu com a amputação do nariz. Os hindus não faziam ligações de vasos em suas cirurgias e as técnicas empregadas por eles como cauterização com ferro quente e óleo fervente foram levadas por árabes para o continente europeu e utilizadas em feridos de guerra durantes longos séculos.

Na Grécia e Roma antigas a prática era familiar se tratando de um segredo passado por gerações o que fez com que a técnica cirurgica se aperfeiçoasse, mas não progredisse muito em tal período.

Uma marca significativa da cirurgia é sua simplicidade, o aprendizado empírirco que fez com que a mesma fosse classificada como mais um trabalho artesanal, manual, sem valor de sabedoria. Existiam os médicos que eram sábios, vividos e davam conselhos e receitavam elixires e os barbeiros cirurgiões que faziam tratamentos aprendidos e passados por prática. Devido a alta algia dos procedimentos cirúrgicos antes da descoberta da anestesia e considerando as condições precárias de higiêne, era utilizada como último recurso, recurso temido devido as altas taxas de mortalidade por parte daqueles que eram a ela submetidos.

A cirurgia só mudou o seu estatus quando em 1743 foi criada a "Real Acadêmia de Cirurgia" na França. Foi então que difundiu-se a idéia de que para operar, não basta ser hábil, tem-se que possuir embasamento teórico de anatomia, patologia e fisiologia, dentre outros.

Só a partir da segunda metade do século dezenove foi exigido curso para efetuar cirurgias, o que equiparou a cirurgia aos demais ramos da medicina.

A técnica cirúrgica tem dois grandes marcos desde sua consolidação. São eles: a anestesia e a assepsia. Posteriormente a cirurgia teve um avanço assombroso.

Antes da descoberta da anestesia as práticas eram realizadas com drogas que possuiam ação anestésica, como o álcool, ou mesmo com práticas de hipnose. Com a descoberta do óxido nitroso conhecido como gás hilariante o problema da algesia absurda durante a efetuação do procedimento ficou resolvido.

Com as descobertas de Pasteur e as medidas assepticas, o índice de mortalidade pós-operatória reduziu-se significativamente. A técnica asséptica se generalizou após os trabalhos de Semmelweiss e Lister que criaram um novo conceito de sala de operação após perceberem que a grande prevalência de febre puerperal das pacientes que haviam sido atendidas por alunos que saiam da sala de autópsia e dissecação sem lavar as mãos. A determinação de que as mãos deviam ser lavadas e as salas limpas com cloreto de cálcio revolucionaram a eficiência do procedimento cirúrgico.

A técnica se aperfeiçoou, e surgiu novo conceito de sala de operação, de vestimentas dos profissionais...

Mediante as formatações do procedimento visando a universalidade e o carater científico, existe algo singular referente a cada procedimento o que o torna único e permite o emprego de táticas próprias e individualizadas.

Técnica cirurgica pode ser definida como "a maneira de fazer operações seguindo tempos padronizados".

Pode ser classificada segundo o resultado como curativa ou paliativa; Segundo: a duração do efeito definitivo ou temporário; O método como cruento ou incruento; O momento de urgência, emergência ou ainda eletiva. O tempo 1, 2 ou mais. A contaminação: séptica ou asséptica. A região corpórea; A especialidade;

Com a adoção de medidas assépticas a cirurgia valoriza atos simples e cotidiano como lavar as mãos e evidência que a medicina é formada primordialmente do que é simples para a existência. Permite dar ênfase a atos como lavar as mãos, organizando, sistematizando, criando ciência a partir do rotineiro, do útli ao humano. Ensina o profissional a se atentar para o que passa despercebido: ao detalhe, que é o que torna a vida permeada de sentido, de sentimentos de gratidão pelo prazer da efêmera existência.

Para cortar as carnes de um semelhante é preciso apenas um objeto de corte, para ser cirurgião tem-se que possuir formação moral e intelectual e preparo científico. É preciso ter ideais nobres que sustentem a coragem de um procedimento doloroso sabendo que as causas e que a melhora que virão a posteriori fazem com que o procedimento seja humano e eficaz. A cirurgia é algo dramático e espetacular, é a luz em meio as trevas que se torna ainda mais clara graças a escuridão.

Mesmo com a auréola de herói o cirurgião deve cuidar para não sucumbir a vaidade, pois o cirurgião não pode abandonar a virtude da modéstia que envolve o caráter científico daquele que trabalha não para o próprio sustento, mas para a alegria e saúde do ser e para o progresso da humanidade.

O cirurgião completo deve possuir qualidades profissionais, morais e sociais. No ambito profissional precisa de habilidade manual, e conhecimento anatomo fisiológico; No moral: equilíbrio, serenidade, coragem, decisão e firmeza.

Em verdade, a operação começa bem antes do centro cirúrgico, e não está restrita ao ato operatório. Engloba o pré, o pós-operatório, a alma do paciente.

Compreende o pré operatório, a assepcia, a anestesia, a diérese, a operação propriamente dita, a hemostasia, a síntese e o pós-operatório. Mas acima de tudo, está para além dos momentos do ato; Compreende "o outro".

3 comentários:

  1. Uma linda História....
    Mais bonita é a história de amor que vc está criando com essa história...
    Rsrsrsrs....
    Adorei!!
    Bjos May

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  2. Olá minha querida!
    Através desta postagem pode se afirmar que os médicos cirurgiões são portadores de dons elevados pela necessidades de leveza para realizar uma cirurgia.Isso não é mera ilustração, o destino de cada um deve estar submetido a cumprir a missão que lhe foi designado e para que seja realizada a contento o profissional deve estar cheio do Espírito santo em sua essência.
    Beijos
    Mamãe

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  3. Parabens pleo blog. Parabéns pelo entusiasmo.
    A cirurgia é arte e ciência. Votos de sucesso.
    Raimundo Junior
    Prof. de Técnica Cirúrgica do Curso de Medicina da UFPI

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