sexta-feira, 4 de junho de 2010

História e saúde no sul de Minas Gerais


“Ne quid falsi audeat, ne quid veri non audeat.” – Leão III


Nenhum município do Brasil teve uma monografia tão completa e tão exata como a cidade de Itajubá. Tal feito se deve a Armelim Guimarães, que mesmo tendo redigido a obra completa da história de Itajubá, não conseguiu publicá-la na integra, pois, segundo o parecer de número quarenta e três de primeiro de abril de mil novecentos e setenta o trabalho apresentado era excessivamente volumoso.

Nas palavras do próprio autor: “Causa espécie o descaso e a apatia com que nossa gente brasileira, em grande maioria, cuida das coisas e dos acontecimentos do passado! Na Europa, e entre outros povos adiantados, tal não ocorre. Veja-se só como os ingleses encaram, como sagradas deuteroses, as suas tradições. Assemelhamo-nos aos bugres, que nada registram e nada sabem de seus ancestrais. Augusto Comte, que asseverava que ‘os vivos são sempre, e cada vez mais, governados pelos mortos’, era porque reconhecia a imensa e prodiga lição que o pretérito nos dá. ‘L’Histoire n’est pás um problème; c’est une leçon’ – lembra Sacy. ‘Beijemos a mão do passado que é velho; a velhice é uma realeza’ – Tobias Barreto, Discursos em Obras Completas. E a realeza que só aos inscientes e frígidos caberia preterir. ‘Devemos viver a vida andando para frente, mas só podemos compreender a vida voltando para trás’ – Soren Kierkegaard , História, número oito, página sete. ‘O presente foge diante de nós como uma sombra ligeira. Só o passado nos pertence, nele é que verdadeiramente vivemos. No passado se encontram as raízes de nossas afeições; Dele procedem as luzes de nosso espírito; dele correm as fontes da sabedoria que nos é dado alcançar na terra.’ – Lúcio José dos Santos, a Inconfidência Mineira, página vinte e três.”

O autor ao realizar o levantamento histórico do município escreveu sobre os mais diversos temas que se relacionam à história da cidade, temas que vão desde o descobrimento da região, até o povoamento. Descritivo também ao contar a história do cemitério, da capela, da história da saúde pública da região, bem como tratar da fundação dos hospitais e postos de atendimento.

Relata acerca da chegada dos primeiros médicos, farmacêuticos e dentistas.

Trata de algumas epidemias importantes marcaram não só a história regional, mas, atingiram proporções nacionais. Essas epidemias tiveram vários nomes, o que levou Machado de Assis a denominá-las de: ‘pseudônimos com que a morte despovoa a cidade’. (Crônicas, terceiro volume, página duzentos e cinqüenta e três).

Esses acontecimentos ditaram a conduta na cidade no ano de 1855, como por exemplo, determinando que a sepultura do morto pelo mal (cólera-morbo), tivesse dez palmos de profundidade.

Quando em 1867 veio o surto epidêmico de varíola, improvisou-se inclusive um cemitério no pasto da saída para cachoeira onde foram inumados centenas de ‘bexiguentos’.

São pequenos detalhes históricos que acabam se tornando causa de inúmeros outros processos que interferem de forma direta, e, até na atualidade, no desenvolvimento urbano da região.

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