não voltará para mim vazia." - Is. 55:11
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Desde o princípio dos tempos o ser humano procura ordálios, jogos de azar, atribuindo a eles um agente sobrenatural controlador, preditivos da vontade divina. Tais práticas existentes na antiga Israel são citadas na Bíblia, logo, existiam:
1. José tinha uma taça pela qual adivinhava, observadno as formas assumidas pelos edimentos do vinho (Gn 44:5).
2. Gideão pediu e exigiu o sinal do novelo seco no chão úmido e do novelo úmidpo no chão seco (Jz 6:36).
3. Davi ouviu o estrondo da marcha de um exército invisível pelas copas das amoreiras (IISm 5:24).
4. Urim e Tumim eram instrumentos de advinhação oficialmente usados no sacerdócio.
5. Quando Deus não responde a Saul em sonho, nem em Urim, nem por profetas, o rei recorreu à necromante Endor (Lv 8:8; Nm 27:21; I Sm 28:6; Ed 2:63).
6. Em Deuteronômios lê-se: "Não se achará em ti... nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoreiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor" (Dt 18: 10-12).
Tais práticas eram familiares em Israel até no período profético, mas eram expressamente repudiadas pelos profetas como estranhas ao gênero e espírito de sua religião.
O termo profeta pode significar 'pessoa que é capaz de predizer acontecimentos futuros'; ou ainda uma pessoa que fala por inspiração divina em nome de Deus.
Aos falsos profetas aplicava-se a pena de morte, na Lei Moisaica.
O livro do Antigo Testamento, revela antes de serem comumente chamados profetas, tais pessoas eram chamados de videntes. (I Samuel 9:9) É um nome sugestivo que descrevia as pessoas a quem Deus revelava os acontecimentos futuros, por meios de sonhos, visões ou aparições de anjos. Eram escolhidos por Deus e tinham enorme autoridade religiosa e influência. Normalmente, eles eram tidos como conselheiros e instrutores da Lei de Deus.
O profeta é uma figura chave em muitas religiões: judaísmo, cristianismo, islamismo, fé bahá'í e outras.
Para o judaísmo e para o cristianismo, há vários profetas, conforme o Antigo Testamento (AT) e o Novo Testamento.
Segundo o conceito do cristianismo, o profeta é porta voz de Deus nas horas de crise moral, apontando o caminho. A matéria prima de seu trabalho é a palavra. E o profeta profere: "Este é o caminho, andai nele" (Is 30:21). O profeta não tem saber secreto e habilidade divinatória. Ele só pode falar quando Deus lhe dá uma palavra e não pode deixar de falar quando Deus manda.
A Bíblia reconhece a profecia como um meio de comunicação divina: “Deus falou aos homens.” (Hb.1:1) e estes se tornaram comunicadores da vontade revelada de Javé. Quando Deus quer falar ao homem Ele usa o profeta.
Quando o homem quer se aproximar de Deus, ele usa o Sacerdote.
No AT três palavras são usadas para definir o profeta:
1. VIDENTE (roeh ou hozen): pessoa com capacidade de perceber as coisas do ponto de vista de Deus. O termo ro'eh pode ser traduzido por adivinho. Hosen significa "O que vê e tem percepção sobrenatural" (Ex 24:9-11), seja por visão, audição...
2. Homem de Deus: apto e separado para transmitir os oráculos de Deus.
3. Profeta: do hebraico 'Nabbi' (proclamador). Do grego profetes.
Até Samuel, os profetas foram chamados de 'videntes’ ( Hebr. Roeh, I Sm.9:9 ou Hozen, II Sm.24:11).
Na Bíblia, a revelação profética se dá de duas formas:
REVELAÇÃO MEDIATA: sonhos, visões, urim.
REVELAÇÃO IMEDIATA: inspiração da palavra.
Em geral, os profetas possuem duas características, dependendo do contexto (II Sm 24:11). As visões do vidente não lhe vinham apenas em sonhos durante o sono, mas também na 'visão interior' do transe estático. o que é exemplificado por Balaão (Nm 24:3-4, 15-17): "O homem de olhos abertos que tem a visão do Todo Poderoso".
A literatura profética pode ser dividida de várias maneiras.
Segundo o cristianismo os profetas são divididos em maiores e menores de acordo com análise quantitativa de seus escritos. Sendo, profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel. E, os doze menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias, cabendo observar que o Livro de Baruc, que é relacionado entre os livros proféticos na Septuaginta, nas Bíblia adotadas pela Igreja Católica e pelas Igrejas Ortodoxas, é Deuterocanônico, ou seja, não constam na Bíblia Hebraica e não são aceitos pelas Igrejas que adotam a Bíblis proposta por Lutero.
Por sua vez, a Bíblia Hebraica agrupa os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel e os dos doze profetas sob o título de "Profetas Posteriores" e os coloca após os "Profetas Anteriores": (Josué, Juízes, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis), enquanto que a Septuaginta (tradução do AT para o grego koiné, cuja a estrutura é utilizada por maior parte das Igrejas Cristãs) apresenta os livros proféticos depois dos Livros históricos, destacando-se que a Bíblia Hebraica não incluí o Lamentações e Daniel entre os "Profetas Posteriores", mas entre os "Escritos".
A história é para os profetas uma área de livre e intencional vontade de Javé. O bem e o mal não são pré-determinados nem sobrevém por acaso.
O profeta com a palavra de Javé que lhe foi dada põe em movimento os processos da história, situação exemplificada por Jeremias, quando o mesmo colocava as pedras que haviam de ser o alicerce sobre o qual o trono de um futuro conquistador seria erguido: “então veio a palavra do Senhor a Jeremias em Tafnes dizendo: Toma contigo pedras grandes, encaixa-as na argamassa do pavimento que está à entrada da casa de faraó em Tafnes, á vista de homens judeus” Jr 43:8-9.
Profetas, no contexto bíblico são homens escolhidos por Deus como intermediários da ação de Deus na história, não apenas como adoradores, mas como o eco das palavras do Criador no coração dos homens.
A difícil missão dos profetas consistia em conferir esperança em tempos difíceis e manter o povo na retidão lembrando as agruras da condição humana nos tempos de prosperidade. O que pode ser constatado nos trechos selecionados: Esperança - “paz, paz quando não há paz” Jr 6:14. Mostrando o que estava torto e passando o prumo – “Põe em ordem a tua casa porque morrerás e não viverás” (Is 38:1).
O profeta exerce um papel diplomático no que tange ao equilíbrio social. Devido à confiança nos desígnios de Deus, enfrentaram ousadamente o poder dos reis, os anátemas dos sacerdotes e a fúria.
Os autênticos profetas consistem em uma sucessão de homens incorruptíveis, chamados hereges e traidores por seus contemporâneos.
Corriam constante perigo e alguns deles não escaparam com vida. Jesus menciona que Jerusalém: “matas os profetas, e apedrejas os que te foram enviados”. Mt.23:37.
Os profetas, de um modo geral, têm um perfil similar no que se refere ao fato de terem se levantado junto ao povo, de serem destemidos, vigilantes e comedidos no falar.
Homens preocupados com as condições sociais e as questões públicas, denotando que por trás da crise social, econômica ou de segurança nacional, encontra-se uma crise espiritual prévia.
O profeta não consistia em mero preditor do futuro, ele cria o futuro falando com Deus. A palavra do profeta é perigosa porque ela tem a capacidade de moldar o futuro. Está de acordo com o pensamento hebraico da criação pela palavra.
São formas literárias utilizadas na profecia: parábolas (Is 5:1-2), alegoria (Os. 12:10), elegias (Is 1;21-23), lamento (Am 5:1-3), cantiga de desdém (Is 37: 22-29), orações (Jr 14: 7-9 , Jn. 2:2-9), epístolas (Jr 29), discurso sapiencial ( Is 28; 23-29), atos simbólicos ( Is 20: 1-6, Ez 5:1-4), sarcasmos ( Is 22:17-18), visões ( Jer.1:11-13 , Am.7:1-9), hinos ( Is. 12:1-6 ).
O mais belo na literatura profética é que delineia indivíduos comprometidos com o próximo que não perderam o elã pelo justo, pela retidão. Profetas são o prumo.
Funcionam como cordas de uma lira, pois apesar da condição de criatura que precisa se religar ao Criador vibram em harmonia com as palavras do criador para contribuir para com a justiça entre os homens.
Gostei da sua postagem. Quero comentar algumas coisas. A palavra hebraica nabî (profeta) aponta na direção daquele que chama, fala, anuncia ou aquele que é chamado. Há que se ter atenção para o fato de que a compreensão dos termos “profeta” e “profecia” precisa ser bem avaliada. Uma vez que o português corrente costuma dar uma característica de “predição de futuro” à palavra profética, corre-se o risco de se entender sempre assim. Na verdade, os profetas bíblicos se preocupavam, sim, com o futuro, mas de modo bastante reduzido. Contudo, a sua preocupação está mais pautada no presente. Abraços e Boas Festas!!
ResponderExcluirOi Altamir,
ResponderExcluiragradeço o comentário do eterno e querido professor.
Considero que na atualidade os conceitos teológicos estão muito distantes da realidade popular (dos questionamentos dos indivíduos).
E muitos dos que me procuram com dúvidas a se espantam muito quando eu cito alguns dos trechos acima. A realidade da antiga Israel se faz desconhecida hoje uma vez que as pregações em sua maioria estão mais voltadas ao NT.
Particularmente, acredito na inspiração divina como única fonte das verdadeiras profecias.
Os profetas ao analisarem o passado, poderiam cantar: "Eu vejo o futuro repetindo o passado, um museu de grandes novidades..."
Certamente que o grande valor dos mesmos está no presente, pois funcionam como agentes transformadores da realidade.
Enfrentar o mundo não é fácil, a coragem e o modus operandi deles tem suas origens em uma força sobre humana, ou melhor, divina.