quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ezequiel - Deus Fortalece

“Estão próximos os dias, e o cumprimento de toda a visão.”

Ezequiel 12:23



O profeta Ezequiel era sacerdote, casado, e perdeu a esposa um pouco antes da queda de Jerusalém em 587 a.C. Exerceu o seu ministério até 571 a.C. Acompanhou o povo de Judá na fase mais crítica da sua história, quando Jerusalém caiu sob Nabucodonosor. O livro de Ezequiel tem quatro partes, sendo:


Primeira: (cap. 4-24), onde censura os judeus antes da queda de Jerusalém por causa dos seus pecados;


Segunda: (cap. 25-32), que contém oráculos contra os povos estrangeiros que oprimiram os hebreus;


Terceira: (cap. 33-39), consola o povo durante e após o cerco de Jerusalém, prometendo-lhe tempos melhores;


Quarta: (40-48), descreve a nova cidade e o novo Templo após a volta do exílio.


O livro de Ezequiel traz apenas alguns detalhes a respeito do próprio Ezequiel. Seu nome é citado apenas duas vezes em todo o livro: 2:3 e 24:24. Ezequiel é um pastor, filho de Buzi (“meu desprezo”), e seu nome significa “Deus fortalece”. Ele foi um dos israelitas exilados, que se estabeleceram em Tel-Abibe, junto ao rio Quebar, na terra dos Caldeus. Este lugar não é o mesmo da moderna cidade de Tel Aviv, apesar do nome parecido. Provavelmente Ezequiel foi levado cativo junto de Joaquim (1:2; II Reis 24:14-16) por volta de 597 a.C.


O “Livro de Ezequiel” foi escrito para os israelitas que viviam no cativeiro babilônico. Antes do exílio era costume do povo adorar a Deus no templo de Jerusalém. O exílio trouxe importantes questões teológicas: Deus os ouviria fora do templo? Ezequiel responde a esta questão. Primeiro explica que o exílio de Israel era uma punição pela desobediência e oferece esperança aos exilados, sugerindo que o exílio teria fim assim que Israel retornasse à Deus.


Diferentemente de seus ancestrais, que foram feitos escravos e marginalizados socialmente enquanto estiveram no exílio egípcio, os judeus contemporâneos de Ezequiel podiam participar da sociedade em que se encontravam. Os israelitas haviam sido advertidos por Jeremias a não adorar a nenhum dos deuses locais, mas Jeremias permitira que participassem da cultura babilônica. E assim realmente o fizeram, tendo sido freqüentemente chamados pelos babilônicos para completar projetos usando suas habilidades de artesãos. Ao contrário de outros inimigos, os babilônicos permitiram aos judeus permanecessem em pequenos grupos. Enquanto mantinham sua religião e sua identidade como nação muitos deles começaram a estabelecer sua vida no exílio. Assim, construíram casas e estabeleceram pontos comerciais, demonstrando que estavam se preparando para uma longa permanência naquele lugar.


O conforto cada vez maior na Babilônia ajuda a explicar a decisão de tantos judeus em não voltar para a sua própria terra. Aqueles que já nasceram em solo babilônico nada conheciam sobre a terra de seus pais, então, quando surgiu a oportunidade de recobrarem a terra que lhes havia sido tomada, muitos decidiram permanecer na Babilônia que já conheciam. Este grande grupo é conhecido como a mais antiga Diáspora na Pérsia.


O primeiro capítulo do Livro de Ezequiel é uma descrição da visão que teve Ezequiel com o Senhor, que apareceu a ele em uma tempestade, a partir da qual também viu quatro criaturas viventes, cada uma com quatro faces e quatro asas. Além dos seres viventes Ezequiel também descreve em detalhes quatro rodas brilhantes e cheias de olhos, que se moviam de acordo com os seres viventes. Após esta introdução encontram-se três seções distintas:


Primeiro: Julgamento de Israel – Ezequiel faz uma série de denúncias contra o povo judeu, alertando-os sobre a certa destruição de Jerusalém, ao contrário do que diziam os falsos profetas. Os atos simbólicos pelos quais as fronteiras de Jerusalém seriam reduzidas, descritos nos capítulos 4 e 5, demonstram seu íntimo conhecimento a respeito da legislação Levítica.


Segundo: Profecias contra várias nações vizinhas - contra os Amonitas, contra os Moabitas, contra os Edomitas, contra os Filisteus, contra Tiro e contra Sidom.


Terceiro: Profecias entregues após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor II - o triunfo de Israel e do Reindo de Deus na terra; Tempos messiânicos e o estabelecimento da prosperidade do Reino de Deus.


Ezequiel dedica grande parte do tempo predizendo a restauração de Israel como nação e para Deus. Enquanto Ezequiel escrevia, os judeus estavam em cativeiro e sua nação, Judá, havia sido destruída pelo Rei Nabucodonosor. Deste modo, as profecias de Ezequiel garantiam aos judeus de que, apesar de estarem exilados e debaixo de humilhação, eles voltariam para sua terra permanentemente.


O capítulo 36 fala acerca do retorno à terra e da prosperidade do novo país. O capítulo 37 contém a visão do “Vale de ossos secos”, onde Deus promete restaurar a vida a Israel. Finalmente no capítulo, uma promessa é feita em que Israel seria unido como uma nação e estabelecido para sempre.


Os capítulos 38 e 39 predizem uma invasão que iria ocorrer após o retorno dos judeus para sua terra, chamada “Batalha de Gogue e Magogue”, onde Deus iria intervir diretamente para proteger Israel de seus inimigos.


O cristianismo vê Ezequiel como um profeta, e o judaismo considera o seu livro como parte de seu cânone, considerando-o o terceiro dos principais profetas. O islamismo fala de um profeta chamado Dhul-Kifl, que costuma ser associado com Ezequiel. Exerceu sua atividade entre os anos 593 a 571 a.C. Diz-se que fundou uma escola de profetas e que ensinava a Lei à beira do Rio Kebar que corta a cidade de Babilônia.


São curiosas as visões que o profeta teve sobre a glória de Deus e os sinais que aconteceram em sua própria vida demonstrando a ação de Deus são fortes e marcantes. Segundo o profeta, a sociedade sofria de doença crônica e incurável, pois havia abandonado o projeto de Javé em troca de uma vida luxuosa e fascinante. Por isso, Ezequiel vê o próprio Deus deixando o Templo (11:22-24) e largando os rebeldes ao bel-prazer dos amantes. Isso era causa de sofrimento para o profeta, mas não de desânimo e desespero. Para ele, o futuro seria de ressurreição (caps. 36-37) e novidade radical.


Com sua linguagem simbólica, Ezequiel indicava os passos para a construção do mundo novo: Assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação. Compreender que a simples reforma de um sistema corrompido não gera nenhuma sociedade nova; apenas reanima o velho sistema que, cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios. Converter-se a Javé, assumindo o seu projeto; e, a partir daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida.


Com esse programa profético, vislumbrava-se um futuro novo: Deus voltaria para o meio de seu povo (43:1-7), provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova. Aí todos poderiam participar igualmente dos bens e decisões que constroem a relação social a partir da justiça. Desse modo, todos poderiam reconhecer que a partir desse dia, o nome da cidade seria: Javé está aí (48:35).


A doutrina deste profeta tem por núcleo a renovação interior: é preciso criar para si um coração novo e um espírito novo (18:31); ou ainda, o próprio Deus dará "outro" coração, um coração "novo", e infudirá no homem um espírito "novo" (11:19; 36:26).


Uma curiosidade acerca de Ezequiel é que ele é o único além de Jesus que foi chamado de filho do homem.


Ezequiel dá origem à corrente apocalíptica, suas grandiosas visões antecipam as de Daniel e as do autor de Apocalipse.


Tanto na Bíblia Cristão como na Bíblia Judaica, o Livro de Ezequiel, escrito pelo profeta Ezequiel, encontra-se em terceiro lugar entre os grandes profetas, logo após Isaías e Jeremias. Crê-se que o Livro de Ezequiel não tenha sido escrito de uma só vez, pois, existem diversas passagens que quebram a unidade e outras que surgem em duplicado.


Destaca-se a existência de diversos gêneros literários tais como o descritivo, a prosa e a poesia. São também de referir os diversos processos literários usados, nomeadamente as visões, ações simbólicas, parábolas e alegorias.


São temas do livro: a culpa do povo de Judá pelas faltas cometidas; a justiça de Deus que irá castigar Israel; o assédio de Jerusalém, a tomada da cidade com a destruição do Templo e a deportação para o cativeiro na Babilônia. Apresenta diversos pormenores que lhe são muito próprios, tais como a história de Israel relativamente à sua infidelidade para com Deus, a observância estrita da Lei Levítica, a presença permanente de Deus junto do Seu povo. De referir também a apocalíptica de Ezequiel que em muito veio influenciar o judaísmo posterior e o próprio Novo Testamento. A profecia sobre Gog que descreve os últimos tempos e a vitória final de Deus sobre todos os inimigos.


O Livro de Ezequiel pode resumir-se em cinco partes principais: Vocação para o Profetismo; Oráculos de Ameaças contra Judá e Jerusalém; Oráculos contra as Nações; Oráculos de Salvação para Israel; O Novo Reino de Deus.


Ezequiel foi originalmente escrito nos 22 anos compreendidos entre 593 e 571 a.C. :


































































Datas do Livro de Ezequiel


Evento


Referência


Data


Visão dos quatro seres viventes


1:1-3


593 a.C.


Chamado para ser um atalaia


3:16


593 a.C.


Visão do Templo


8:1


592 a.C.


Encontro com os anciãos de Israel


20:1


591 a.C.


Segunda batalha de Jerusalém


24:1


589 a.C.


Julgamento de Tiro


26:1


587 a.C.


Julgamento do Egito


29:1


588 a.C.


Julgamento do Egito


29:17


571 a.C.


Julgamento do Egito


30:20


587 a.C.


Julgamento do Egito


31:1


587 a.C.


Lamentação sobre Faraó


32:1


586 a.C.


Lamentação sobre o Egito


32:17


586 a.C.


Queda de Jerusalém


33:21


586 a.C.


Visão do Novo Templo


40:1


573 a.C.



No quinto dia, do quarto mês, no quinto ano do seu exílio, às margens do Rio Quebar, contemplou a Glória do Senhor que o consagrou como profeta. A última data deste livro é o primeiro dia do primeiro mês do vigésimo sétimo ano do seu exílio. Conseqüentemente, suas profecias estenderam-se por 22 anos.

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