quinta-feira, 29 de março de 2012

Oséias - 'Salvação é o Senhor'


“Porque os caminhos do Senhor são retos,


e os justos andarão neles;


mas os transgressores neles cairão.”


Oséias 14:9.






Oséias nome que combina com a mensagem da obra e significa “salvação é o Senhor" foi profeta em Israel no século VIII a.C..


Filho de Beeri. Pouco se sabe da vida ou do status social de Oséias.


De acordo com o Livro de Oséias, teria se casado com a prostituta Gomer, filha de Diblaim, por ordem de Deus.


Viveu no Reino do Norte durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, nos anos de 780 e 725 a.C..


Em Oséias 5:8 existe uma referência às guerras que levaram à captura do reino pelos assírios, ocorrida em torno de 734-732 a.C.;


Não há confirmação de que Oséias teria também vivido a destruição de Samária, que é prevista em Oséias 13:1.


A vida familiar de Oséias refletia a relação "adúltera" que Israel havia construído com os deuses politeístas.


Os nomes de seus filhos lhes transformaram em profecias ambulantes da queda da dinastia dominante e do pacto rompido com Deus.


Assemelha-se a Isaías, sendo frequentemente visto como um "profeta do destino", porém sob sua mensagem de destruição está uma promessa de restauração.


O Talmude (Pesachim 87a) cita que ele teria sido o maior profeta de sua geração.


Escreveu no oitavo século a.C. (segundo as datas dos reinados dos reis mencionados em 1:1), durante a mesma época do trabalho de Amós (Amós 1:1), Isaías (Isaías 1:1) e Miquéias (Miquéias 1:1).


Relata acerca de um povo que se achava bom e próspero, mas que se encontrava no caminho equivoco devido à prática da idolatria, imoralidade e injustiça.


Amós e Oséias profetizaram principalmente para Israel, e Isaías e Miquéias pregaram mais para Judá.


Oséias viveu nos últimos dias do reino de Israel. Devido a séculos de pecado, o povo estava chegando ao fim.


A infidelidade espiritual do povo é comparada ao pecado de adultério.


O livro de Oséias, talvez mais do que qualquer outro livro do Antigo Testamento, expõe o coração de Deus.


Oséias vive no próprio casamento o que Deus estava passando em relação a Israel.


Os primeiros três capítulos descrevem a vida de Oséias.


Ele se casa, mas a mulher dele se torna adúltera. “Quando o Senhor começou a falar por meio de Oseias, disse-lhe: Vá, tome uma mulher adúltera e filhos da infidelidade, porque a nação é culpada do mais vergonhoso adultério por afastar-se do Senhor” (Oseias 1.2).


Do casamento de Oséias nascem três filhos cujos nomes também são determinados pelo Senhor: Jezreel (foi lugar de decisivas batalhas), Lo-Ruama (em algumas traduções significa “não-amada”) e Lo-Ami (significa “não meu povo”) todos com o significado das sanções que Deus aplicaria ao seu povo.


Ele sofre com a infidelidade dela, mas ainda mostra a misericórdia para tomá-la de volta.


Assim Deus viu a sua noiva, o povo de Israel, se envolvendo com "outros deuses", ou seja, cometendo adultério espiritual.


Mesmo depois de tudo que Israel havia feito, Deus teria graça e misericórdia para reconciliar com esta esposa adúltera e estabelecer uma nova aliança com ela.


Alguns eruditos duvidam da existência desse casamento, mas se este realmente existiu, o capacitou para descrever vividamente a atitude de Deus para com Israel, sua "esposa adúltera".


O estilo do livro sugere que a situação descrita é figurada para propiciar a analogia. Mas existem questionamentos acerca do fato da esposa de Oséias ser alegórica.


No livro, a situação de Israel simbolizada pelo matrimonio do profeta são descritos do capítulo um ao terceiro.


Os capítulos do quarto ao décimo terceiro descrevem a recidiva da idolatria do povo.


O arrependimento e as promessas de Deus aparecem de forma explícita no capítulo quatorze.


Oséias fala de uma Israel que será devorada e assim perderá a identidade nacional.


A mensagem central é de restauração. O perdão de Deus é restaurador e pode ser percebido em diferentes partes do livro, conforme em Oséias 6:1 “Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida.” Ou ainda ao final da obra, segundo Oséias 14:5 “Serei como orvalho para Israel”.

terça-feira, 27 de março de 2012

Quadro: Proteção dos anjos

"Tudo que é grande está sob a tempestade."

TÍTULO: Proteção dos anjos
TEMA: Teológico
IMAGEM: Ancoragem dos anjos
DESCRIÇÃO: Mandala emoldurada de flores
ANO: 2012

Artesanato: Porta chá

"O insucesso é apenas uma oportunidade para

recomeçar de novo com mais inteligência."

Henry Ford



sábado, 10 de março de 2012

Vodca demais e responsabilidade de menos

“Somos responsáveis por aquilo que fazemos, o que não fazemos e o que impedimos de fazer.” - Camus



Quando eu era menino, lá no Rio de Janeiro, meu pai mineiro me contava as histórias das suas Minas Gerais, das cidades de Minas... para cada uma delas tinha suas referências, a excelência do gado de Uberaba, as igrejas de Ouro Preto, a lagoa da Pampulha.


Nesses tempos, eu ainda não imaginava que décadas mais tarde iria me apaixonar e viver em uma daquelas cidades de Minas das quais ele falava com orgulho, embora muitas delas nem mesmo tivesse conhecido. Mas eu me lembro, ah se me lembro, de que quando um dia me falou de Itajubá, chamou-a de... Cidade do Estudo. Papai gostava de falar dos colégios de Minas, do Grambery e da “Academia” de Juiz de Fora, e bastava que eu tirasse uma nota um tantinho ruinzinha ou não obedecesse minha mãe em alguma coisa que o nome do Caraça surgia com tom de ameaça... Mas voltemos a Itajubá, a cidade do estudo: papai falava da Escola de Elétrica de Itajubá, de Wenceslau Brás e Delfim Moreira, que para mim nada mais era que o nome da avenida da praia do Leblon. Um dia, lendo um jornal, me disse: “-Olha só... lá em Itajubá, além da escola de elétrica, vão abrir uma faculdade de medicina... agora que aquilo lá vai se tornar mesmo a cidade do estudo...!”


E lá se vão mais de quarenta anos... Vivi a vida toda tendo por referência de Itajubá esse legado que guardo de meu pai: a cidade do estudo. Quando aqui cheguei pela primeira vez, logo me levaram a conhecer a Unifei e a Faculdade de Medicina, como orgulhos da cidade.


Me encantei por Itajubá e sua gente, aqui vim formar nova família e amigos fraternos. E cada vez que voltava ao Rio, quando enchia a boca de orgulho para dizer que iria morar em Itajubá, qual não era o meu espanto quando ao contrário do que eu esperava, as pessoas com as quais falava sobre Itajubá não a conheciam como cidade do estudo da qual papai falava, mas sim “a cidade do prefeito que pagou mico no CQC da Band.”


Ainda assim, aprendi a respeitar e a admirar essas duas instituições, a Unifei e a Faculdade de Medicina, que faziam meu pai mineiro chamar Itajubá de “a cidade do estudo”. Passei a conhecer essas duas instituições, a Unifei através do meu assessor de comunicação, Luiz Otávio Coutinho, coincidentemente egresso na mesma faculdade e da mesma turma onde concluímos o curso de jornalismo. A Faculdade de Medicina, a AISI e o Hospital Escola, principalmente por terem salvo a vida e devolvido a saúde de minha mãe, a apenas dois meses atrás.


Conheço o Hospital Escola por dentro... conheço a Faculdade de Medicina de Itajubá, e sobretudo conheço a competência e a seriedade de suas diretorias, de seu corpo médico e docente, de seus funcionários e projeto pedagógico. Por este conhecimento, causa-me espécie a nota atribuída à FMIt no último Enade. Se a instituição é a mesma, se o seu corpo docente é o mesmo e de alto nível de excelência, como explicar que em apenas três anos, o rendimento dos alunos de medicina em Itajubá tenha caído da nota quatro – numa escala de zero a cinco – para nota dois? Essa nota dois não me parece refletir a realidade dessa instituição que é um patrimônio acadêmico não só da cidade, mas de Minas Gerais.


Façamos um contraponto: no mesmo mês dessa tal nota dois no Enade, uma acadêmica do quarto ano de medicina da FMIt, Mayra Lopes de Almeida Reis, foi agraciada em Ouro Preto com o Prêmio Carlos da Silva Lacaz por sua monografia sobre “Aspectos Históricos do impacto das necrópoles na saúde”. Não sou médico, não tenho idéia do assunto a qual a monografia da acadêmica Mayra trata especificamente, mas aposto minha formação como jornalista, como educador e como pai, de que a custa destee prêmio tem, como um de seus alicerces, “Dedicação demais e xurras e vodca de menos”.


E me pergunto aqui com meus botões: por que órgãos de imprensa noticiam em letras garrafais o Enade, e sequer uma linha sobre a conquista da acadêmica é noticiada?


Diz a velha piada que, ao encontrar a esposa com um amante na sofá da sala, o marido bobo resolveu o problema vendendo o sofá! Pois bem: o MEC agora quer vender o sofá, diminuindo o número de vagas para novos alunos na Faculdade de Medicina de Itajubá...!


Em ultima análise a diminuição do número de alunos da faculdade de medicina no próximo ano implicará, certamente, em uma significativa redução na receita da instituição, o que certamente se refletirá na qualidade do atendimento médico e hospitalar não só de Itajubá como de tantos outros municípios que gravitam em torno da cidade.


E a quem interessa, verdadeiramente, a diminuição de recursos da FMIt? Enquanto políticos verdadeiramente comprometidos com a qualidade de vida de Itajubá lutam por recursos para, por exemplo, a implantação de um centro de hemodiálise no Hospital Escola, outros viajam para Belo Horizonte, com diárias de 600 reais custeadas pelos cofres do município, para buscarem recursos para beneficiar sim, não exatamente à população da cidade, mas instituições com fins lucrativos que prestarão o mesmo serviço que o Hospital Escola oferece gratuitamente através do SUS.


Enfim, percebo que vivo hoje numa cidade sujeita a algumas inversões de valores: numa cidade em que pistas de MotoCross se transformaram em chiqueiros, e nem ouso perguntar quem são os donos dos porcos... A cidade do estudo a qual meu pai se referia, se transformou nos últimos três anos na cidade que paga mico em programa de humor que faz denuncias de maus tratos com a coisa pública. Talvez seja este quadro uma resultante de xurras e vodca demais, e consciência cívica de menos. Apenas de uma coisa tenho certeza: a instituição da FMIt, a AISI, o Hospital Escola, não podem sofrer as conseqüências do mal uso que de sua excelência fazem os que, ao contrário da acadêmica Mayra Reis, não têm compromisso com o artigo 14 do código de ética do estudante de medicina: Defender a saúde como direito inalienável, universal e contribuir para consolidação e aprimoramento do Sistema Único de Saúde.


Talvez seja o caso de xurras demais e compromisso de menos. De uma coisa, entretanto, estou certo: A Faculdade de Medicina de Itajubá não merece o que estão tentando fazer com ela.


Texto narrado na Rádio Futura no dia 30/11/2011.