domingo, 15 de janeiro de 2012

Daniel - Deus é meu juiz

Não temas, homem muito amado;

Paz seja contigo;


Sê forte, e tem bom ânimo.


Daniel 10;19.


Daniel, nome em hebraico que significa "Deus é meu juiz".


No terceiro ano de Jeoaquim como rei de Judá, o rei Nabucodonosor, da Babilônia, atacou Jerusalém, e os seus soldados cercaram a cidade. Conquistou cidade e pilhou objetos de valor que estavam no Templo de Jerusalém. Nabucodonosor levou esses objetos para a Babilônia e mandou colocá-los no templo do seu deus, na sala do tesouro. O rei chamou Aspenaz, o chefe dos serviços do palácio, e mandou que escolhesse entre os prisioneiros israelitas alguns jovens da família do rei e também das famílias nobres.


Todos eles deviam ter boa aparência e não ter nenhum defeito físico; deviam ser inteligentes, instruídos e ser capazes de servir no palácio. E precisariam aprender a língua e estudar os escritos dos babilônios. Entre os que foram escolhidos estavam Daniel, Ananias, Misael e Azarias, todos da tribo de Judá. Aspenaz lhes deu outros nomes babilônicos, isto é, Beltessazar, Sadraque, Msaque e Abede-Nego, respectivamente. Daniel ficou no palácio real até o ano em que o rei Ciro começou a governar a Babilônia. Ele sempre foi respeitado, até mesmo pelos governantes, por sua sabedoria. Não existem registros da data e circunstâncias de sua morte. Mas ele possívelmente morreu em Susa, com oitenta e cinco anos, onde existe uma provável tumba onde estaria seu corpo, este lugar é conhecido como 'Shush-Daniel'.


Daniel além de protagonista do livro do antigo testamento é também o provável autor do Livro. O livro contém registo de incidentes históricos da vida de Daniel e de seus três amigos, judeus deportados que estavam ao serviço do governo de Babilônia, e o registro de um sonho profético do rei Nabucodonosor, interpretado por Daniel, juntamente com o registro de visões recebidas pelo mesmo profeta. Mesmo o livro sendo escrito na Babilônia durante o cativeiro, e pouco depois dele, não tinha o propósito de proporcionar uma história do desterro dos judeus nem uma biografia de Daniel. O livro relata as vicissitudes principais da vida do estadista-profeta e de seus colegas, e foi compilado com fins específicos.


Os primeiros 19 anos da estada de Daniel em Babilônia foram os últimos anos da existência do reino de Judá, ainda que estava subjugado por Babilônia. A inútil política antibabilônica dos últimos reis de Judá atraiu catástrofe atrás de catástrofe sobre a nação judia.


O rei Jeoaquim permaneceu leal a Babilônia durante alguns anos. No entanto, mais adiante cedeu à política do partido pró-egípcio de Judá, e se rebelou. Como resultado, o país sofreu invasões militares; seus cidadãos perderam a liberdade e foram levados para o cativeiro, e o rei perdeu a vida. Nabucodonosor já cansado das repetidas revoltas de Palestina, decidiu acabar com o reino de Judá. Durante dois anos e meio os exércitos da Babilônia assolaram a terra de Judá, tomaram e destruíram as cidades, inclusive Jerusalém com seu templo e seus palácios, e levaram cativos à maioria dos habitantes de Judá no ano 586 a.C.


Daniel esteve na Babilônia durante esses dias agitados. Sem dúvida viu os exércitos babilônicos que se punham em marcha para levar a cabo suas campanhas contra a Judéia e foi testemunha de seu regresso vitorioso e da chegada dos cativos judeus. Entre os cativos esteve o jovem rei Jeoaquim com sua família, e mais tarde o rei Zedequias, a quem tinham arrancado os olhos. Durante esses anos Daniel deve ter estado inteirado da agitação política que existia entre os judeus deportados, que fez com que o rei mandasse queimar vivos a alguns dos principais instigadores. Foi esta agitação a que impulsionou a Jeremias a enviar uma carta a seus compatriotas exilados na que os aconselhava a levar uma vida sossegada e calma na Babilônia.


Durante esses anos Daniel e seus três amigos cumpriram lealmente e sem alardes seus deveres como servidores públicos do rei e súditos do reino. Depois de sua esmerada instrução, chegaram a ser membros de um grupo seleto chamado os sábios, os que serviam ao rei como conselheiros. Foi então quando Daniel teve excepcional oportunidade de explicar a Nabucodonosor o sonho dos impérios futuros. Como resultado Daniel foi nomeado para um cargo importante, que aparentemente reteve durante muitos anos. Esse cargo lhe deu a oportunidade de fazer que o rei conhecesse o poder do Deus do céu e da terra, a quem serviam Daniel e seus amigos. Não se sabe quanto tempo permaneceu Daniel nesse importante cargo. Aparentemente o perdeu antes do ano 570 a.C. já que seu nome não se encontra no "Almanaque da Corte e o Estado", escrito em cuneiforme, que contém a lista dos principais servidores públicos do governo de Nabucodonosor nesse tempo. Não existem outros "Almanaques da Corte e o Estado" que sejam do tempo do reinado de Nabucodonosor. Na verdade, não se menciona a Daniel em nenhum documento extra-bíblico da época.


A ausência do nome de Daniel neste documento não é estranha, já que não sabemos quanto tempo permaneceu Daniel desempenhando um cargo público. Só se registram no Livro de Daniel quatro acontecimentos principais do reinado de Nabucodonosor, e em três deles figura Daniel. A educação dos príncipes judeus durante os três primeiros anos de seu reinado, o que inclui no ano ascensional. A interpretação do sonho de Nabucodonosor no segundo ano do reinado do monarca. A dedicação da imagem na Planície de Dura e a libertação extraordinária dos amigos de Daniel, num ano não especificado. A interpretação do sonho de Nabucodonosor feita por Daniel, quem anunciou que o rei perderia a razão durante sete anos, o que provavelmente ocorreu durante os últimos anos do monarca.


Não se sabe nada das atividades de Daniel durante os anos quando Nabucodonosor esteve incapacitado. Também não sabemos o que fez Daniel depois de que o rei recobrou suas faculdades e seu trono, ou se prestou serviços durante os reinados dos reis posteriores. No entanto, ele pode ver a decadência moral e a corrupção do poderoso império de Nabucodonosor, governado por reis que tinham assassinado a seus predecessores.


Daniel também deve ter observado com sumo interesse o rápido crescimento do rei Ciro da Pérsia no oriente, já que o nome 'Ciro' tinha sido mencionado na profecia como libertador de Israel por Isaías. Foi durante os três primeiros anos do reinado de Belsasar que Daniel recebeu grandes visões, e o homem que até então tinha sido conhecido só como intérprete de sonhos e visões se transformou num dos grandes profetas de todos os tempos.


Os babilônios pediram novamente os serviços de Daniel durante a noite da queda de Babilônia no ano 539 a.C., para que lesse e interpretasse a escritura fatal no muro da sala de banquetes de Belsasar. Depois de que os Persas se adonaram da Babilônia e de seu império, os novos governadores aproveitaram dos talentos e da experiência do ancião estadista da geração passada. Outra vez Daniel chegou a ser o principal conselheiro da coroa. Foi ele quem mostrou ao rei as profecias de Isaías, as quais influíram sobre o monarca persa para que promulgasse a Declaração de Ciro, o decreto que terminava com o desterro dos judeus e lhes dava novamente uma pátria e um templo. Durante esta última parte da atuação pública de Daniel teve um atentado contra sua vida promovido por invejosos, mas o Senhor interveio maravilhosamente e liberou a seu servo. Ademais recebeu outras visões importantes durante estes últimos anos de sua vida, primeiro durante o reinado de Dario ‘o Medo’ e depois durante o de Ciro.


O livro se divide em duas partes fáceis de distinguir. A primeira (Capítulos 1 a 6) é principalmente histórica. A segunda (Capítulos 7 a 12) tem um cunho profético. Apesar disto o livro constitui uma unidade literária. As diferentes partes do livro estão mutuamente relacionadas entre si. Se poderá compreender o uso dos copos do templo no banquete de Belsasar se for levado em conta como chegaram a Babilônia. No verso 3:12 se faz referência a uma medida administrativa de Nabucodonosor que se descreve no verso 2:49. No verso 9:21 se faz referência a uma visão prévia em Daniel 8:15-16. A parte histórica contém uma profecia estreitamente relacionada com o tema das profecias que se encontram na última parte do livro (Daniel 7 a 12). O capítuo 7 amplia o tema tratado no capítulo 2. Há também uma relação evidente entre elementos históricos e proféticos. A seção histórica (Daniel 1 a 6) constitui uma narração do trato de Deus com uma nação, Babilônia, e o papel desta no plano divino. Este relato tem o propósito de ilustrar a forma em que Deus trata a todas as nações. A semelhança do que ocorreu com Babilônia, cada um dos impérios mundiais sucessivos que se descrevem graficamente na parte profética do livro, recebeu uma oportunidade de conhecer a vontade divina e de cooperar com ela, e cada um teria de ser medido pela fidelidade com que cumpriu o propósito divino. Desta maneira o surgimento e a queda das nações representadas na parte profético devem compreender-se dentro do marco dos princípios expostos na parte histórica, vistos em ação no caso da Babilônia. Este fato converte às duas seções do livro numa unidade e mostrando o papel desempenhado por cada um dos impérios mundiais da época.


O ‘Livro de Daniel’ possuia três fragmentos achados na gruta de ‘Qumran’ publicados por D. Barthélemy e J. T. Milik em ‘Discoverries in the Judaean Desert I’: Qumran Cave I (Oxford, 1955). Os fragmentos provém de dois rolos de um memso livro, sendo os capítulos 1 e 2 escritos por um escriba e o 3 por outro. Acredita-se que o texto hebreu de Daniel está na mesma forma em que estava no tempo de Cristo.


A mudança de idioma do hebraico para o aramaico ocorre no capítulo segundo. O texto contém o cantém o ‘canto apócrifo dos três meninos’.


A opinião tradicionalcde judeus como de cristãos, é que o livro foi escrito no século VI a.C., e que Daniel foi realmente o autor. O profeta Daniel fala em primeira pessoa em muitas passagens, afirma que recebeu pessoalmente a ordem divina de preservar o livro. O fato de que existam seções nas quais o autor se refira a si mesmo em terceira pessoa não é estranho, já que esse estilo é freqüente em obras antigas.


Daniel descreve alguns acontecimentos que ainda hoje não podem ser verificados por meio dos documentos. Um desses acontecimentos é a loucura de Nabucodonosor, que não se menciona em nenhum registro babilônico.


Ao final de sua vida, quando Daniel reuniu todos seus escritos para formar um só livro.


Com justiça poderíamos chamar ao ‘Livro de Daniel’ um manual de história e de profecia. A profecia é uma visão antecipada da história; a história é um repasso retrospectivo da profecia. Segundo a crença cristã o elemento previsivo permite que o povo de Deus veja as coisas transitórias à luz da eternidade, põe-no alerta para atuar com eficácia em determinados momentos, facilita a preparação pessoal para a crise final e, ao cumprir-se a predição, proporciona uma base firme para a fé.


Para os cristão as quatro principais profecias do ‘Livro de Daniel’ fazem ressaltar num breve esboço, e tendo como marco de fundo a história universal, o futuro do povo de Deus desde os dias de Daniel até o fim do tempo. Cada uma das quatro grandes profecias atinge um pináculo quando "o Deus do céu" levanta "um reino que não será destruído" (Dn 2:44), quando o "filho do homem" recebe "domínio eterno" (Daniel 7:13-14), quando a oposição ao "Príncipe dos Príncipes" será quebrantada "não por mão humana" (Dn 8:25) e quando o povo de Deus será livrado para sempre de seus opressores (Dn 12:1). Portanto para os cristão, as profecias constituem uma ponte divinamente construída desde o abismo do tempo até as ribeiras sem limites da eternidade, uma ponte sobre o qual aqueles que, como Daniel propõem em seu coração amar e servir a Deus, pela fé poderão passar desde a incerteza e a aflição da vida presente à paz e a segurança da vida eterna.


Na seção histórica do livro encontramos a Daniel, cara a cara ante Nabucodonosor, o gênio do mundo pagão, para que o rei tivesse a oportunidade de conhecer ao Deus de Daniel, árbitro da história, e cooperasse com ele. Nabucodonosor não só era o monarca da nação maior desse tempo mas também era muito sábio e tinha um sentido inato do direito e da justiça. Em verdade, era a personalidade mais sobressalente do mundo gentio, o "poderoso das nações" (Ez 31:11). Segundo Jeremias, dele Deus disse: "Agora eu pus todas estas terras em mãos de Nabucodonosor rei de Babilônia, meu servo" (Jr 27:6). Ao impor os judeus o cativeiro na Babilônia era desejável que existisse uma mão firme, mas que não fosse cruel, como eram as normas daquele tempo. A missão de Daniel na corte de Nabucodonosor foi a de conseguir a submissão da vontade do rei à vontade de Deus para que se realizassem os propósitos divinos.


Os primeiros quatro capítulos de Daniel descrevem os meios pelos quais, segundo Daniel, Deus conseguiu a obediência de Nabucodonosor. Em primeiro lugar, Deus precisava de um homem que fosse um digno representante dos princípios celestiais e do plano de ação divino na corte de Nabucodonosor; por isso escolheu a Daniel para que fosse seu embaixador pessoal ante Nabucodonosor. Os recursos que empregou Deus para atrair favoravelmente o atendimento do monarca para o cativo Daniel, e os meios pelos quais Nabucodonosor chegou a confiar primeiro em Daniel e depois no Deus de Daniel, ilustram a maneira em que o Altíssimo usa aos homens hoje para cumprir sua vontade na terra.


Deus pôde usar a Daniel porque este era um homem de princípios, um homem que tinha um caráter genuíno, um homem cujo principal propósito na vida era viver para Deus.


A inferioridade da sabedoria humana, exibida no capítulo 2, fez que Nabucodonosor admitisse ante Daniel: "Certamente o Deus vosso é Deus de deuses, e Senhor dos reis, e o que revela os mistérios" (Dn 2:47).



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ezequiel - Deus Fortalece

“Estão próximos os dias, e o cumprimento de toda a visão.”

Ezequiel 12:23



O profeta Ezequiel era sacerdote, casado, e perdeu a esposa um pouco antes da queda de Jerusalém em 587 a.C. Exerceu o seu ministério até 571 a.C. Acompanhou o povo de Judá na fase mais crítica da sua história, quando Jerusalém caiu sob Nabucodonosor. O livro de Ezequiel tem quatro partes, sendo:


Primeira: (cap. 4-24), onde censura os judeus antes da queda de Jerusalém por causa dos seus pecados;


Segunda: (cap. 25-32), que contém oráculos contra os povos estrangeiros que oprimiram os hebreus;


Terceira: (cap. 33-39), consola o povo durante e após o cerco de Jerusalém, prometendo-lhe tempos melhores;


Quarta: (40-48), descreve a nova cidade e o novo Templo após a volta do exílio.


O livro de Ezequiel traz apenas alguns detalhes a respeito do próprio Ezequiel. Seu nome é citado apenas duas vezes em todo o livro: 2:3 e 24:24. Ezequiel é um pastor, filho de Buzi (“meu desprezo”), e seu nome significa “Deus fortalece”. Ele foi um dos israelitas exilados, que se estabeleceram em Tel-Abibe, junto ao rio Quebar, na terra dos Caldeus. Este lugar não é o mesmo da moderna cidade de Tel Aviv, apesar do nome parecido. Provavelmente Ezequiel foi levado cativo junto de Joaquim (1:2; II Reis 24:14-16) por volta de 597 a.C.


O “Livro de Ezequiel” foi escrito para os israelitas que viviam no cativeiro babilônico. Antes do exílio era costume do povo adorar a Deus no templo de Jerusalém. O exílio trouxe importantes questões teológicas: Deus os ouviria fora do templo? Ezequiel responde a esta questão. Primeiro explica que o exílio de Israel era uma punição pela desobediência e oferece esperança aos exilados, sugerindo que o exílio teria fim assim que Israel retornasse à Deus.


Diferentemente de seus ancestrais, que foram feitos escravos e marginalizados socialmente enquanto estiveram no exílio egípcio, os judeus contemporâneos de Ezequiel podiam participar da sociedade em que se encontravam. Os israelitas haviam sido advertidos por Jeremias a não adorar a nenhum dos deuses locais, mas Jeremias permitira que participassem da cultura babilônica. E assim realmente o fizeram, tendo sido freqüentemente chamados pelos babilônicos para completar projetos usando suas habilidades de artesãos. Ao contrário de outros inimigos, os babilônicos permitiram aos judeus permanecessem em pequenos grupos. Enquanto mantinham sua religião e sua identidade como nação muitos deles começaram a estabelecer sua vida no exílio. Assim, construíram casas e estabeleceram pontos comerciais, demonstrando que estavam se preparando para uma longa permanência naquele lugar.


O conforto cada vez maior na Babilônia ajuda a explicar a decisão de tantos judeus em não voltar para a sua própria terra. Aqueles que já nasceram em solo babilônico nada conheciam sobre a terra de seus pais, então, quando surgiu a oportunidade de recobrarem a terra que lhes havia sido tomada, muitos decidiram permanecer na Babilônia que já conheciam. Este grande grupo é conhecido como a mais antiga Diáspora na Pérsia.


O primeiro capítulo do Livro de Ezequiel é uma descrição da visão que teve Ezequiel com o Senhor, que apareceu a ele em uma tempestade, a partir da qual também viu quatro criaturas viventes, cada uma com quatro faces e quatro asas. Além dos seres viventes Ezequiel também descreve em detalhes quatro rodas brilhantes e cheias de olhos, que se moviam de acordo com os seres viventes. Após esta introdução encontram-se três seções distintas:


Primeiro: Julgamento de Israel – Ezequiel faz uma série de denúncias contra o povo judeu, alertando-os sobre a certa destruição de Jerusalém, ao contrário do que diziam os falsos profetas. Os atos simbólicos pelos quais as fronteiras de Jerusalém seriam reduzidas, descritos nos capítulos 4 e 5, demonstram seu íntimo conhecimento a respeito da legislação Levítica.


Segundo: Profecias contra várias nações vizinhas - contra os Amonitas, contra os Moabitas, contra os Edomitas, contra os Filisteus, contra Tiro e contra Sidom.


Terceiro: Profecias entregues após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor II - o triunfo de Israel e do Reindo de Deus na terra; Tempos messiânicos e o estabelecimento da prosperidade do Reino de Deus.


Ezequiel dedica grande parte do tempo predizendo a restauração de Israel como nação e para Deus. Enquanto Ezequiel escrevia, os judeus estavam em cativeiro e sua nação, Judá, havia sido destruída pelo Rei Nabucodonosor. Deste modo, as profecias de Ezequiel garantiam aos judeus de que, apesar de estarem exilados e debaixo de humilhação, eles voltariam para sua terra permanentemente.


O capítulo 36 fala acerca do retorno à terra e da prosperidade do novo país. O capítulo 37 contém a visão do “Vale de ossos secos”, onde Deus promete restaurar a vida a Israel. Finalmente no capítulo, uma promessa é feita em que Israel seria unido como uma nação e estabelecido para sempre.


Os capítulos 38 e 39 predizem uma invasão que iria ocorrer após o retorno dos judeus para sua terra, chamada “Batalha de Gogue e Magogue”, onde Deus iria intervir diretamente para proteger Israel de seus inimigos.


O cristianismo vê Ezequiel como um profeta, e o judaismo considera o seu livro como parte de seu cânone, considerando-o o terceiro dos principais profetas. O islamismo fala de um profeta chamado Dhul-Kifl, que costuma ser associado com Ezequiel. Exerceu sua atividade entre os anos 593 a 571 a.C. Diz-se que fundou uma escola de profetas e que ensinava a Lei à beira do Rio Kebar que corta a cidade de Babilônia.


São curiosas as visões que o profeta teve sobre a glória de Deus e os sinais que aconteceram em sua própria vida demonstrando a ação de Deus são fortes e marcantes. Segundo o profeta, a sociedade sofria de doença crônica e incurável, pois havia abandonado o projeto de Javé em troca de uma vida luxuosa e fascinante. Por isso, Ezequiel vê o próprio Deus deixando o Templo (11:22-24) e largando os rebeldes ao bel-prazer dos amantes. Isso era causa de sofrimento para o profeta, mas não de desânimo e desespero. Para ele, o futuro seria de ressurreição (caps. 36-37) e novidade radical.


Com sua linguagem simbólica, Ezequiel indicava os passos para a construção do mundo novo: Assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação. Compreender que a simples reforma de um sistema corrompido não gera nenhuma sociedade nova; apenas reanima o velho sistema que, cedo ou tarde, acabará sempre nos mesmos vícios. Converter-se a Javé, assumindo o seu projeto; e, a partir daí, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida.


Com esse programa profético, vislumbrava-se um futuro novo: Deus voltaria para o meio de seu povo (43:1-7), provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova. Aí todos poderiam participar igualmente dos bens e decisões que constroem a relação social a partir da justiça. Desse modo, todos poderiam reconhecer que a partir desse dia, o nome da cidade seria: Javé está aí (48:35).


A doutrina deste profeta tem por núcleo a renovação interior: é preciso criar para si um coração novo e um espírito novo (18:31); ou ainda, o próprio Deus dará "outro" coração, um coração "novo", e infudirá no homem um espírito "novo" (11:19; 36:26).


Uma curiosidade acerca de Ezequiel é que ele é o único além de Jesus que foi chamado de filho do homem.


Ezequiel dá origem à corrente apocalíptica, suas grandiosas visões antecipam as de Daniel e as do autor de Apocalipse.


Tanto na Bíblia Cristão como na Bíblia Judaica, o Livro de Ezequiel, escrito pelo profeta Ezequiel, encontra-se em terceiro lugar entre os grandes profetas, logo após Isaías e Jeremias. Crê-se que o Livro de Ezequiel não tenha sido escrito de uma só vez, pois, existem diversas passagens que quebram a unidade e outras que surgem em duplicado.


Destaca-se a existência de diversos gêneros literários tais como o descritivo, a prosa e a poesia. São também de referir os diversos processos literários usados, nomeadamente as visões, ações simbólicas, parábolas e alegorias.


São temas do livro: a culpa do povo de Judá pelas faltas cometidas; a justiça de Deus que irá castigar Israel; o assédio de Jerusalém, a tomada da cidade com a destruição do Templo e a deportação para o cativeiro na Babilônia. Apresenta diversos pormenores que lhe são muito próprios, tais como a história de Israel relativamente à sua infidelidade para com Deus, a observância estrita da Lei Levítica, a presença permanente de Deus junto do Seu povo. De referir também a apocalíptica de Ezequiel que em muito veio influenciar o judaísmo posterior e o próprio Novo Testamento. A profecia sobre Gog que descreve os últimos tempos e a vitória final de Deus sobre todos os inimigos.


O Livro de Ezequiel pode resumir-se em cinco partes principais: Vocação para o Profetismo; Oráculos de Ameaças contra Judá e Jerusalém; Oráculos contra as Nações; Oráculos de Salvação para Israel; O Novo Reino de Deus.


Ezequiel foi originalmente escrito nos 22 anos compreendidos entre 593 e 571 a.C. :


































































Datas do Livro de Ezequiel


Evento


Referência


Data


Visão dos quatro seres viventes


1:1-3


593 a.C.


Chamado para ser um atalaia


3:16


593 a.C.


Visão do Templo


8:1


592 a.C.


Encontro com os anciãos de Israel


20:1


591 a.C.


Segunda batalha de Jerusalém


24:1


589 a.C.


Julgamento de Tiro


26:1


587 a.C.


Julgamento do Egito


29:1


588 a.C.


Julgamento do Egito


29:17


571 a.C.


Julgamento do Egito


30:20


587 a.C.


Julgamento do Egito


31:1


587 a.C.


Lamentação sobre Faraó


32:1


586 a.C.


Lamentação sobre o Egito


32:17


586 a.C.


Queda de Jerusalém


33:21


586 a.C.


Visão do Novo Templo


40:1


573 a.C.



No quinto dia, do quarto mês, no quinto ano do seu exílio, às margens do Rio Quebar, contemplou a Glória do Senhor que o consagrou como profeta. A última data deste livro é o primeiro dia do primeiro mês do vigésimo sétimo ano do seu exílio. Conseqüentemente, suas profecias estenderam-se por 22 anos.

Profeta Jeremias

"O mundo não era digno deles,

que receberam testemunho por intermédio de sua fé.”


Hb 11:32, 38, 39


O profeta Jeremias é um dos nove personagens chamados Jeremias encontrados na Bíblia Hebraica. Esse nome é empregado 158 vezes na Bíblia. O significado do nome é incerto, sendo passivel das traduções: "Iahweh exalta", "Iahweh é sublime" ou "Iahweh faz nascer".


Jeremias era um rapaz muito humilde. Filho de Hilquias, um dos sacerdotes de Anatote, no território de Benjamin a menos de cinco quilómetros a nordeste do Monte do Templo em Jerusalém (Jr 1:1; Js 21:13, 17, 18).


Era de família sacerdotal, mas estava ligado às tradições proféticas do Norte, principalmente a Oséias, e não às tradições do sacerdócio e da corte de Jerusalém. Pertence ao mundo camponês. De maneira crítica, ele traz consigo a visão dos camponeses sobre a situação do país.


Jeremis é considerado o autor de dois dos livros da Bíblia: ‘Livro de Jeremias’ e ‘Livro das Lamentações de Jeremias’.


Jeremias era pesquisador e historiador e profeta. Acredita-se que tenha sido ele o autor do livro que leva seu nome e possivelmente os dois livros de Reis (tenha escrito adicionando-lhe relativos dados por Natã e Gade ( I Crônicas 29:29) e outros escritores. É a história dos reis de Judá e Israel, desde Davi até Acabe e Jeosafá, num período de 118 a 125 anos), abrangendo a história de ambos os reinos (Judá e Israel) desde o ponto em que os livros de Samuel a deixaram (isto é, na última parte do reinado de Davi sobre todo o Israel), até o fim de ambos os reinos, e após, a queda de Jerusalém, teria escrito o ‘Livro das Lamentações de Jeremias’.


Os relatos biográficos em terceira pessoa encontrados no Livro de Jeremias, que são atribuídos a Baruc, não se encontram em ordem cronológica, entretanto, por meio da seguinte sequência de trechos: 19:1-20:6; 26; 45; 28-29; 51:59-64; 34:8-22; 37-44, pode-se fazer uma leitura destes relatos em ordem cronológica.


A atividade profética de Jeremias se iniciou entre os anos de 626 ou 627 a.C. (1:2; 25:3), quando ele ainda era jovem (1:6), razão pela qual teria demonstrado receio ao assumir tal tarefa, e prosseguiu até 586 a.C., podendo ser dividida em quatro períodos:


Primeiro período, durante o reinado de Josias (627 a 609 a.C.): Com apenas oito anos de idade, Josias foi nomeado rei pelo "povo da terra", expressão que indica a camada rural da sociedade. No início deste reinado, Jeremias proclamou um julgamento contra Israel e Judá por causa de sua infidelidade a Iahweh e sua adesão a outros deuses (idolatria), especialmente os deuses que garantiam a fertilidade da natureza, os chamados baalim.


No âmbito internacional, a situação política está mudando rapidamente: a Assíria, grande potência da época, se enfraquece cada vez mais. Josias, já maior de idade, aproveita esse enfraquecimento para realizar ampla reforma e procura tomar o território que antes era do Reino de Israel Setentrional, e que pertencia à Assíria desde a queda de Samaria em 722 a.C. Josias deixa de pagar os impostos cobrados pelos dominadores e promove a reforma religiosa (2Rs 22,1-23,27), na qual tenta eliminar todos os ídolos do país e estabelecer novo relacionamento social centrado na Lei. Estranhamente Jeremias não faz nenhuma alusão a esta reforma social e religiosa. Foi um período de prosperidade e otimismo, por isso Jeremias emite bom conceito sobre Josias (Jr 22,15-16).


Segundo período, durante o reinado de Joaquim (609 a 598 a.C.): Com a decadência da Assíria (queda de Nínive em 612 a.C.), outros povos entram no cenário: citas, medos, babilônios e também os egípicios que tentam ressurgir depois de um período decadente. Com isso, a Palestina volta a ser palco de disputas políticas e militares. Josias morre em Meguido, em 609 a.C. (2Rs 23:29), quando tenta impedir a incursão do Faraó Necao, que procura deter o avanço d Babilônia. Necao depõe Joacaz, que sucedera Josias, e coloca no trono de Judá o despótico Joaquim. O povo detestava Joaquim, e Jeremias critica violentamente esse rei (Jr 22,13-19). É dessa época o famoso Discurso sobre o Templo (Jr 7,1-15; cf. cap. 26), que quase custou a vida do profeta.


O ‘Discurso contra o Templo’, foi conservado em duas versões: 7,1-15 e 26,1-24. O primeiro destaca o conteúdo, o segundo as circunstâncias do discurso. Ocorreu entre setembro de 609 e abril de 608 a.C., quando Jeremias colocou-se no pátio do Templo e denuncia a confiança da população judaíta no Templo de Iahweh como falsa e previu a destruição do santuário, tal qual outrora acontecera com Silo.


Na opinião dos sacerdotes do Templo, Jeremias cometera uma dupla blasfêmia: falara em nome de Iahweh e falara contra a casa de Iahweh. Jeremias confirmou suas palavras perante o tribunal e só não morreu porque alguém se lembrou do profeta Miquéias, que, um século antes, pregara destino parecido para o Templo e para a cidade e nada sofrera.


No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio, exatamente no momento em que a crise econômica se agravava, pois Judá estava obrigado a pagar tributos ao Egito. Jeremias denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento (22:13-19), pois não cumpre sua função real de exercer a justiça e o direito e de proteger os mais fracos, e vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem merece ser sepultado, mas como um jumento deverá ser jogado para fora das muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário de seu pai, Joaquim "não conhece Iahweh".


A Babilônia surge como grande potência, sob o reinado de Nabucodonosor. Jeremias adverte os israelitas que os babilônios, em breve, invadirão o país (4:5-6:30; 5:15-17; 8:13-17). Possivelmente por volta de 605 a.C., quando Nabucodonosor venceu o Necao II (o faraó) e ameaçou Judá. Jeremias foi ao pátio do Templo e anunciou a destruição de Jerusalém (19:14-20,6), e, por isso, foi preso por Fassur, chefe da guarda do Templo, surrado e colocado no tronco por uma noite. Depois disso, foi-lhe proibida (36,5), a entrada no Templo. Mesmo assim ele continuou denunciando o povo que se esqueceu de Deus, por falsear o culto, pela falsa segurança, pelas idolatrias e pelas injustiças sociais. E aponta os principais responsáveis: são as pessoas importantes que detêm o poder em Jerusalém (rei, ministros, falsos profetas, sacerdotes), para isso convoca o escriba Baruc e dita-lhe as Profecias de julgamento contra a nação (36:1-32), no quarto ano do governo de Joaquim, em 605 a.C. Em dezembro de 604 AC Jeremias manda Baruc ler o livro, em um momento em que Nabucodonosor atacava a cidade filistéia de Ascalon, vizinha de Judá, é o momento em que o profeta alerta: O "inimigo do norte" está às portas, ou a conversão ou a destruição. Joaquim mandou queimar o escrito e prender Jeremias e Baruc (36:21-26), que se esconderam e não foram achados. Posteriormente, Jeremias manda que Baruc escrever tudo de novo e ainda acrescenta ao livro outras palavras (36,27-32). Jeremias também luta para desmascarar os falsos profetas (14:13-16; 23:13-40) que, segundo o profeta: falam em seu próprio interesse, fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade, seduzem o povo com suas mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Iahweh.


Jeremias estava com a razão, e sua visão realista se confirmou: em 598 a.C., o exército babilônico estava às portas de Jerusalém. Nessa época, Joaquim morreu, provavelmente assassinado. Seu filho e substituto Jeconias, não teve tempo para nada: após três meses Jerusalém era invadida. Então o profeta, juntamente com parte da elite judaica, foi levado para o Exílio na Babilônia em 597 a.C.


Sedecias, tio de Jeconias, foi instalado por Nabucodonosor, para reinar em Jerusalém. Jeremias apregoara que este castigo seria decorrente ruptura da aliança. Em Judá, Jeremias só via rebeldia contra Iahweh, levando o povo a maldades e crimes sem conta. Não havia o mínimo "conhecimento de Deus", que só é possível através da prática do direito, da justiça, da solidariedade. Os poderosos tramam sistematicamente contra o povo, todos buscam desesperadamente a riqueza e não há paz. A mentira domina, desde o ensinamento dos profetas à lei dos sacerdotes, levando o país ao caos. Todos se tornam inimigos de todos. Impera a idolatria. O fim será trágico, segundo os capítulos 8 e 9 de Jeremias.


Jeremias constata a ausência do direito e da verdade entre as pessoas comuns (5:1), mas maior corrupção encontra entre os grandes e poderosos, que não agem mal por ignorância, senão por determinação consciente e persistente (5:4-5). Quanto mais a crise nacional se aprofunda, mais os líderes se recusam a encontrar soluções. Só procuram satisfazer seus interesses imediatos e deixam o país afundar: "Eles cuidam da ferida do meu povo superficialmente, dizendo: 'Paz! Paz!', quando não há paz", (6:14). Em 5:26-28 são descritos os poderosos e suas armadilhas para apanhar o povo e escravizá-lo impunemente.


Terceiro período, durante o reinado de Sedecias (597 a 586 a.C.): Sedecias assumiu o trono com 21 anos de idade, para dirigir um Judá arruinado, com várias cidades destruídas e uma economia desorganizada, se submete aos babilônicos e se mostra indeciso. Nesse momento surge uma disputa para determinar a identidade do Povo de Deus entre aqueles que foram para o Exílio na Babilônia e aqueles que ficaram em Judá.


Jeremias se nega a participar de uma visão simplista (capítulo 24) e coloca o assunto dentro da política realista: Sedecias e a corte de Jerusalém são incapazes de salvar o povo do desastre. Por isso os deportados ainda são os que podem trazer esperança, pois estão aprendendo uma dura lição. Essa idéia leva Jeremias novamente para a prisão. Pressionado por seus oficiais, Sedecias tenta armar uma revolta contra a Babilônia, que, fracassa, conforme previsto por Jeremias.


Jerusalém é sitiada pelos babilônios, nesse momento, Jeremias também vê nos camponeses uma luz salvadora (32,15). Em 587 a.C. ocorre a segunda deportação.


Quarto período, depois da queda de Jerusalém (a partir de 586 a.C.): Em 586 a.C., Nabucodonosor resolve destruir Jerusalém totalmente e incendeia o Templo, o palácio, as casas e derruba as muralhas. Mas permite que Jeremias fique no país, então, o profeta vai viver com Godolias, novo governador da Judéia. Nesse mesmo ano, Godolias é assassinado por um grupo antibabilônico, que se vê forçado a fugir para o Egito, obrigando Jeremias a ir com eles. Esse grupo passa a residir na cidade de Táfnis, cidade situada a leste do Delta do Nilo, onde passa a repreender a idolatria que seus conterrâneos ali praticavam (40,7-44,30).


Segundo o apócrifo Vida dos Profetas, escrito por um judeu da Palestina no séc. I DC Jeremias foi apedrejado e morto por seus conterrâneos quando residia no Egito.


Considera-se que a missão de Jeremias fracassou em querer que seu povo retornasse à genuína aliança com Deus. Ele se tornou uma espécie de Moisés fracassado, que viu seu povo perder suas instituições e a própria terra. Se apresenta como um grande solitário (15:17), incompreendido e perseguido até pelos membros de sua família (12:6; 20:10; 16:5-9), nunca chegou a ser pai (16:1-4), foi arrastado contra a sua vontade para o Egito, nenhum vestígio restou de sua tumba.


Ao colocar em primeiro plano os valores espirituais, destacando o relacionamento íntimo que a alma deve ter com Deus, ele antecipou elementos da Nova Aliança; e sua vida de sofrimentos a serviço de Deus, pode ter inspirado o Segundo Isaías na construção da Imagem do Servo (Isaías 53).


As denúncias de Jeremias reivindicavam a atenção dos príncipes e do povo, para que fossem responsáveis pela Lei, a qual violavam constantemente. Suas críticas eram feitas em discursos acalorados em plena praça pública. Seus principais alvos eram os sacerdotes, profetas, governantes e todos aqueles que seguiam o legalismo do "proceder popular". Todavia, ele reconhecia que sua comissão era também de 'construir e plantar' (Jr 1:10). Chorou diante da calamidade que sobreviria a Jerusalém (Jr 8:21, 22; 9:1).


O livro de Lamentações constitui evidência do seu amor e da sua preocupação com o povo.


Jeremias encenou para Jerusalém vários pequenos dramas como símbolos da condição dela e da calamidade que lhe sobreviria. Cita-se: A visita à casa do oleiro (Jr 18:1-11) e o incidente com o cinto estragado (Jr 13:1-11) Ordenou-se a Jeremias que não se casasse; isto servia de aviso das "mortes por enfermidades", das crianças que nascessem naqueles últimos dias de Jerusalém (Jr 16:1-4). Ele quebrou uma botija diante dos anciãos de Jerusalém, qual símbolo do impendente destroçamento da cidade (Jr 19:1, 2, 10, 11). Comprou de volta um campo de Hanamel, filho de seu tio paterno, como figura da restauração que viria depois do exílio de 70 anos, quando se comprariam novamente campos em Judá (Jr 32:8-15, 44). Em Tafnes, no Egito, ele ocultou grandes pedras no terraço de tijolos da casa de Faraó, profetizando que Nabucodonosor fixaria seu trono sobre aquele exato ponto (Jr 43:8-10).