Palavras-chave: medicina, esporte, competitividade.
Introdução:
O presente trabalho objetiva abordar a temática do canibalismo e suas relações simbólicas com a medicina. Não apenas em aspectos que tangem a concorrência presente na vida acadêmica, mas sob abordagem no que se refere à prática desportiva, salientando que a metodologia aprendida durante a graduação tende a causar alterações de forma subjetiva no atendimento clínico do profissional. A interferência indireta na futura clínica do educando é reconhecida em pedagogia como curriculum oculto e ao abordar a competitividade na medicina tratar-se-á da prática desportiva.
Um dos principais pontos que deve ser analisado consiste no fato de existir uma discrepância significativa estabelecida entre o conceito ideal verbal transmitido aos alunos defendendo que a medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de qualquer natureza em detrimento de uma cultura da humilhação que perpassa as competições desportivas no que se relacionam as competições estabelecidas interligadas com a área médica.
O curriculum oculto denota o que verdadeiramente se passa quando se faz uma análise cuidadosa à maneira como se age e a forma das ações deve ser analisada e revelada para que possa ser aprimorada de modo a melhorar o atendimento clínico.
Esse curriculum latente pode ser descrito sob dois pontos de vista: do primeiro, definir-se-ia como um conjunto de práticas educativas e processos pedagógicos que veiculam aprendizagens diferentes das explicitamente consignadas pelos objetivos do curriculum formal, e cujos efeitos últimos, ainda em grande parte desconhecidos, apenas se indiciam.
Do segundo ponto de vista, o curriculum escondido referir-se-ia ao efeito educativo ‘não acadêmico’ que a escola parece promover, mas que não são explicitamente visados pelo curriculum formal; tais conseqüências têm a ver, de um modo geral, com aquisição de valores, socialização, manutenção da estrutura de classes sociais e fomento de atitudes de conformismo.
Em causa estarão as contribuições e os resultados de todos os processos que ocorrem no sistema educativo, e mais especificamente no subsistema curricular, e que não estão sequer explícitos no curriculum prescrito ou formal. A importância dada aos comportamentos, hábitos e atitudes adquiridos desta forma têm sido cada vez mais realçados. Este curriculum peculiar constitui uma parte integrante e efetiva da experiência do aluno na escola e ninguém já contesta a sua influência e importância.
Uma sociedade altamente competitiva e tecnológica é dominada por um tipo de saber, e aparenta ter na escola uma plataforma onde se alicerça uma rede de comunicações transmissora de conhecimentos e valores e promotora de consensos sociais e morais. Mas a realidade é bem outra. A visão de uma escola aberta, generosa para com os seus encobre, na verdade, uma agenda que não é fácil desmascarar.
Este curriculum oculto propiciador de uma socialização normatizada, pautada por uma hierarquia bem vincada, coloca a ênfase nas condições ambientais que afetam as experiências dos alunos.
Desta consideração deduz-se uma série de circunstâncias. Salienta o fato de o curriculum ser fonte de experiências, mas estas realmente só se efetivam levando em linha de conta as condições de existência, isto é, as circunstâncias contextuais em que se realizam fazem parte do próprio processo. Ao olhar o curriculum apenas como um conjunto de experiências planificadas, chega-se rapidamente à conclusão que tal acepção é insuficiente para a sua apreensão, e até empobrecedora.
Canibalismo:
Canibalismo substantivo masculino que significa ato de um animal devorar outro da mesma espécie.
Devorar é comer avidamente, consumir, destruir, submergir, dissipar.
O termo tem origem no idioma arawan, por via do espanhol Caribales ou Canibales, falada por uma tribo indígena da América do Sul conhecida por manter essa prática. Cariba em arawak, significa "corajoso".
A prática, conforme afirmam antropólogos e arqueólogos, era encontrada em algumas comunidades ao redor do mundo. Na maioria dos casos, consiste num tipo de ritual religioso com atributos mágicos como uma forma de prestar seu respeito e desejo de adquirir as caraterísticas daquele que é consumido.
Um dos grupos canibais mais famosos são os astecas, que sacrificavam seus prisioneiros de guerra e comiam alguns deles. Eles comiam os prisioneiros de guerra e outras vítimas, numa prática conhecida como exocanibalismo ou exofagia, ou seja, canibalismo praticado em indivíduos de tribos diferentes. O canibalismo que consiste no acto de consumir parte dos corpos de seus parentes e amigos mortos, é chamado de endocanibalismo.
Os poucos casos de canibalismo de humanos registrados na história da sociedade ocidental moderna estão ligados a situações limites, satisfação do instinto de sobrevivência do indivíduo perante uma opção de vida ou morte.
Em 1846, um grupo de 90 pessoas liderado por George Donner ficou preso em uma nevasca na Califórnia. Os sobreviventes tiveram que comer a carne de seus companheiros mortos para permanecerem vivos. Uma história semelhante ocorreu em 1972. Um avião da Força Aérea do que transportava a Selecção deRúgbi, despenhou na Cordilheira dos Andes. Apenas 16 pessoas se salvaram. O estoque de alimentos a bordo acabou rapidamente e o único meio encontrado pelo grupo para sobreviver foi recorrer aos corpos dos colegas mortos.
Do ponto de vista legal, o canibalismo de humanos, quando não se trata de uma situação limite, enquadra-se como crime de mutilação e profanação de cadáver e um grave desrespeito pela dignidade da pessoa humana. Segundo os valores da sociedade ocidental, é um ato repugnante e imoral.
Os líderes tribais das ilhas Fiji comiam a carne de pessoas consideradas especiais em sua comunidade. Para isso, utilizavam talheres próprios, que não podiam ser usados para consumir qualquer outro tipo de "alimento". Os habitantes da Ilha de Páscoa gostavam bastante de carne humana. Os banquetes eram promovidos em lugares isolados e apenas os homens podiam participar. Em 1912 um grupo de haitianos matou e comeu uma garota de 12 anos em uma cerimônia Voodoo.
Para compensar as carências de proteínas, passaram a realizar um ritual onde os homens ficavam com os músculos, enquanto as mulheres e crianças, com o cérebro de outros membros da tribo que tinha falecido.
Na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, havia na terra algumas tribos de índios canibais. Mas os nativos não viam a carne humana como um mero petisco. Eles devoravam seus inimigos por vingança e acreditavam que, ao comer seu corpo, adquiriam o seu poder, os seus conhecimentos e as suas qualidades. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. Hoje em dia, a tribo dos Ianomâmis ainda conserva o hábito de comer as cinzas de um amigo morto em sinal de respeito e afeto.
Canibalismo Simbólico:
O corpo constitui-se num depósito de metáforas; em sua economia com o mundo, seus limites, fragilidade e destruição, o corpo serve para dramatizar e, de alguma maneira, escrever o texto social. O canibalismo é um momento radicalmente instável do corpóreo e, como Freud supunha, uma dessas imagens, desejos e medos primários a partir dos quais se imagina a subjetividade e a cultura. Na cena canibal, o corpo devorador e o devorado, assim como a devoração mesma, providenciam modos de constituição e dissolução de identidades. O canibal desestabiliza constantemente a antítese dentro/fora; o canibal é – parafraseando Mikhail Bakhtin – o "corpo eternamente incompleto, eternamente criado e criador", que se encontra com o mundo no ato de comer e "se evade de seus limites", engolindo. O canibal não respeita as marcas que estabilizam a diferença; pelo contrário, flui sobre elas no ato de comer. Acaso esta liminaridade que se evade – que traspassa, incorpora e indetermina a oposição interior/ exterior – suscita a frondosa polissemia e o nomadismo semântico do canibalismo; sua propensão metafórica.
Como imagem etnográfica, como tropo erótico, ou como freqüente metáfora cultural, o canibalismo constitui uma maneira de entender os outros, assim como a mesmice, um tropo que comporta o medo da dissolução da identidade, e inversamente, um modo de apropriação da diferença. O outro que o canibalismo nomeia está localizado atrás de uma fronteira permeável e especular, cheia de armadilhas e de encontros com imagens próprias. O canibal nos fala do outro e de nós mesmos, de comer e ser comidos, do Império e de suas fraturas, do selvagem e das ansiedades culturais da civilização.
A alimentação do homem é um dado cultural que tem uma importância pelo menos igual àquele pura e simplesmente alimentar. Reservando uma atenção particular à relação que se encontra entre dado cultural e dado alimentar.
Deve-se levar em consideração o fato de que estamos falando de um alimento muito particular: trata-se do homem que se torna dentro de uma estrutura altamente simbólica alimento para outro homem, o qual, por sua vez, vive na perspectiva, altamente significativa para sua cultura, de se tornar, um dia, ele mesmo alimento para os outros.
Pelo fato de reconhecer a importância do dado cultural no que diz respeito à alimentação do homem, a Antropologia se apresenta como perspectiva de análise imprescindível.
Na contemporaneidade, a expressão “comer o outro” assume conotações simbólicas que aproximam seu significado a devorar, consumir, matar, vencer. Possuindo uma expressão significativa para tal posicionamento simbólico no campo do esporte. O esporte passa a permitir que o sujeito expresse seu instinto primitivo de uma forma figurada sem ameaçar a sociedade ou ser punido por ela.
Comer o outro seria o sinal e a afirmação da alteridade entre quem come e o que é comido. O canibalismo a não ser de forma muito pontual para sinalizar o contraste entre os dois fenômenos: onde se come o inimigo com raiva e gula, come-se o parente chorando, com repulsa e segurando a carne desfiada entre pequenos palitos.
A preocupação em comer o corpo de um parente seria informada pela lógica da guerra: comia-se o próprio morto para que outros não o comessem. Esta interpretação parte da lógica de uma economia simbólica em que se supõe que o canibalismo é motivado pelo interesse na incorporação de energias e forças vitais, evitando que estas passem para o inimigo, ou reincorporando o que a sociedade perdeu com a morte de um membro ativo. Este argumento, no entanto, não dá conta das motivações psicológicas e dos aspectos existenciais da prática. Pois se parecia absolutamente possível aos estudiosos imaginar que se comesse um inimigo como expressão de raiva, denotando um estado de alteridade, objetivação e aniquilamento do Outro, não se tinha avançado muito ainda na explicação do que moveria um parente a querer cortar, cozinhar e comer o corpo de um ser amado.
O dispositivo é essencialmente de natureza estratégica, o que significa assumir que se trata de uma determinada manipulação de relações de força, que ora se desenvolve numa determinada direção ora as bloqueia, estabiliza, utiliza... O dispositivo está sempre inscrito num jogo de poder, mas também está sempre ligado a determinadas coordenadas de conhecimento que dele derivam, mas que o condicionam em grau idêntico. O dispositivo consiste no seguinte: estratégias de relações de força, apoiando, e apoiada por tipos de conhecimento.
Forçosamente tenho que insistir em que não estou me referindo à prática de comer carne humana, mas ao que poderíamos chamar de dimensões simbólicas do canibalismo.A análise das transformações e dos diferentes valores ideológicos e simbólicos do canibalismo não tem a ver com a verdade mas com representações e imaginários culturais. Tal qual exemplificado no sentido figurativo de devorar na música “Te devoro” de Djavan: "Teus sinais/Me confundem/ Da cabeça aos pés/Mas por dentro/ Eu te devoro,/ Teu olhar/ Não me diz exato/ Quem tu és/ Mesmo assim/ Eu te devoro..."
Medicina:
Medicina é um ramo da ciência relacionado à manutenção da saúde, sua restauração pelo tratamento das doenças; Objetiva o estudo da promoção da saúde individual e coletiva, mediante a qualidade da assistência, intervenção médica preventiva e terapêutica. Campo de atuação são instituições de saúde (públicas ou privadas) e instituições de pesquisa. Hospitais, clínicas, postos de saúde e consultório próprio.
Atuação do profissional: Cuida do ser humano, escolhendo os melhores procedimentos para prevenir, diagnosticar e tratar suas disfunções e moléstias. Faz diagnóstico, solicita exames, prescreve medicamentos e realiza cirurgias. Pesquisa novas drogas e equipamentos e participa de programas de preservação e de planejamento da saúde coletiva.
O médico humanizado ouve com interesse seus pacientes. Ouvir aprimora a pessoa do médico, dá-lhe mais satisfação profissional, além de aumentar também a satisfação de seus pacientes. Contextualizado ou não pelo conhecimento das humanidades, o que quer que os pacientes lhe contem durante sua vida profissional por si só aumentará o seu interesse no lado pessoal de seus próprios pacientes.
O tema da formação médica tem atraído progressivamente o interesse de pesquisadores e gestores da área da saúde, havendo o entendimento que ele é central para a organização do sistema de saúde no Brasil e para o futuro da medicina no país. Enfoques diversificados como medicina e tecnologia, ética, graduação, reforma de currículo, métodos pedagógicos, pós-graduação, tendências de mudanças, mercado de trabalho, organização do Sistema Único de Saúde, saúde coletiva, entre muitos outros, estão sendo abordados por diferentes autores e a literatura disponível, antes escassa, é enriquecida constantemente, nos últimos anos.
Se o processo de internalização da cultura médica que forma e muita vez deforma o estudante, futuro profissional, é determinado pelos docentes médicos e suas práticas, fica evidente a importância de construir este diálogo de mudança pela reflexão conjunta de médicos em geral, docentes, alunos, usuários, gestores públicos e privados e muitos outros representantes da sociedade civil. Estudos recentes apontam a importância de investigações mais abrangentes sobre os fatores envolvidos no universo do estudante de medicina durante sua formação profissional.
Recentemente na literatura médica internacional e nacional alguns trabalhos que vêm sendo desenvolvidos, por diferentes instâncias e que buscam retratar concepções, diretrizes, representações, iniciativas, práticas, atores, obstáculos e diversos aspectos presentes na educação médica, e assim, solidificam como linha temática de pesquisa, as investigações ligadas a “Educação Médica”.
Envolvendo as discussões na literatura assim como o contexto sociocultural e econômico, pode-se pressupor que as finalidades da educação superior não são simples nem unidimensionais, mas envolvem, ao contrário, um conjunto intencional e subjetivo que tornam a formação profissional mais abrangente do que somente as ações educativas encontradas na sua estrutura curricular.
Assim a partir da década de 90 intensificou-se o número de trabalhos que têm evidenciado o impacto do contexto universitário, constituído tanto pelas atividades do currículo formal que são obrigatórias, quanto pelas extracurriculares, não obrigatórias, sobre o desenvolvimento psicossocial e cognitivo, o rendimento acadêmico e o ajustamento do estudante à Universidade.
Relativo ao universo da formação médica, investigações mais abrangentes ressaltam que, esta não é constituída somente pelo processo de ensino-aprendizagem de habilidades e procedimentos, mas principalmente por um complexo quadro de atitudes que cercam a personalidade deste futuro profissional. O estudante de medicina é muito exigido do ponto de vista do seu amadurecimento emocional e está sujeito a fontes de tensão que geralmente não têm sido contempladas pelo currículo instituído.
Competição e Modernidade:
A tecnologia avançada, o individualismo e a riqueza material tornaram-se mais importantes para o homem moderno que valores morais. A sociedade é baseada no consumo e orientada para a produtividade, dentro deste contexto, o único caminho glorificado é o da competição. E, quando se acredita que a competição é o único e natural caminho, apenas competição será construída.
Segundo Mafgaret mead, socióloga: "O homem tem uma natureza neutra, sendo assim, não é competitivo ou cooperativo em sua essências." Concluiu, que o cooperativismo em uma sociedade, não depende do ambiente físico, do desenvolvimento tecnológico ou do suprimento real dos bens desejados. É a estrutura social que determina se os membros dessa sociedade irão cooperar ou competir entre si.
Atualmente, a escola é o local onde se aprende cada vez mais sobre o universo físico, e muito pouco sobre o mundo interior e subjetivo. O relatório elaborado pela Comissão Internacional para Educação, mais comumente conhecido como Relatório Delors, intitulado "A Educação contém um tesouro", destaca a dificuldade que muitos professores enfrentam em continuar sendo também educadores, em face da grande quantidade de conhecimentos que devem transmitir aos alunos. Freqüentemente surgem situações em que tendo que ensinar cada vez mais e mais, acaba por educar menos e menos.
Na formação médica há muita informação em detrimento da formação do indivíduo. Os jovens envoltos em trocas contínuas, tanto de seu corpo físico quanto da quantidade de informações e mudanças ultra sônicas do mundo moderno, terminam absorvidos pelo fluxo de atividades e responsabilidades dentro e fora de sala de aula. No mercado de trabalho existe a luta pela sobrevivência.
O exercício da medicina tem reforçado demasiadamente valores como: ser o melhor, colocar o foco no resultado e não no processo e na qualidade, objetivar a derrota do oponente ao invés da melhora do desempenho, reforçando assim, atitudes e posturas competitivas através de rivalidade, exploração os semelhantes, com pouca ou nenhuma solidariedade, tendo presente exclusão, violência, destruição ambiental.
Os valores aprendidos serão os que irão ser transmitidos.
Terry Orlick coloca: "Dar uma contribuição ou fazer alguma coisa bem, simplesmente não exige a derrota ou a depreciação de outra pessoa. Pode-se ser extremamente competente, tanto física como psicologicamente, sem jamais se prejudicar ou conquistar o outro. Muitas pessoas ainda acreditam que para "vencer" ou "ter sucesso", é preciso ser um feroz competidor e quebrar as regras. Muitas pessoas parecem achar que para ensinar as crianças a viver e prosperar na sociedade é necessário prepará-las para serem competitivas e tirar vantagens dos outros, antes que os outros o façam”.
Um ambiente competitivo aumenta a tensão e a frustração e pode desencadear comportamentos agressivos. Com relação ao desempenho acadêmico, uma série de estudos demonstra que há maior sucesso quando se trabalha junto com colegas sob uma estrutura de objetivos cooperativos em vez de individualistas ou competitivos.
"A Cooperação é a força unificadora mais positiva que agrupa uma variedade de indivíduos com interesses separados numa sociedade coletiva." Haratmann
Muitos dos desequilíbrios presentes na sociedade decorrem de uma percepção de separação e não interdependência face ao exterior. Através do sistema educativo, os jovens interiorizam a separação entre o mundo humano e o mundo natural. O afastamento face ao que circunda estende-se à relação com o outro, em virtude da extrema valorização do individualismo, que conduz ao exacerbar da competição para alcançar o sucesso no mercado de trabalho. Este caminho conduz à beira do abismo. O objetivo de cada um obter o máximo lucro em curto prazo, está levando a um desequilíbrio de proporções planetárias.
Apesar da valorização da razão, continua-se a trilhar um percurso de irracionalidade.
Relacionando o fator competição com a medicina enumeram-se inúmeras facetas de tal relação, que irão desde a formação, até a prática médica por parte do profissional formado. A relação é ampla, e já começa com a ilusória esperança que o estudante tem de vencer a morte, em uma competição diária pela vida, tão bem exemplificada pela música “O Pulso” de Arnaldo Antunes. Outra forma é a prática desportiva que poderá acompanhar o profissional desde sua formação, até o seu trabalho principalmente se o mesmo optar por áreas de medicina esportiva.
Mas a prática médica é arte, e deve abolir competições em detrimento de uma possibilidade que permita a expressão do ser, o que pode ser comprovado inclusive na área esportiva, mas não da forma que tem sido incentivada atualmente.
No Dicionário Aurélio a palavra competição consta como sinônimo de luta, desafio, disputa, rivalidade. E a palavra Cooperação como comum, colaboração, ajuda, auxílio.
Follett, afirma que, ao competir, as paixões e interesses estão em conflito com paixões e interesses do outro e o "poder-sobre" (se um ganha, o outro perde; se um domina, o outro é dominado; se um se alegra, o outro se entristece) passa a ser o meio de resolução destes conflitos.
Já, em um processo de cooperação, essa relação muda. Sua base está no "poder-com": se um ganha, todos ganham, pois este é o poder legítimo. Para cooperar é necessário um alto grau de convivência e de doação, assim como uma boa relação consigo mesmo, o que é um desafio para a maior parte das pessoas, sendo mais fácil colocarem a necessidade de mudança no outro, e com isso se omitir. Lannes descreve que durante toda a vida se é educado para encontrar alguém em quem colocar a culpa e relata como as crianças aprendem desde muito cedo a se defender encontrando o culpado. "... Não fui eu, não! Com essa frase, nossas crianças aprendem desde pequenas a se defender de possíveis punições dos adultos, quando algo sai errado.
Como trabalhar em conjunto sem querer ganhar do outro a todo custo? Como pode se desenvolver enquanto equipe quando o foco está em competir?
Quando se tem a consciência deste contexto e dos efeitos de ambas as polaridades, Competir ou Cooperar passa a ser uma questão de escolha pessoal.
A competição é muito forte na sociedade, sendo reforçada a cada instante como natural e único caminho; Quando a pessoa busca um caminho diferente é estimulada, direta e indiretamente a seguir com a maioria e precisa de uma força muito grande para insistir em um caminho alternativo. O condicionamento para a competição está de tal forma instalado dentro do ser humano que quando ele percebe (se é que percebe), já foi.
Dudley Lynch e Paul Kordis do Brain Technologies Institute, criaram a Metáfora do Golfinho, da Carpa e do Tubarão, que demonstra três padrões básicos metafóricos de funcionamento no mundo. A carpa considera-se uma vítima conformada com seu destino. O tubarão é agressivo por natureza, agride mesmo quando não provocado. Os golfinhos são dóceis por natureza defendem-se quando atacados, se um grupo de golfinhos encontra uma carpa sendo atacada eles defendem a carpa e atacam os seus agressores.
Partindo desta metáfora, é perceptível: Omissão, Competição e Cooperação. C.G.Jung, coloca que "O desacordo consigo mesmo produz o estado neurótico, a libertação deste estado só sobreviverá quando se puder existir e agir em conformidade com aquilo que é sentido como sendo a própria e verdadeira natureza".
Canibalismo e Medicina:
A resposta adaptativa tem repercussão imediata na saúde individual e coletiva, contribuindo para o surgimento de danos, como por exemplo, o estresse crônico e a dor crônica.
Define-se estresse como a força física ou psicológica que, quando aplicada a um sistema, é suficiente para provocar tensões ou distorções, ou quando muito grande, alterações no sistema. Os indivíduos experimentam estresse quando defrontam-se com situações de vida que exigem a tomada de providência para resolver algum problema ou crise.
Observa-se, já há algum tempo, uma crescente preocupação com a humanização da medicina. Essa preocupação se evidencia tanto na população assistida, através de suas solicitações de uma atitude menos fria por parte do profissional que a assiste, quanto no interior do sistema médico. De fato, esse fenômeno é comprovado pelo aumento da oferta de cursos de extensão sobre humanização e pela preocupação com essa temática presente nas diretrizes curriculares do curso de graduação.
Essas diretrizes, além de fazerem referência direta a um perfil do egresso com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, apresentam uma recomendação para que seus currículos contemplem a capacidade reflexiva e compreensão ética, psicológica e humanística da relação médico-paciente, bem como a indicação para que a estrutura do curso inclua dimensões éticas e humanísticas.
Atualmente, a medicina vive um momento de excelência no que se refere às técnicas utilizadas e à eficácia das mesmas; no entanto, paradoxalmente, também se evidencia um crescente mal estar em relação a sua prática. A frieza e a dificuldade do profissional na relação com o paciente são os principais elementos apontados como causadores desse descontentamento.
O que, por vezes, se perde de vista é a exigência, sofrida por esse profissional, de realizar uma tarefa que o expõe, mais do que na maioria das profissões, a situações estressantes e de forte conteúdo emocional e cujas conseqüências não são questionadas. De fato, uma prática na qual se lida com pessoas implica a necessidade de humanização; contudo, não devemos perder de vista que, no quotidiano de seu trabalho, o médico se defronta com situações de dor e morte, o que traz a essa profissão um alto índice de ansiedade.
Tal problema se evidencia também entre os alunos que, em virtude das intensas demandas do currículo do curso e do contato com doenças graves e morte de pacientes, estão sujeitos a um forte estresse.
A literatura sobre as doenças ocupacionais em Medicina tem abordado o problema dos riscos à saúde inerentes à prática médica. Um ponto importante em relação ao trabalho altamente ansiogênico da formação profissional.
O período de transição aluno-médico, a responsabilidade profissional, o isolamento social, a fadiga, a privação do sono, a sobrecarga de trabalho, o pavor de cometer erros e outros fatores inerentes ao treinamento estão associados a diversas expressões psicológicas, psicopatológicas e comportamentais que incluem: estados depressivos com ideação suicida, consumo excessivo de álcool, adição a drogas, raiva crônica e o desenvolvimento de um amargo ceticismo e um irônico humor negro.
A graduação é um processo de desenvolvimento no qual o residente deve fazer um balanço entre o desejo de cuidar e o desejo de curar, lidar com sentimentos de desamparo em relação ao complexo sistema assistencial e estabelecer os limites de sua identidade pessoal e profissional.
A experiência com formação tem mostrado que os educandos são submetidos a diversos tipos de estresse durante o treinamento e que estes fatores estressantes podem produzir efeitos danosos afetando a qualidade da assistência prestada aos pacientes. Diversos trabalhos tem demonstrado que a implementação de programas de assistência produz uma melhoria tanto na qualidade da capacitação profissional para lidar com o estresse do treinamento como também na qualidade de vida pessoal com um melhor relacionamento com os pacientes.
Levando em conta o fato de o ambiente médico ser de alta competitividade, essa maneira de lidar com as situações são incorporadas pelos acadêmicos que tendem a transmiti-las não só para o ambiente clínico no futuro, mas também a transpor a situação para o ambiente de descontração que consiste na prática desportiva oferecida durante o curso.
Essa tendência acaba por acarretar uma competição exacerbada no que tange as praticas desportiva, dificultando assim a ação recreadora que a mesma devia assumir, o que pode ser evidenciado pela forma com que o campeonato entre os acadêmicos tem se organizado nos últimos anos. A organização do Intermed, do Copamed e de outros tem se aproximado de eventos profissionais e acabam sendo uma forma de aumentar a competição entre os educandos chegando a pontos que são considerados agressivos na competição entre os times.
E a atividade que era para ser de descontração e interação acaba por se tornar uma guerrilha com normas bem estabelecidas onde a principal arma é a humilhação pra culminar em uma prática de bullying escolar.
Sendo que o termo bullying compreende todas as formas de maneiras agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivo evidente e são tomadas por um ou mais estudantes contra outro, causando traumas, e são executadas dentro de uma relação desigual de poder.
A prática de atos agressivos e humilhantes de um grupo de estudantes contra um colega, sem motivo aparente é conhecida mundialmente como bullying e bully significa brigão, valentão.
O bullying é um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola. Os que o praticam têm grande perspectiva de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delituosas ou delinqüentes, que são indesejadas principalmente na medicina.
Vestibular:
Considerado um dos vestibulares mais exigentes e disputados do mundo, o vestibular de medicina exige do vestibulando que deseja entrar em uma boa universidade uma preparação extraordinária.
Vestibulandos extremamente bem preparados muitas vezes são reprovados no vestibular de medicina por apenas um ou dois pontos. Por isso, para ser aprovado no vestibular de medicina o estudante precisa não apenas ter um amplo conhecimento da matéria, mas ser melhor que os demais competir. Medicina foi uma das primeiras carreiras a exigir um vestibular para o ingresso na faculdade. Foi também o responsável pela criação dos primeiros cursos pré vestibulares (cursinhos) do país.
Medicina, curso tradicionalmente mais disputado nas universidades de norte a sul do país. A graduação está no topo da lista de concorrência do vestibular das universidades.
E, não é só para entrar na faculdade que medicina exige dedicação. Quem quer cuidar da saúde humana precisa estudar muito durante a faculdade e também depois de formado. Com duração de seis anos, a graduação de medicina é a mais longa do país. A maioria dos cursos divide esse período em três ciclos de dois anos.
A maioria opta por cursar uma residência médica em uma determinada área. Essa especialização pode durar de dois anos até cinco. É preciso passar por um processo seletivo para conseguir vaga no programa de residência de grandes hospitais. Para o professor Jorge, da Unifesp, durante a faculdade, o aluno deve “aprender a aprender sozinho”, porque a graduação dá uma formação básica em seis anos, mas o profissional precisa “continuar aprendendo durante a vida toda”.
Prática despotiva no curso de medicina:
O primeiro fim das Universidades, tal como se encontra expresso na lei é a formação dos seus estudantes. Esta é concebida como uma formação integral, englobando as componentes humana, cultural, científica e técnica. A prática desportiva constitui, hoje em dia, um elemento indispensável à concretização dessa formação integral, devendo complementar de forma harmoniosa e saudável a atividade curricular associada à docência e à investigação, numa perspectiva essencialmente cultural e social que permita a afirmação plena das potencialidades do indivíduo e do cidadão.
Depois de muitos anos em que, aparentemente, viveu de forma fechada sobre si mesmo, o desporto parece agora ter enveredado por uma via de mudança e de adaptação a um novo mundo também ele em constante transformação. Todos os dias se geram novas idéias, novas atitudes, novos modelos organizativos e novas práticas que nos obrigam a pensar e a conceber o desporto de formas diferentes e inovadoras.
O reconhecimento do papel do desporto e das atividades lúdicas na formação do estudante é, hoje em dia, consensual e inquestionável. Os modos de estruturar essa função são, porém, diversos e variam de caso para caso. Uns recriam a estrutura do tradicional desporto de alto rendimento, integrando-se nele a maioria dos casos; outros optam claramente por atitudes menos formais, privilegiando a componente lúdica e social da atividade desportiva; outros ainda inserem a atividade desportiva no currículo, sendo neste caso exigido aos alunos um conjunto de comportamentos, conteúdos e participações em acontecimentos previamente definidos sob a forma de créditos escolares.
É possível e desejável que coexistam, na comunidade universitária, os diversos níveis de prática desportiva, desde o lazer e a atividade de manutenção da condição física e da saúde.
Porém, enquanto componente fundamental de uma formação integrada e global, o desporto na universidade não deve ser encarado como um processo limitado de ocupação apenas para aqueles que demonstrem aptidões para a prática desportiva de níveis mais elevados. Muito mais do que isto (que também tem, naturalmente, o seu lugar na universidade), o desporto deve ser concebido como uma prática vocacionada para a formação de todos os estudantes, devendo igualmente ser oferecido ao conjunto da comunidade universitária, incluindo, portanto docentes, investigadores e funcionários.
Esta concepção da prática desportiva como fator formativo, cultural e social nuclear exige mesmo outro tipo de preocupações, como a procura de uma relação profunda entre as atividades escolhidas e os hábitos desportivos tradicionais das comunidades em que as universidades se inserem, seja no plano do desporto mais convencional, seja nas atividades ligadas à expressão corporal, ou nas atividades de exploração da natureza.
A promoção de atividades desportivas comporta encargos muito elevados, seja na aquisição de espaços, na construção de infra-estruturas ou na sua manutenção. No caso de uma prática desportiva sistemática e generalizada a toda a população estudantil universitária, os investimentos nela envolvidos correspondem, certamente, a montantes não passíveis de serem suportados pelos orçamentos das universidades.
No planejamento da respectiva atividade desportiva, cada universidade pode encontrar modelo específico e soluções concretas, quer através de uma intervenção com o envolvimento social, quer através de apoios especiais em áreas como a dos horários escolares ou do estatuto dos estudantes praticantes, quer através de protocolos de colaboração com outras universidades nacionais ou estrangeiras.
O desporto na Universidade deve entender-se como uma componente importante da formação dos estudantes e deve por isso ser desenvolvido numa dimensão aberta à participação saudável, voluntária e ativa da generalidade dos universitários.
No plano orgânico, cada universidade deve criar os seus Serviços Desportivos, ou seja, uma estrutura capaz de enquadrar as atividades desportivas dos estudantes, garantindo a continuidade das políticas determinadas pelos órgãos universitários competentes.
Em se tratando de competições desportivas universitárias, cita-se a Intermed que designa a interação desportiva entre os estudantes de medicina, realizados em diversos estados. Sendo: 1-Intermed Sul (realizado entre os estudantes de PR, SC e RS); 2-Intermed Minas (realizado entre os estudantes de MG); 3- Intermed São Paulo (realizado entre os estudantes de SP).
A Intermed foi criada em 1967, envolvendo dez faculdades de medicina do estado de São Paulo. Tradicionalmente realizada na Semana da Pátria, em alguma cidade do interior paulista, é uma das principais competições esportivas universitárias do País.
Com o aumento no número de faculdades de medicina no estado, criou-se em 1974, a Pré-intermed, realizada na semana da Páscoa, concedendo acesso à Intermed às suas duas primeiras colocadas. Em contrapartida, a partir daquele ano, as duas últimas colocadas da Intermed passaram a ser reibaixadas à Pré-Intermed subsequente.
Após a edição de 2005 da Intermed, vencida pela Escola Paulista de Medicina, a Atlética da Medicina USP retirou-se da competição, alegando motivos de segurança. Muitas reuniões e discussões entre as Atléticas aconteceram, houve várias mudanças de posição durante o ano de 2006, e após a não-realização da Pré-Intermed daquele ano devido a embates jurídicos entre as Atléticas, a Intermed passou a ser organizada pela Liga Esportiva das Escolas de Medicina de São Paulo (LEMSP), com o apoio da Associação Paulista de Medicina (APM).
As edições de 2006 e 2007 da Intermed foram disputadas por 12 escolas, sem rebaixamento. A edição de 2007 da Pré-Intermed foi disputada por 6 escolas, porém não concedeu acesso à Intermed.
A partir de 2008, o formato tradicional da Intermed será resgatado, com 10 participantes disputando a Intermed, sendo 2 destas vagas disputadas pelas participantes da Pré-intermed do ano corrente.
Das 19 faculdades anteriormente envolvidas na Pré-Intermed/Intermed, apenas a Medicina USP não retornou desde o episódio da cisão.
A Intermed engloba as seguintes modalidades, atualmente: atletismo, basquete, beisebol, futebol, futsal, handebol, judô, natação, tênis, tênis de mes, vôlei, xadrez.
A primeira edição do Intermed-Minas foi realizada em Barbacena, no ano de 1994, sendo uma evolução do modelo paulista que, com 35 anos de existência, é consagrado como o maior evento esportivo universitário da América Latina.
Nesta edição, a Intermed contava apenas com 4 faculdades: Uberlândia, Uberaba, Pouso Alegre e Alfenas. Aos poucos o evento foi crescendo e envolvendo um número maior de faculdades mineiras.
A Intermed Minas são os Jogos anuais das Escolas de Medicina do Estado de Minas Gerais. Hoje se apresenta como o maior evento esportivo universitário de Minas Gerais e um dos maiores do Brasil. Mobilizando 10 cidades, 12 faculdades de medicina, aproximadamente 3.000 atletas e alunos e impactando cerca de 5.000 estudantes de medicina.
Cidades Sedes Intermed Minas Gerais
1995 – Uberaba
1996 – Pouso Alegre
1997 – Alfenas
1998 – Itajubá
1999 – Uberlândia
2000 – Barbacena
2001 – Lavras
2002 – Alfenas
2003 – Uberaba
2004 – Lavras (organização: Pouso Alegre)
2005 – Itaúna (organização: Ciências Médicas, BH)
2006 – Alfenas
2007 - Itabira (organização: UFMG)
2008 - Uberlândia
A Intermed Sul é um evento de competições esportivas, festas e interação entre os estudantes das faculdades de medicina da região Sul do Brasil. Ocorre anualmente, geralmente durante um feriado do mês de novembro, em uma faculdade-sede. Normalmente a faculdade-sede proporciona o alojamento dos estudantes e, conforme a estrutura da faculdade, os locais de competições esportivas.
Para se inscrever no evento, o participante deve ser estudante de uma faculdade de medicina do Rio Grande do Sul, Santa Catarina ou Paraná. Também são permitidas inscrições de médicos formados.
Os alojamentos geralmente são as salas de aula da faculdade-sede. Uma exceção foi a edição de 2007, em Bruque, pois não havia uma faculdade-sede. Nesta ocasião os participantes se alojaram em um pavilhão de eventos da cidade.Aproximadamente 30 delegações de faculdades ficam alojadas geralmente em salas de aula da faculdade-sede, ginásios ou salões de eventos. Os participantes devem levar material para dormir. Geralmente os participantes levam colchões pequenos ou infláveis, e barracas.
Uma grande fonte de reclamações sobre os alojamentos do Intermed Sul são os banhos, geralmente realizados com chuveiros improvisados. Às vezes há falta de água, devido à grande demanda de usuários.
As modalidades dos jogos no intermed sul são geralmente as seguintes: Atletismo, basquetebol, bola oito, futebol suiço, futsal, handebol, judô, natação, pebolim, tênis, tênis de mes, truco paulista, truco gaucho, voleibol, vôlei de praia e xadrez.
Para acompanharem as competições esportivas, é fornecido aos estudantes, quando necessário, transporte até os locais de competição. São distribuídas premiações para os vencedores de cada esporte. Geralmente há uma festa em cada noite do evento. A grande maioria dos participantes vai à festa, independentemente de algumas competições esportivas serem realizadas pela manhã do dia seguinte. Já foram realizadas doze edições do evento. Em 1998 o evento não foi realizado. Em 2007 o Intermed Sul foi realizado em Brusque, a primeira cidade neutra (sem faculdade de medicina) a realizar o evento.
Relatos acerca dos absurdos da Intermed:
Morreu um sujeito (aparentemente) bêbado no JUCA, os Jogos Universitários entre escolas de comunicação (USP, Metodista, etc...). O rapaz era da Cásper Líbero e tinha desaparecido. Recebi uma mensagem eletrônica que citava a sua morte, afogado num rio.
Com intensidade maior ou menor, esses casos em jogos universitários acontecem uma vez sim e a outra também. Não faz muito tempo, um estudante de medicina morreu no Inter Med. Não sou contra os jogos. Quer dizer, sou contra eu ir. Detesto-os, mas sou favorável à existência deles. Desde que os gritos de torcidas, as festas ruins e os abadás fiquem longe de mim.
Tenho uma teoria. É mais sobre tragédias em festas do que sobre mortes em jogos universitários. Acho que a violência e as tragédias aumentam muito quando gente que sai pouco sai em massa. Quem sai pouco não bebe regularmente. E não sabe quanto basta para encher a cara.
Sei que é pedante dizer isso, mas digo isso por experiência. Faz tempo em que alterno fases em que freqüento bastante a noite e outras nas quais fico mais recluso. As noites que causo mais estragos são as que acontecem quando estou passando por uma dessas fases de "retiro", mas resolvo sair e beber.
Dizem que a Elis Regina morreu de overdose porque não usava cocaína. Ela não tinha noção de quanto era muito e cheirou até morrer. Bastante verídica essa versão. Acho que algo semelhante deve ter acontecido com o infeliz rapaz da Cásper. (Gutierrez)
É muito divulgada a agressão entre torcidas de times de futebol. Mas não são só esses torcedores do esporte que praticam tais atos violentos.A violência também está presente em jogos amistosos entre universidades, como o Intermed.O Intermed é organizado por associações atléticas dos cursos de medicina.O clima, que deveria ser de confraternização, terminou em violência durante a comemoração do time vitorioso, quando uma estudante de medicina da Unicamp foi atingida por uma tijolada. Isso ocorreu durante um jogo entre alunos dos cursos de medicina da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica (PUC), também de Campinas. A aluna passou por cirurgia e está bem, na medida do possível para quem levou uma tijolada no rosto.A PUC-Campinas informou que aguarda a conclusão do inquérito. A Unicamp lamentou as agressões e disse que o evento é organizado pelas associações. O secretário-geral do Intermed 2007, Fernando Carfa, da Escola Paulista de Medicina, disse que uma comissão apurará a briga. Segundo ele, as associações podem ser multadas.
13/09/2007 - 07h29
Jovem leva "tijolada" durante briga de alunos de medicina
MAURÍCIO SIMIONATOda Agência Folha, em Campinas
Uma briga entre estudantes de medicina da Unicamp e da PUC-Campinas durante jogos estudantis em Santa Rita do Passa Quatro (253 km de SP) deixou uma estudante de 22 anos com fraturas no rosto, após ser atingida por um tijolo.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a agressão. A pancadaria entre as torcidas foi na última quinta-feira, após jogo pelas quartas-de-final do torneio de handebol masculino no 41º Intermed (torneio esportivo anual de estudantes de medicina).
A briga se estendeu pela noite e o dia seguinte, com invasões mútuas de alojamentos e novas agressões. Houve registro de pelo menos três boletins de ocorrência. O delegado Domingos Mattos disse que um aluno do quarto ano da PUC-Campinas é suspeito de atirar o tijolo. "A identificação foi feita por um fita com imagens da briga. Ele responderá por lesão corporal dolosa [intencional]." O crime prevê prisão de três meses a um ano.
A estudante ferida, do segundo ano da Unicamp, passou por três horas de cirurgia plástica ontem para reconstituição dos ossos do rosto. Segundo o Hospital de Clínicas da Unicamp, ela foi atingida perto do olho esquerdo, mas não teve a visão comprometida nem terá seqüelas neurológicas. A mãe dela afirmou que a família não quer se manifestar por ora.
O Intermed é organizado por associações atléticas dos cursos de medicina. O torneio, com 5.000 estudantes, acabou no sábado, após uma semana de jogos entre 12 escolas do Estado. A briga envolveu entre 30 e 50 pessoas. Estudantes das duas universidades deram versões diferentes para o caso.
"Depois do jogo, a torcida da PUC-Campinas bloqueou nossa saída do ginásio enquanto comemorávamos a vitória. Começaram a atirar pedras e latas na gente", disse a vice-presidente da associação atlética da Unicamp, Thais Manzione, 24.
O presidente da associação atlética da PUC-Campinas, Milton Kurimori, 23, negou o bloqueio e afirmou que as duas torcidas atiraram objetos.
A PUC-Campinas informou que aguarda a conclusão do inquérito. A Unicamp lamentou as agressões e disse que o evento é organizado pelas associações. O secretário-geral do Intermed 2007, Fernando Carfa, da Escola Paulista de Medicina, disse que uma comissão apurará a briga. Segundo ele, as associações podem ser multadas.
Acompanhe as notícias da Folha Online
Acadêmico perde dedo em pré-intermed: Um acadêmico de medicina feriu sua mão esquerda gravemente devido a um acidente com fogos de artifício em Araras, município de São Paulo. Na ocasião, acadêmicos de diversas faculdades de Medicina participavam da pré-Intermed, competição esportiva que tem por objetivo reunir estudantes de diversas faculdades de medicina do estado de São Paulo para disputarem entre si em diversos esportes.
O estudante foi levado ao Hospital São Paulo e teve seu dedo polegar amputado.
Infelizmente, ano após ano muitos estudantes têm deixado o espírito pacífico e a sua consciência de futuro profissional da saúde de lado e aproveitado para cometer excessos, fazer baderna e agredir fisica e verbalmente seus colegas de outras universidades. Os estragos nessas competições já foram tão grandes anteriormente que alguns municípios hoje relutam e preferem não sediar esses eventos.
Esperamos que o espírito saudável de competição pacífica unicamente nos esportes um dia vigore nessas competições.
Autor DELMA MEDEIROS Da Agencia Anhanguera
Título DIARIO DA GUERRA
Nota Sumária A competicao ate pode lembrar uma miniolimpiada, mas o espirito olimpico esta bem distante da Intermed, o torneio esportivo que congrega os estudantes de Medicina do Estado. Segundo depoimentos dos estudantes, os confrontos entre torcidas de faculdades rivais sao frequentes durante os jogos, seja em agressoes verbais, atentados contra veiculos, invasao de alojamentos, ou o mais recente, de arremesso mutuo de objetos, que culminou na tijolada que a estudante P.R.F., de 22 anos, recebeu no rosto. O incidente aconteceu no ultimo dia 6, durante uma briga de torcidas logo apos um jogo de handebol, entre as equipes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Pontificia Universidade Catolica de Campinas (PUC-Campinas). E na madrugada do dia seguinte, alguns alunos da PUC teriam ido ate o alojamento da torcida da Unicamp e, armados com bambus, agredido rivais. A situacao registrada nos torneios levou a Atletica (grupo vinculado aos Centros Academicos e responsavel pela organizacao das competicoes) de Medicina da Universidade de Sao Paulo (USP) a abandonar a Intermed em 2005, em repudio pela violencia nos jogos. �O historico de violencia nos jogos vem de varios anos. Por isso, em 2005, quando ocorreram novos incidentes, decidimos nao participar mais�, explicou um representante da entidade, que preferiu nao se identificar. Segundo o presidente da Atletica da PUC, Milton Kurimori, no dia seguinte ao confronto que gerou a pedrada, 30 estudantes da delegacao da Unicamp agrediram fisicamente integrantes da Atletica no alojamento em que estavam, fato que foi registrado em boletim de ocorrencia. Kurimori tambem levantou duvidas se foi mesmo um aluno da PUC a atirar a pedra. O confronto ocorreu fora do ginasio e envolveu estudantes de varias faculdades. A pedra pode ter sido jogada por qualquer pessoa�. Ja a vice-presidente da Atletica da Unicamp, Thais Manzione, negou que os estudantes da Unicamp agrediram os da PUC. E mentira. Eles ate foram ao alojamento, mas so falaram sobre a agressao sofrida por P., e avisaram pra que isso nao se repetisse�, rebateu. �E na madrugada do dia 7, alguns alunos da PUC foram ate o alojamento da torcida da Unicamp com bambus, fizeram ameacas e agrediram alguns estudantes�, acrescentou, frisando que a situacao foi contornada com a chamada da policia. Orkut vira palco de debates Em depoimentos no Orkut, estudantes das duas faculdades, lamentam o ocorrido, mas nao se furtam a uma ligeira troca de acusacoes, lembrando as retaliacoes das duas torcidas apos a tijolada. Todos concordam que a situacao chegou a este ponto por falha da comissao organizadora, que nao pune com rigor as faculdades cujos alunos promovem arruacas. O estudante Bruno de Souza, da PUC comparou as torcidas das faculdades com as de times de futebol, que esquecem o esporte e partem para a violencia. Confira alguns depoimentos registrados na rede de relacionamentos Orkut.(DM/AAN) Vitima ja foi operada A estudante P.R.F, de 22 anos, passou ontem por uma cirurgia plastica reparadora no Hospital de Clinicas da Unicamp. De acordo com boletim medico, o procedimento durou 3h15, e transcorreu sem intercorrencias. A cirurgia oftalmologica que estava prevista nao sera necessaria neste primeiro momento. Na avaliacao preliminar nao houve comprometimento da visao. P. foi submetida a uma especie de colagem dos ossos que sofreram minifraturas em decorrencia da pedrada. A estudante passa bem e deve ter alta hoje. (DM/AAN)
Com o passar dos anos, a tecnologia foi tomando parte das vidas e o mundo, está cada dia mais informatizados. Soma-se ao fato de a maioria das pessoas morarem nos centros urbanos, o que favorece a mecanização.
Do ponto de vista da locomoção e trabalhos “braçais” as vidas se tornaram mais fáceis e confortáveis. Porém, com toda essa economia de movimentos e de força para realizá-los temos um custo, a atrofia de todo o organismo.
O simples toque de botão para controlar máquinas que fazem o serviço pesado podem ser agradáveis, cômodas e aumenta a velocidade de execução das tarefas, mas tem um preço: deteriora a saúde.
Ao realizar atividades físicas exercitam-se os músculos, fazendo-os contrair e isto faz com que aja uma maior necessidade de sangue para nutri-los, acelerando o ritmo do coração e da respiração, o metabolismo altera-se, enfim, todo o corpo entra em ação quando nos movimentamos. E estas alterações são benéficas e necessárias para um bom funcionamento orgânico.
Muitos benefícios são adquiridos através da prática de atividades físicas: diminuição da ansiedade melhora da auto-estima, prevenção da depressão, uma melhor qualidade do sono, mais disposição e vivacidade para as atividades diárias, incremento na capacidade de concentração e mudança significativa no humor, são apenas alguns deles. Cada pessoa pode perceber mudanças em seu corpo, mente e também no aspecto social e afetivo quando realiza atividades físicas.
Qualquer atividade que gaste energia de forma significativa e movimente articulações, músculos, tracione os ligamentos e tendões e cause pressões nos ossos são consideradas como suficiente.
Portanto, se a pessoa não gosta de correr, pode caminhar, nadar, pedalar ou simplesmente pular corda. Se não gosta de realizar ginástica com pesos numa academia, pode dançar ou mesmo lavar o carro, limpar o jardim ou passear com o cachorro. A atividade física para fazer bem ao organismo deve ser freqüente e com intensidade adequada.
De acordo com Marcello Montti, atividade física é definida como um conjunto de ações que um indivíduo ou grupo de pessoas pratica envolvendo gasto de energia e alterações do organismo, por meio de exercícios que envolvam movimentos corporais, com aplicação de uma ou mais aptidões físicas, além de atividades mental e social, de modo que terá como resultados os benefícios à saúde.
Os indivíduos mais sujeitos ao sedentarismo são: mulheres, idosos, pessoas de nível sócio-econômico mais baixo e os indivíduos incapacitados. Observou-se que as pessoas reduzem, gradativamente, o nível de atividade física, a partir da adolescência.
A prática regular de exercícios físicos acompanha-se de benefícios que se manifestam sob todos os aspectos do organismo. Do ponto de vista músculo-esquelético, auxilia na melhora da força e do tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações. No caso de crianças, pode ajudar no desenvolvimento das habilidades psicomotoras.
Com relação à saúde física, observamos perda de peso e da porcentagem de gordura corporal, redução da pressão arterial em repouso, melhora do diabetes, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol. Todos esses benefícios auxiliam na prevenção e no controle de doenças, sendo importantes para a redução da mortalidade associada a elas.
Já no campo da saúde mental, a prática de exercícios ajuda na regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, melhora o fluxo de sangue para o cérebro, ajuda na capacidade de lidar com problemas e com o estresse. Além disso, auxilia também na manutenção da abstinência de drogas e na recuperação da auto-estima. Há redução da ansiedade e do estresse, ajudando no tratamento da depressão.
A atividade física pode também exercer efeitos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar.
Quanto maior o gasto de energia, em atividades físicas habituais, maiores serão os benefícios para a saúde. Porém, as maiores diferenças na incidência de doenças ocorrem entre os indivíduos sedentários e os pouco ativos. Entre os últimos e aqueles que se exercitam mais, a diferença não é tão grande.
A prática desportiva nem sempre precisa se relacionar com competições. Podendo ser uma indicação clínica salubre e não competitiva.
“O importante não é ganhar uma medalha, mas simplesmente competir”. -Barão de Coubertin.
A atividade física consiste em exercícios bem planejados e bem estruturados, realizados repetitivamente. Eles conferem benefícios aos praticantes e têm seus riscos minimizados através de orientação e controle adequados. Esses exercícios regulares aumentam a longevidade, melhoram o nível de energia, a disposição e a saúde de um modo geral. Afeta de maneira positiva o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o convívio social.
A escolha é feita individualmente, levando-se em conta os seguintes fatores:
1- Preferência pessoal: o benefício da atividade só é conseguido com a prática regular da mesma, e a continuidade depende do prazer que a pessoa sente em realizá-la. Assim, não adianta indicar uma atividade que a pessoa não se sinta bem praticando.
2- Aptidão necessária: algumas atividades dependem de habilidades específicas. Para conseguir realizar atividades mais exigentes, a pessoa deve seguir um programa de condicionamento gradual, começando de atividades mais leves.
3- Risco associado à atividade: alguns tipos de exercícios podem associar-se a alguns tipos de lesão, em determinados indivíduos que já são predispostos.
A prática de atividade física deve ser sempre indicada e acompanhada por profissional qualificado.
Antes do início da prática de exercícios é preciso passar por uma avaliação médica cuidadosa e realização de exames. Isso permitirá ao médico indicar a melhor atividade, que pode incluir: caminhada, exercício em bicicleta ergométrica, natação, hidroginástica e musculação.
Algumas recomendações são importantes para prática de atividade física:
• Uso de roupas e calçados adequados.
• Ingestão de grandes quantidades de líquidos, antes do exercício.
• Praticar atividades apenas quando estiver se sentindo bem.
• Iniciar as atividades lenta e gradualmente.
• Evitar o cigarro e medicamentos para dormir.
• Alimentar-se até duas horas antes do exercício.
• Respeitar seus limites pessoais.
• Informar qualquer sintoma.
Lesionar para competir :
Nos últimos anos, o desenvolvimento do esporte nacional e internacional tem estimulado maior participação em atividades desportivas, exigindo dos atletas incremento na intensidade e freqüência nos treinamentos e competições, o que impulsiona, ainda mais, os índices de lesões traumato-ortopédicas.
Constata-se alta incidência de lesões, sendo necessário melhor acompanhamento e padronização das avaliações e condutas para os mesmos, recomendando-se estudos futuros que identifiquem em que momento da participação dos atletas ocorrem as lesões, durante o treinamento e/ou durante as provas de cada modalidade esportiva e a relação entre a prevalência de lesões e a classificação dos atletas nas provas.
As lesões osteotenomusculares são as mais freqüentes na prática esportiva. O local de lesão varia com o tipo de esporte praticado. O membro inferior é o local mais acometido pelo maior número de lesões por existir íntima relação entre os esportes mais praticados pela população em geral e os gestos esportivos como o salto e as corridas bruscas. Cerca de 90% das lesões esportivas localizam-se no quadril, coxa, joelho, perna, tornozelo e pé.
“Em estudos com 1.280 pacientes com traumas esportivos, 45% apresentaram lesão no joelho, 9,8% no tornozelo, 7,7% no ombro. Dessas, cerca de 53,9% envolviam apenas partes moles”. - Garrick
A lesão esportiva, na perspectiva do atleta, é a síndrome dolorosa que o impede à prática ou prejudica-lhe o desempenho esportivo costumeiro.
Lesão esportiva é o nome coletivamente utilizado para todos os danos que ocorrem em relação às atividades esportivas. A NAIRS (National Athletic Injury Registration System), nos EUA, indica como lesões reportáveis aquelas que limitam a participação do atleta no mínimo até um dia após o acontecimento que provocou a lesão. A NAIRS classifica a lesão de acordo com o tempo de incapacidade para a prática esportiva em menores (um-sete dias), moderadamente séria (oito-21 dias), séria (acima de 21 dias ou com lesão permanente).
O Conselho Europeu define como lesão aquele incidente que tem como conseqüências: a) redução na quantidade ou no nível de participação;
b) necessidade de suporte médio ou tratamento;
c) efeitos sociais e econômicos
De acordo com o modelo multifatorial de causalidade de lesões musculares, hoje vastamente aceito, é fundamental a aplicação de medidas de proteção e prevenção específicas para os atletas. Tanto os macro quanto os microtraumas têm maior possibilidade de ocorrer quando estão presentes os fatores intrínsecos, como comprometimento da força, equilíbrio, marcha, coordenação, sensibilidade, tônus, flexibilidade e desalinhamento anatômico.
Para os atletas paraolímpicos existem riscos de lesar segmentos não afetados funcionalmente, hiperreflexia autonômica, disfunção da termorregulação, além dos fatores extrínsecos, como uso da cadeira de rodas, órteses, próteses, local inadequado da prática dos esportes, modo irregular de treinamentos. Esses atletas, portadores de tais fatores, devem ser observados e cuidados individualmente, levando em conta suas deficiências, habilidades adicionais e modalidade esportiva praticada.
A literatura aponta que, dentre as lesões esportivas no atletismo mais evidenciadas nos atletas olímpicos, 17 a 76% são músculo-esqueléticas, sendo 20% dessas ocorridas durante as competições, não sendo encontrada nenhuma referência quanto às lesões de atletas paraolímpicos nessa modalidade.
Jogos Cooperativos:
No mundo globalizado, super acelerado repleto de invenções e re-invenções, muitas vezes as pessoas encontram-se tão envolvidas neste contexto que vão vivendo de forma automática, reproduzindo alguns padrões sem saber por quê; ou melhor, sem refletir: Para que?
Os Jogos Cooperativos surgiram da reflexão do quanto à cultura ocidental principalmente valoriza excessivamente o individualismo e a competição.
Na verdade, os Jogos Cooperativos, não são novidade, segundo Terry Orlick "começaram a milhares de anos atrás, quando membros das comunidades tribais se uniram para celebrar a vida".
Segundo Fábio Brotto, "alguns povos ancestrais, como os Inut(Alasca), Aborígenes(Austrália), Tasaday(África), Arapesh(nova Guiné), os índios norte americanos, brasileiros, entre outros, ainda praticam a vida cooperativamente através da dança, do jogo e outros rituais. Portanto, os Jogos Cooperativos, sempre existiram consciente ou inconscientemente."
A sistematização ocorreu a partir de vivências e experiências, na década de 50 nos Estados Unidos, através do trabalho pioneiro de Ted Lentz. Desde então, estudos e programas expandiram-se para muitos países principalmente Canadá, Venezuela, Escócia e Austrália. Hoje, sabe-se de muitos outros que desenvolvem trabalhos com os Jogos Cooperativos de forma profunda e cada vez mais ampla.
Um dos percursores dos Jogos Cooperativos é Terry Orlick, da Universidade de Ottawa no Canadá, que em 78 publicou o livro "Winning Throught Cooperation" (Editado em português como "Vencendo a Competição) obra reconhecida mundialmente, como uma das principais fontes de inspiração e compreensão dos Jogos Cooperativos.
Segundo Terry Orlick, "a diferença principal entre Jogos Cooperativos e competitivos é que nos Jogos Cooperativos todo mundo coopera e todos ganham, pois tais jogos eliminam o medo e o sentimento de fracasso. Eles também reforçam a confiança em si mesmo, como uma pessoa digna e de valor."
A partir de 1980, iniciaram-se os primeiros passos para integrar os Jogos Cooperativos no Brasil, onde podemos destacar Fábio Otuzi Brotto, como seu principal representante.
Segundo Orlick "o principal objetivo do Jogo Cooperativo é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa." Os jogadores se soltam, aquecem, descarregam as tensões físicas e superam reservas pessoais.
Como ir além do jogo:
Em primeiro lugar, é preciso saber qual o objetivo a ser alcançado com o jogo. O jogo traz em si um espaço para a aprendizagem podendo ter seu efeito potencializado, proporcionando aos "jogadores" algo mais. Partindo de uma experiência concreta, que gera uma aprendizagem ativa, pode-se ilustrar pontos de um curso, aula, treinamento, oficina, palestra, etc...
Segundo disse Paulo Freire: "O homem não aprende apenas com sua inteligência, mas com seu corpo e suas vísceras, sua sensibilidade e imaginação." Num processo de aprendizagem o ideal é vivenciar para depois compreender, pois, jogando, estamos simulando diversas situações.
Quando o participante se envolve no jogo, ele o analisa criticamente e extrai algum tipo de "insight", aplicando seus resultados na vida prática. Pode-se dizer, neste caso, que ocorreu uma "Aprendizagem Vivencial".
Carl Rogers (1972) identifica a Aprendizagem Vivencial como um tipo de aprendizagem que tem como especificidade ser "plena de sentido" e apresenta suas características: "Envolvimento pessoal - a pessoa inclui-se no evento da aprendizagem tanto no aspecto afetivo quanto cognitivo; É auto-iniciada - Mesmo com estímulos externos, o senso de descoberta, de captar, de compreender, vem de dentro; É penetrante - por suscitar modificação no comportamento, nas atitudes; É avaliada pelo participante que sabe se a aprendizagem está indo ao encontro de suas necessidades; É verificada pelo elemento de significação que traz ao participante. Significar é a sua essência".
Este processo de transformar a experiência em ação, normalmente não ocorre sozinho, as pessoas necessitam de um tempo de processamento, para tirar conclusões e fazer associações com sua vida.
“Para que ocorra aprendizagem é fundamental cuidar do processamento do jogo”. Moscovici(1995) é proposto neste momento a utilização do Ciclo de Aprendizagem Vivencial, que busca a participação ativa do grupo e a vivência plena no processo.
O ciclo, aplicado ao Jogo, marca as seguintes fases:
1a Vivência - a atividade por meio da experiência concreta: o ato de jogar e se deparar com algo que leve os participantes ao novo;
2a Relato - a análise dessa experiência: através do diálogo e da reflexão dentro do grupo como um todo ou em duplas, trios, etc. Pode ser aberto ou estimulado por questões levantadas.
3a Processamento - a busca da conceituação: associada à fase anterior por meio do entendimento das semelhanças e diferenças e associação da vivencia com padrões de comportamento no grupo e a sistematização da experiência vivida.
4a Generalização - associar a experiência com o dia-a-dia: fazer um breve paralelo, com a realidade, mantendo o foco no tema e no momento do grupo.
5a Aplicação - a proposta de aplicação dessas descobertas na vida real: ocorre uma síntese das reflexões e a proposta das aplicações dessas reflexões ao seu dia-a-dia.
Segundo Maria Rita M. Gramigna (1995), quando as pessoas vivenciam um jogo em todas as fases propostas, elas têm melhor chance de alcançar a aprendizagem por trabalharem, de forma harmônica, os dois hemisférios cerebrais.
Estimulamos o acionamento do hemisfério direito nas fases da vivência e do relato de sentimentos e o esquerdo nos momentos de avaliação, análise e analogias.
Ao fechar o Ciclo de Aprendizagem Vivencial, o comportamento final não somente estará pautado no racional, mas também no emocional, buscando assim, resgatar o ser humano integral.
Fábio Brotto: "Podemos vivenciar os Jogos Cooperativos como uma prática re-educativa, capaz de transformar nosso Condicionamento Competitivo em Alternativas Cooperativas para realizar desafios, solucionar problemas e harmonizar os conflitos”. Quanto mais há envolvimento com a Filosofia da Cooperação, melhor focalizava um jogo e consequentemente os resultados também melhoram.
Se o Jogo Cooperativo está sendo utilizado como ferramenta de transformação e quebra de paradigmas é importante que quem o focaliza, esteja sim, muito envolvido com esse valor.
Na verdade, as pessoas que vivem e utilizam os Jogos Cooperativos passam a ter uma nova visão de si e do mundo. Os Jogos Cooperativos propõe um exercício de ampliação da visão sobre a realidade da vida refletida no jogo. Percebendo os diferentes estilos do jogo-vida é possível escolher com consciência o estilo mais adequado para cada momento.
As pessoas jogam de acordo com o jeito de ver-e-viver cada situação. O ser humano age de acordo com suas crenças e valores. Ele vai responder ao meio que o cerca baseado em seus programas e condicionamentos internos.
Competição e quociente emocional
O brincar faz parte do ser humano e já está mais que comprovado que o riso e a diversão podem melhorar seu QE (Quociente Emocional). Moreno, na teoria do Psicodrama, ressalta a extrema importância da espontaneidade, que vai se perdendo a medida que cresce. Para poder estar flexível e criativo, qualidades imprescindíveis hoje nas organizações, devem-se resgatar a espontaneidade perdida, a capacidade de rir e se divertir.
Como diz Maria Rita: "Quando adotamos atitudes infantis conseguimos ir à nossa essência e transcender o mito realístico do adulto." Vivenciando situações no jogo pode entrar em contato com sensações, impressões e obter insights interessantes que auxiliam nossa postura e conduta no dia a dia e no trabalho.
Só é aplicável em aula de educação física realmente os jogos cooperativos, fazendo da Educação Física, solo fértil para seu desenvolvimento da cooperação, por ser a disciplina que trabalha o corpo e o lúdico.
Talvez num primeiro momento, quando analisado superficialmente, os Jogos Cooperativos sejam vistos como apenas divertidos e interessantes e como não tem um único vencedor, entendidos como brincadeira sem grande profundidade, mas isto é falso. Quando se joga cooperativamente há possibilidade de internalizar valores essenciais ao ser humano e ao trabalho em equipe, aprender a viver melhor em sociedade agregando qualidade ao processo de convivência, e tantos outros benefícios.
Segundo o Prof. João Batista Freire "Um dos fundamentos mais importantes do jogo de equipe é o passe, que necessita de extrema Cooperação. O time que tem mais Cooperação é o que superará o desempenho do adversário. O maior desafio de treinadores de times coletivos é ensinar a passar. Por isso em todo jogo competitivo vamos encontrar Cooperação. É mais fácil encontrar Cooperação em jogos competitivos do que a competição em Jogos Cooperativos".
O mundo está a cada dia mais interligado e os negócios mais complexos e dinâmicos. Uma organização hoje, necessita ter grande capacidade de adaptação à velocidade das mudanças do mundo, e para isso, é necessário que deixem de lado a cultura do controle e da obediência a padrões pré- estabelecidos para cada vez mais voltarem-se a uma dinâmica de aprendizagem e mudança. Peter Senge, Diretor do Centro de Aprendizagem Organizacional do "Massachusetts Institute of Tecnology" – MIT, escreveu o livro "A Quinta Disciplina" no qual apresenta a necessidade das organizações, cada dia mais se transformarem em organizações que aprendem para poderem crescer e sobreviver no mercado.
Senge acredita que cinco disciplinas mostram-se essenciais para a construção da Organização que aprende:
Domínio Pessoal: Através do auto-conhecimento as pessoas aprendem a clarificar e aprofundar seus próprios objetivos, a concentrar esforços e a ver a realidade de forma objetiva.
Modelos Mentais: São idéias profundamente enraizadas, generalizações e mesmo imagens que influenciam o modo como as pessoas vêem o mundo e as suas atitudes.
Visões Partilhadas: Quando um objetivo é percebido como concreto e legítimo, as pessoas aprendem não como uma obrigação, mas por vontade própria, construindo visões partilhadas. Muitos líderes têm objetivos pessoais que nunca chegam a ser partilhados pela organização como um todo. Esta funciona muito mais devido ao carisma do líder ou às crises que unem todos temporariamente.
Aprendizagem em Grupo: Em grupos nos quais as habilidades coletivas são maiores do que as individuais se desenvolve a capacidade para a ação coordenada. A aprendizagem em grupo começa com o diálogo; em outras palavras, começa com a capacidade dos membros do grupo para propor suas idéias e participar da elaboração de uma lógica comum.
Pensamento Sistêmico: Constitui um modelo conceitual, composto por conhecimentos e instrumentos, desenvolvidos ao longo dos últimos 50 anos, que visam melhorar o processo de aprendizagem como um todo e apontar as futuras direções para o aperfeiçoamento.
Senge(1990) focou inicialmente o indivíduo, seu processo de autoconhecimento, de clarificação de seus objetivos e processos pessoais. Em seguida, seu foco deslocou-se para o grupo e, finalmente, através do raciocínio sistêmico, para a organização. O pensamento sistêmico constitui a quinta disciplina, integrando as demais, em um conjunto coerente de teoria e prática, o que evita a visão isolada de cada uma delas.
Utilizando a idéia de modelos mentais de Senge, considerando que na atualidade o processo de aprendizagem organizacional mostra-se fundamental para as organizações, as pessoas são estimuladas constantemente a estar desenvolvendo-se e adquirindo novos conhecimentos para melhorar suas competências, o que é ótimo, pois esta é uma necessidade do ser humano. As pessoas, porém, tem bloqueios e inibições, e precisam de ajuda nesse desenvolvimento, surgindo o treinamento para auxiliar nesse processo.
O ser humano nasce motivado a aprender, explorar o mundo e a beneficiar-se disso. Quando crianças, jogando e explorando o mundo ao redor, o que é fundamental para um desenvolvimento normal, pois durante os sete primeiros anos de vida a personalidade básica do ser humano é estruturada e se formam a maioria das conexões ou sinapses cerebrais.
Nas organizações ainda hoje, muitas vezes confunde-se um profissional sério e responsável com uma postura sisuda e rígida. Essa postura "sisuda", atrapalha um bom QE (Quociente Emocional), pois as emoções negativas e/ou reprimidas tem o poder de perturbar o pensamento, criando uma "estática neural" e sabotando a capacidade do lobo pré-frontal de manter a memória funcional. Portanto, pessoas perturbadas emocionalmente criam deficiências nas aptidões intelectuais.
Quando o homem ri e se diverte, se liberta dos bloqueios, da seriedade paralisante, da rigidez, liberando a consciência, as emoções, o pensamento e a imaginação, que ficam disponíveis para novas possibilidades.
Medicina e Cooperação:
Hipócrates – considerado pai da Medicina, foi o fundador da teoria dos Humores e era um teórico do riso. A doutrina da virtude curativa do riso aparece em seus tratados.
Segundo Morgana Massotti, psicóloga e pesquisadora da "ciência do riso" e seus efeitos sobre a saúde, "o humor permite ao individuo explorar fatos que por obstáculos pessoais, não poderiam se revelar de forma aberta e consciente, o que permite a liberação da energia investida no problema, que então pode ser utilizada em outros pontos importantes, como por exemplo na busca de soluções. O funcionamento dos processos humorísticos é análogo aos mecanismos presentes nos sonhos, e serve de instrumento importante para lidar com conflitos e manutenção do equilíbrio físico e mental."
Quando há liberdade para ver as coisas de forma diferente trabalha-se com mudança de perspectiva da realidade podendo assim transformar essa realidade e aprender com ela. Por tudo isso, os educadores modernos enfatizam mecanismos que desenvolvam e proporcionem estados de harmonia mental, alegria e diversão, promovendo o prazer de aprender utilizando brincadeiras, jogos, dramatizações, simulações, casos, trabalhos de equipe, vivências, artes plásticas e filmes, entre outros instrumentos que enriquecem a aprendizagem tornando-a mais prazerosa, favorecendo o aprendizado e a fixação do conteúdo, assim como a auto-estima dos treinandos.
Segundo Winnicott, as brincadeiras, os jogos, a arte e a prática religiosa tendem, por diversos, mas aliados métodos, para uma unificação e integração geral da personalidade. As brincadeiras servem de elo entre a relação do individuo com a realidade interior e por outro lado, a relação do individuo com a realidade externa ou compartilhada.
Maria Helena Matarazzo coloca, que existem dois tipos de ensinamentos: os Ensinamentos da Escola e os Ensinamentos da Vida, sendo que estes últimos são os mais importantes porque é onde praticamos e realmente aprendemos.
O cérebro aprende por ensaio, repetição e velocidade, portanto ensaiar e simular faz parte da aprendizagem. Segundo a PNL (Programação Neurolingüistica) para aprender efetivamente algo é preciso ver, ouvir e sentir e com isso mais uma vez a simulação torna-se importante, pois o cérebro não distingue o real do virtual.
Quando simulamos existe a oportunidade de vivenciar determinadas experiências obtendo insights que certamente irão auxiliar na aprendizagem e torná-la mais efetiva. Quando simulamos, os bloqueios desaparecem e fica-se mais livres para ser atuando com parceria e não com concorrência.
No passado, o professor era o detentor do saber e o aluno como uma xícara vazia onde o mestre depositaria algumas gotas de sua sapiência. A própria palavra aluno significa sem luz (a = não + luno que vem de lumini = luz).
O homem é um ser social. Já disse Jung: "Nenhum homem é uma ilha, fechado em si mesmo, mas sim um continente, uma parcela da terra principal". Precisa interagir e trocar, por isso, a melhor forma de aprendizagem é a que implica na interação. Aprender é eminentemente um ato de socialização, não é uma postura individualista, mas organizacional. Através da troca de idéias e informações onde as pessoas estão no mesmo nível, elas entram em contato com outros pontos de vista e diferentes percepções do tema, podendo assim crescer e chegar a melhores idéias, assim como procuram entender o ponto de vista de outras pessoas, o que estreita laços e amplia a possibilidade de relações de maior confiança.
Esse tipo de aprendizagem oferece aos participantes a oportunidade de ampliar sua visão além dos limites da perspectiva pessoal, canalizando o potencial das mentes envolvidas para que a inteligência do conjunto seja maior que a individual.
Os Jogos Cooperativos podem auxiliar no desenvolvimento das cinco disciplinas necessárias para uma organização que aprende e contemplam todo esse contexto importante para melhores resultados em treinamentos comportamentais, pois quando há jogos e supera-se desafios em grupo além de aprender exercitando a cooperação e melhorando tanto nosso QI quanto nosso QE.
Segundo Piaget "O trabalho em grupo é a forma mais interessante para promover a cooperação, é fator fundamental para a progressão intelectual". Nos Jogos Cooperativos ocorre a união da cooperação e da autonomia, pois o grupo tem consciência das regras e consciência da razão de ser dessas regras e a partir disto vai buscar vencer o desafio comum, superando-se o desafio e não alguém, utilizando todos os recursos existentes no grupo que ajudem nessa tarefa.
Além da aprendizagem em grupo e do exercício da Cooperação, cada membro tem a oportunidade de trabalhar o domínio pessoal, ou seja, a maestria pessoal, encarando seus colegas como aliados e utilizando suas competências da melhor forma possível em busca da excelência e do objetivo comum.
Muitas vezes, manter o compromisso com a equipe e o entusiasmo com os objetivos não é uma tarefa fácil. Nas organizações, muitas pessoas começam empenhadas e vibrantes, mas desanimam quando surgem problemas ou frustrações, principalmente quando se sentem sozinhas e incapazes de desempenhar algo que está sendo exigido sem ajuda e estímulo. Nesses momentos a Cooperação tem papel fundamental no grupo, onde o individuo pode encontrar motivação, e o grupo o ajudará a superar seus bloqueios e continuar no jogo, pois a inclusão e o sucesso compartilhado fazem parte da filosofia da Cooperação.
Olhar para as coisas de forma diferente também é muito importante nos Jogos Cooperativos, onde desde o princípio os parâmetros são outros, o que possibilita quem joga experimentar novas possibilidades e refletir sobre o que é mais ecológico e interessante em termos de resultados para a equipe, a organização, a sociedade e o meio ambiente. À medida que o grupo caminha para a solução dos desafios, necessita da riqueza da diversidade na equipe para analisar o cenário, questionar, abstrair e encontrar estratégias que solucionem o problema testando as várias hipóteses que surgem da troca entre os participantes.
Nos Jogos Cooperativos pode-se exercitar também o lidar com situações difíceis, através da simulação que proporciona aprendizagem e mudança profunda com risco controlado, de forma divertida e prazerosa na maior parte das vezes.
Fábio Brotto em seu livro "Jogos Cooperativos - Se o importante é competir, o fundamental é Cooperar", coloca que no início usava esse jogo para clarear os motivos pelos quais as pessoas escolhem competir no lugar de cooperar e auxiliá-las a descobrir alternativas para uma nova forma de abordar conflitos e realizar metas grupais.
Diversos autores relatam sobre a importância de se experimentar algo para se chegar ao conhecimento. Destaca-se a fala de Celso Antunes, onde ele relata sobre a necessidade de trabalhar-se com técnicas de sensibilização; "...os valores essenciais da educação não se prestam a uma vivência quando transmitidos através de discursos; porque o conhecimento e a compreensão da realidade é mais facilmente alcançado pela vivência que pela informação; mas sobretudo porque as técnicas de sensibilização valorizam comportamentos e assunção de responsabilidades sociais, promovem o aprimoramento da identificação do outro como indivíduo, através de seus valores e não pelas eventuais embalagens que o revestem".
O meio para se atingir um objetivo pessoal, que não seja mutuamente exclusivo, nem uma tentativa de desvalorizar ou destruir os outros. O bem-estar dos competidores é sempre mais importante do que o objetivo extrínseco pelo qual se compete.
Alcançar um objetivo que necessita de trabalho conjunto e partilha. A cooperação com os outros é um meio para se alcançar um objetivo mutuamente desejado, e que é também compartilhado.
Ajudar os outros a atingir seu objetivo. A cooperação e a ajuda são um fim em si mesmas, em vez de um meio para se atingir um fim. Satisfação em ajudar outras pessoas a alcançar objetivos.
Ensinamentos humanísticos da prática desportiva:
As pessoas com deficiências tradicionalmente discriminadas pela sociedade, e desmotivados pela sua própria condição existencial, têm nas competições paraolímpicas uma oportunidade para elevar sua auto-estima, direta ou indiretamente, além de provar o seu valor como atleta e cidadão.
A adaptação da prática desportiva para deficientes iniciou-se no começo do século XX, com atividades esportivas para jovens com deficiência auditiva. Posteriormente, em 1920, acrescentaram-se atividades como natação e atletismo para deficientes visuais.
Para portadores de deficiências físicas o esporte adaptado só teve início oficialmente após a Segunda Guerra Mundial devido à mutilação de muitos soldados.
As primeiras modalidades competitivas surgiram nos Estados Unidos e na Inglaterra. Nos Estados Unidos surgiram as primeiras competições de basquete em cadeiras de rodas, atletismo e natação, por iniciativa da “Paralyzed Veterans of América”.
Na Inglaterra o neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann que cuidava de pacientes vítimas de lesão medular ou de amputações de membros inferiores teve a iniciativa de fazer com que eles praticassem esportes dentro do hospital.
Em 1948, o neurocirurgião aproveitou os “XVI Jogos Olímpicos de Verão” para criar os “Jogos Desportivos de Stoke Mandeville”; Apenas 14 homens e duas mulheres participaram.
No ano de 1952, os “Jogos de Mandeville” ganharam projeção contando com a participação de 130 atletas portadores de deficiência. Tornando-se uma competição anual.
Posteriormente (1958) quando a Itália se preparava para sediar as “XVII Olimpíadas de Verão, Antonio Maglia, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia”, propôs que os “Jogos de Mandeville” do ano de 1960 se realizassem em Roma, após as Olimpíadas.
Aconteceram então os primeiros jogos paraolímpicos.
A competição teve o apoio do Comitê Olímpico Italiano, e contou com a participação de 240 atletas de 23 países.
Com o sucesso dos jogos o esporte se fortaleceu e fundou-se a Federação Mundial de Veteranos, a fim de discutir regras e normas técnicas.
Ao longo dos anos, a competição cresceu; Por problemas de organização, as Paraolimpíadas de 1968 e 1972 ocorreram em cidades diferentes da sede das Olimpíadas, constituindo excessões na história dos Jogos Paraolímpicos.
Em 1988, em Seul, os jogos voltaram a ser disputados na mesma cidade que abriga as Olimpíadas. O primeiro ano de participação brasileira foi 1972.
O atleta paraolímpico antes de competir nacional e internacionalmente teve que competir com ele mesmo; sem dúvida, superar esse primeiro obstáculo subjetivo não tem medalha que possa premiá-lo.
Esporte é arte:
Nas olimpíadas especiais de Sidney no ano de 2000 nove participantes, todos com deficiência física, alinharam-se para a largada da corrida dos cem metros rasos.
Após o sinal, todos os participantes partiram com a vontade de desempenhar o melhor possível e vencer a prova.
Porém um dos participantes tropeçou no piso, caiu rolando e começou a chorar.
Os demais ouviram o choro, diminuíram o passo e olharam para trás.
Ao observar o pranto, pararam e voltaram. Todos.
Uma portadora da síndrome de Down ajoelhou-se dando um beijo no garoto e dizendo: “Pronto, agora vai sarar”. Após, todos os competidores deram as mãos e andaram juntos até a linha de chegada.
Todas as pessoas do estádio se levantaram e aplaudiram, alguns já em prantos de emoção.
Tal fato foi amplamente divulgado, pois de tal forma, demonstra-se que o importante está além de ganhar sozinho. Há importância em também ajudar aos demais a vencer, mesmo que isso signifique diminuir o passo e mudar de curso.
Os atletas com deficiência física são classificados em cada modalidade esportiva através do sistema de classificação funcional. Este sistema visa classificar os atletas com diferentes deficiências físicas em um mesmo perfil funcional para a competição. Tem como meta garantir que a conquista de uma medalha por um atleta seja fruto de seu treinamento, experiência, motivação e não devido a vantagens obtidas pelo tipo ou nível de sua deficiência.
Se cada um dos atletas das olimpíadas tem sua história específica de sofrimentos e superação dos seus próprios limites, cada atleta paraolímpico carrega uma história de fazer filme para cinema. Existem aqueles que nasceram com deficiência e aqueles que adquiriram uma deficiência ao longo da vida. Há atletas com lesão medular, poliomielite, amputação de pernas e de braços, deficiência visual e mental.
Conclusão:
Não há dúvidas de que o esporte é um fenômeno social de grande relevância. Tal é a sua importância para a sociedade que a prática esportiva hoje, tem-se tornado a "expressão hegemônica" no contexto das práticas de movimento.
Portanto, se todo e qualquer processo de formação do ser humano visa ao desenvolvimento pleno, então o esporte enquanto atividade social, desenvolvido por princípios e referenciado por objetivos, se vê pautado por um quadro de valores (morais e éticos) indispensáveis à formação humana.
Não há dúvidas de que o esporte é um fenômeno social e cultural de grande relevância em nossa sociedade contemporânea. Cada vez mais é possível observar diferentes grupos sociais praticando uma modalidade esportiva, seja nas escolas, nos parques, nos clubes ou nas ruas. Tal é a importância do esporte para a sociedade enquanto fenômeno social que a prática esportiva hoje é comum em todo mundo, tornando-se a expressão hegemônica no âmbito da cultura corporal de movimento. Hoje ele é, em praticamente todas as sociedades, uma das práticas que reúne a unanimidade quanto à sua legitimidade social.
Quando a competição é intuída e institucionalizada, barreiras surgem, as diferenças tornam os seres distantes.
Dalai Lama coloca: "não podemos mais invocar as barreiras nacionais, raciais ou ideológicas que nos separam, sem repercussões destrutivas. Dentro do contexto de nossa nova interdependência, considerar os interesses dos outros é claramente a melhor forma de auto-interesse".
Existe uma forma de se praticar esporte sem competição e tal via tem sido estimulada por meio de jogos cooperativos em detrimento aos jogos competitivos, apesar da respectiva proposta não ter alcançado a classe médica, por dedução lógica pode-se supor que quando esse aspecto for atingido grandes avanços serão denotados, uma vez que, o aprendizado do acadêmico reflete na sua postura clínica, mesmo que de forma indireta e implícita.
Esporte é a prática metódica dos exercícios físicos.
Cooperação significa colaborar, auxiliar, ajudar.
Competição é ato ou efeito de competir, emulação, porfia, rivalidade.
Num período em que a sociedade e a cultura contemporânea caracterizam-se pela transitoriedade, pela aleatoriedade, isto é, pela randomização dos saberes e das práticas - sejam estas corporais ou de movimento -, o pluralismo e o verdadeiro relativismo axiológico o qual nos encontramos caracteriza, por assim dizer, a nossa sociedade. Desta forma, assim como na educação, no esporte o estudo dos valores sociais e morais também se fazem necessários e, porque não dizer, indispensável.
Bem sabemos há uma nova orientação, na qual as áreas que se relacionam com o movimento humano não podem estar de fora do contexto social, das políticas, do poder econômico, cultural e humanitário. Para tanto, devemos compreender quais valores buscamos e queremos para nós mesmos, assim como, que valores devem reger o desenvolvimento do esporte na atual conjuntura social. Não obstante, o homem se desenvolve sob a influência de uma ordem de valores, sendo assim, podemos pensar que se todo e qualquer processo de formação do ser humano visar o aperfeiçoamento ou o desenvolvimento pleno, não somente de crianças e jovens, mas também da sociedade como um todo, então o esporte enquanto atividade social, desenvolvido à luz de princípios e referenciado por objetivos, também se vê pautado por um quadro de valores, de mensagens e de comunicações que são indispensáveis à formação humana.
Considerando que estamos perante uma sociedade em que há uma crise de valores sociais, os quais nos conduzem, muitas vezes, a uma situação de incerteza e de insegurança social, especialmente entre os jovens que necessitam de um novo rumo no caminho da valorização e da inclusão social, algumas perguntas se fazem necessárias: Como fazer do esporte e de sua prática um meio capaz de (re)orientar nossas crianças e jovens na busca por um desenvolvimento humano eficaz? Qual o valor (sentidos e significados) do esporte em nossa sociedade contemporânea?
Sendo assim, a proposição visa atingir alguns objetivos, quais sejam: a) argumentar em defesa de uma compreensão teórico-epistemológica mais complexa do esporte, contrapondo as visões simplistas e reducionistas de ensinar e pensar esporte para crianças e jovens; b) discutir que valores devem reger o desenvolvimento do esporte na atual conjuntura social, refletindo sobre o papel que o esporte deve representar na construção de novos valores morais e éticos e, por fim; c) realizar alguns apontamentos a respeito de uma pedagogia do esporte mais complexa.
O esporte constitui-se num amplo espaço de formação e educação, tendo em vista sua potencialidade em proporcionar oportunidades (em diferentes formas) para a formação e desenvolvimento da conduta humana;
Devem-se buscar novos métodos, novas maneiras de ensinar em nossas aulas para atingir o objetivo proposto, qual seja um ensino do esporte que respeite a individualidade e a complexidade de cada aluno;
Isto posto, é preciso refletir sobre uma pedagogia e um esporte que esteja voltado para o novo enquadramento axiológico de nossa sociedade na participação em especial dos acadêmicos de medicina. O pedagogo em esporte deve investir numa educação com base no paradigma da complexidade;
Ao se tratar do esporte, deve se procurar trabalhar a competição de forma mais pedagógica, buscando sempre um equilíbrio entre o racional e o sensível.
O esporte é pedagógico e educativo quando proporciona oportunidades, desafios e exigências; quando socializa num modelo de pensamento mais complexo, abrangentes e flexíveis, que percebam o todo e as perspectivas e o contexto social e cultural do indivíduo;
O professor, tendo consciência da ferramenta valiosa que possui em suas mãos (o esporte), deve aprofundar o desenvolvimento de atitudes afetivas e coletivas, fazendo com que seus alunos (não importando a raça, o credo, o gênero) reconheçam e respeitem sem discriminação, as características pessoais, físicas, sexuais e sociais do próximo. Deve haver uma prática pedagógica que minimize a exclusão; em outros termos, uma prática que vá além das desigualdades.
No jogo podem ser adquiridos. Valores, estes, que servem de base para a vida pessoal, contribuindo para a concretização dos princípios básicos que devem reger a vida do profissional que está sendo formado; Percebendo e buscando aquilo que enobrece e rejeitando aquilo que é ruim.
Referencias:
1. Antunes, Celso. Coleção na Sala de Aula - Vozes,01
Fascículo 3 - Como desenvolver conteúdos explorando as Inteligências Múltiplas
Fascículo 4 - Como identificar em você e sseus alunos as Inteligências Múltiplas.
Armstrong, Thomas. Inteligências Múltiplas em sala de aula. 2 ed. Portio Alegre: Ed ArtMed, 01
2. Antunes, Celso. Jogos para a estimulação das Múltiplas Inteligências. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 98
3. Bueno, Francisco da S. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Quarta edição. Educação e Cultura, 1963.
4. Cohen M, Abdalla RJ. Lesões no esporte. Diagnóstico, prevenção e tratamento. Lesões musculares. Revinter, 2003.
5. Follett, M.P. O Poder. In: Graham, P. (Org.) Mary Parker Follett: Profeta do Gerenciamento. Rio de janeiro: Qualitymark Ed., 1997.
6. Gardner, Howard, Inteligências Múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 95
7. Garrick JG, Requa RK. The epidemiology of foot and ankle injuries in sports. Clin Sports Med. 1988.
8. Goertzen M, Schoppe K, Lange G, Schulitz KP. Injuries and damage caused by excess stress in body building and power lifting. Sportverletz Sportschaden. 1989;
Jogos Cooperativos - Teoria e Prática - Guillermo Brown - Ed. Sinodal
9. Jogos Cooperativos - Se o Importante é Competir, o Fundamental é Cooperar - Fábio Otuzi Brotto - Projeto Cooperação - 1999 - 2ª edição.
10. Lannes, L. et alli - Jogos Cooperativos nas Organizações, Editora SESC-2001
11. Lasmar NP, Camanho GL, Lasmar RCP. Medicina do esporte. Revinter, 2002.
12. Lasmar NP, Camanho GL, Lasmar RCP. Medicina do esporte. Reabilitação na atividade esportiva. Revinter, 2002.
13. Leadbetter WB. In: Fu F, Stone D, editors. Soft tissue athletic injury. Sports injuries. Baltimore: Wiliams & Wilkins; 1994.
14. Lynch,D.-Kordis,P. - A Estratégia do Golfinho, Cultrix-98
15. Martins da Costa A. Trabalho de resultados. 2004; Revista Brasil Paraolímpico; 8(14):17.
16. Massotti, M. Soluções de Palhaços - Transformações na realidade Hospitalar - Ed. Palas Athena.
17. Richardson AB, Jobe FW, Collins HR. The shoulder in competitive swimming. Am J Sports Med. 1980;
18. Schenck RC Jr. Lesões esportivas e a resposta dos tecidos à lesão física. Medicina Esportiva e Treinamento Atlético, 2003.
19. Senge, P. A Quinta Disciplina: a Arte e a Prática da Organização que aprende. São Paulo: Best Seler, 1998
20. Senge,P.; Kleiner,A.; Roberts,C.; Ross,R.; Smith,B.; A Quinta Disciplina - Caderno de Campo: Estratégias e Ferramentas para construir a organização que Aprende. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
21. Silva AC. Atleta portador de deficiências. In: Ghorayeb N, Neto TLB. O exercício. Preparação fisiológica – Avaliação médica – Aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu; 1999.
22. Vencendo a competição - Terry Orlick - Círculo do livro - 1989
23. Vital R, Silva Hesojy GPV. As lesões traumato-ortopédicas. In: Mello MT, editor. Avaliação clínica e da aptidão física dos atletas brasileiros: conceitos, métodos e resultados. São Paulo: Atheneu; 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será aprovado após moderação.
Obrigada pela contribuição!