segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Discussão:

A visita do médico.
Jan Steen, 1662.
Apsley House, Londres.
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Se o cuidador não está bem, existirão dois pacientes. Presume-se então, que um dos principais pilares do tratamento deva ser fornecer ao cuidador todas as condições possíveis e salubres, para melhor desempenhar seu trabalho.
Mediante a situação descrita, foi elaborado o modelo de intervenção a ser proposto para um profissional de saúde, se possível médico-psiquiatra que deve responder às diretrizes, modulando-as de acordo com a realidade do serviço. 
A duração sugerida é de um semestre, no fim do qual se fará um levantamento do rendimento e de possíveis incorporações de novas técnicas, buscando sempre responder as necessidades do grupo formado, de modo a fornecer um tratamento mais humano e mais eficiente ao “paciente oculto”.
 A periodicidade será de um encontro quinzenal, e as diretrizes de cada reunião devem perpassar pelos tópicos especificados.
 
Primeiro encontro: Conhecendo os membros
 Apresentação dos membros por meio de dinâmicas. 
 Fala livre breve sobre o histórico de cuidador (todos devem falar).
 Perspectivas ao entrar no grupo.
 Explicitação sobre a importância de marcar uma avaliação de saúde do mesmo e as explicações cabíveis de como efetuá-la em meio ao sistema público. O ideal seria que o médico coordenador do grupo efetuasse a consulta clínica de cada um dos “pacientes ocultos” de forma a orientá-lo quanto a sua própria saúde.

Segundo encontro: Levantamento da situação
Aplicação do questionário:
1- Tenho pouco tempo para mim?
2- Tenho ajuda de meus familiares?
3- Choro com freqüência?
4- Venho tendo problemas de saúde?
5- Eu sinto que não estou em boas condições de cuidar de um doente crônico? (especificar doença)
6- Eu passeio, viajo, visito pessoas?
7- Qual o lazer?
8- Quanto tempo dura?
9- Qual sua periodicidade?
10- Tenho evitado pessoas?
11- Qual a freqüência de sentimentos como o de frustração, tristeza, ou raiva?
12- Sinto-me culpado em relação a situação atual?
13- Entro em conflito com a pessoa de quem cuido?
14- Tenho me alimentado bem?
15- Tenho dormido bem?
16- O que espera dos encontros em grupos?
17- Faça um breve resumo sobre o que gosta de fazer.
18- Escreva quaisquer considerações que queira fazer.
 Discussão sobre o questionário e elaborações de metas a serem atingidas no grupo.

Terceiro encontro: Ensinar como lidar com o doente
 Mantenha tudo o mais normal possível:
 Não trate o doente como objeto. Respeite-o como pessoa e mantenha a sua rotina de vida a mais normal e coerente possível. Se gostarem de passear, de sair para jantar, ir ao cinema, passear na casa de parentes e amigos, continuem fazendo. O prazer em fazer e participar das coisas que gostamos é um dos melhores remédios para a saúde mental. Lembrar que lidar com crianças e animais de estimação tê-los em sua companhia, pode ter um valor terapêutico inestimável.
 Fazer levantamento das patologias que são cuidadas.
 Esse encontro objetiva reumanizar o cuidador desgastado, fazendo-o lembrar que o paciente é uma pessoa com as angustias intrínsecas à existência e ainda sob o sofrimento de uma patologia, explicar sobre o processo de infantilização.

Quarto encontro: Entendendo da doença
 Unir o grupo em duplas para que possam fazer levantamento das patologias e perspectivas das doenças das quais cuidam, e depois permitir que exposição da situação aos demais de forma dinâmica e criativa. Fornecer material bibliográfico que deve ser previamente levantado.

Quinto encontro: Elaboração de rotinas
 Unir o grupo em duplas para que possam fazer elaborar uma grade de horários para as atividades do doente, e outra grade com suas atividades de modo a organizar a rotina de ambos.

Sexto encontro: Estruturação do ambiente
  Levantar melhorias para o ambiente de forma a estabelecer uma casa mais segura, prática, simples e previsível possível. 
 Observar dicas como:
• O quarto pode ser arrumado para ajustar às suas necessidades, ser um local de extrema simplicidade e de boa orientação. Que seja um quarto fácil de localizar e conhecer, onde o doente identifique que é seu e goste dele.
• Neste quarto, deixe à mostra um quadro na parede onde ele possa pendurar suas chaves, seus óculos seu paletó. Uma gaveta onde possa guardar seus documentos e carteira, seus pertences e objetos pessoais.
• Tenha sempre pendurado na parede deste quarto: um relógio e um calendário grande, onde pode facilmente identificar-se no tempo. É sempre bom o cuidador repetir, todos os dias, a hora, o dia, o mês e o ano.
• Tenha horário para tudo. Para as refeições, para acordar e dormir, para o banho, para passear (tomar sol), para a televisão...
• Sinalize a casa, escreva em cartazes os nomes dos quartos, do banheiro, da sala, da cozinha. Deixe a luz do banheiro sempre acesa, para facilitar seu acesso. Seria muito apropriado se o quarto do fosse o mais perto do banheiro.
• Evite mudar as mobílias da casa de lugar, pinte sempre as paredes da casa, com suas cores antigas, evite reformas radicais.
• Coloque retratos dos familiares e amigos por toda a casa. Sempre que o cuidador lembrar, procure exercitar a memória e relembrem juntos os nomes dos retratos.

Sétimo encontro: Segurança é fundamental
 Problemas de memória e perdas de habilidade e coordenação motoras podem aumentar os riscos de acidentes em casa. As quedas, principalmente, podem tornar-se um problema sério. Ensinar a evitar tapetes soltos, móveis no meio do caminho, degraus escorregadios ou escadas sem corrimão. A casa deve ser bem iluminada e sinalizada, de trajetos simples (quarto-banheiro, sala-cozinha). Barras de apoio no box do banheiro e ao redor do vaso sanitário, podem facilitar o acesso ao banheiro e torná-lo mais seguro. Lembrar que quedas no banheiro, principalmente à noite, são muito freqüentes. Não deixar o paciente manusear tarefas perigosas e complicadas, como: fogão, água quente, gás de chuveiro, facas e tesouras, guardar coisas em locais altos e trocar lâmpadas. O cuidador deve fazer uma revisão em toda a casa, procurando causas potenciais de acidentes, tomando medidas para eliminá-las e reduzir preocupações futuras.

Oitavo encontro: Simplicidade em todas as coisas
 Instruir o cuidador de que: o paciente já possui uma mente confusa pela doença. Então, simplifique sua vida, pois tomar decisões corriqueiras ou executar tarefas simples pode ser fontes de insegurança e agitação. Simplifique: não ofereça muitas escolhas (ou isto ou aquilo!), fale frases claras e simples, não dê e nem peça muitas explicações. Se a tarefa é maior e complicada, vá por partes. Exemplo para dormir: mostre a hora no seu grande relógio, depois mostre o pijama ou camisola, faça-o vestir, depois o lembre de ir ao banheiro (urinar e higiene oral) e por fim mostre a cama e deite-o (um beijo de boa noite sempre é bom!).

Nono encontro: Senso de humor
 É fundamental em qualquer relacionamento, ainda mais com o pacientes com demência. Manter um clima pesado, carregado devido ao problema da doença, não ajuda em nada, pelo contrário, só piora a situação. A alegria e o riso ajudam a minimizar o trabalho árduo do cuidador e o stress do idoso. Explicar ao cuidador a diferença entre zombar e rir, e incentivar o riso com o paciente, principalmente das situações inesperadas e caóticas que acontecem.
 Propor um relato de casos onde todo o grupo participará e seguirá com sugestões para possíveis possibilidades. 

Décimo encontro: Fazendo o que se gosta
Atividade de lazer como um filme, ou mesmo uma dinâmica para interação e diversão dos membros como forma de reduzir tensões e stresse. 

Décimo primeiro encontro:
 Pedir a cada membro que coloque sua maior dificuldade em um papel e depois, propor que cada membro de uma sugestão de como pode ser transposta tal situação, efetuando sempre a orientação do grupo.

Décimo segundo encontro: Avaliação de resultados
 O grupo se unirá para levantar os resultados obtidos, bem como para avaliar e sugerir novos temas para novos encontros caso queira continuar.


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