segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Introdução

Criança enferma.
Gabriel Mitsu, 1660.
Rijksmuseum, Amsterdam. 
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É sabido, que prestar assistência a entes familiares com patologias crônicas ou mesmo dependências é desgastante1, e pode alterar a saúde dos cuidadores, que sofrem, mais freqüentemente do que as outras pessoas da sua idade2, de depressão, ou de outras perturbações emocionais, tais como ansiedade, luto, culpa, auto-acusação, ou perturbações psicossomáticas3. 
 O número de doenças crônicas sofreu igualmente um aumento junto dos cuidadores4, por causa das exigências de ordem física, tais como a perda de sono, que podem modificar o estado da sua saúde. Assim, a vida social dos cuidadores fica condicionada, e muitos deles sentem-se isolados e sós. 
 O acúmulo do desgaste mental, físico e social, pode queimar os seus recursos, e alterar seriamente a qualidade de vida do cuidador, e conseqüentemente o bem-estar da pessoa com doença.
 Um familiar que cuide de paciente portando uma doença crônica como demência, por exemplo, pode se tornar mental e fisicamente enfermo ao dedicar totalmente, e o que é pior, cuidar sozinho e sem ajuda de outrem.
 O cuidador assume, na maioria das vezes, um papel que lhe foi imposto pela circunstância, e não por escolha própria; apesar de, no início, também achar que esta missão naturalmente seja sua.5 O que acontece é que o cuidador familiar não tem noção do que lhe espera, não tem noção do quanto será exigido.6
 Se houver uma estrutura familiar favorável, ou seja, familiares dispostos a tomarem o papel de cuidadores, melhor para todos. Se, no entanto, pouco ou somente um assumir o cuidado, todos, inclusive e principalmente paciente e cuidador sairão prejudicados. 7
 Quem mais assume o papel de cuidador são as mulheres: a esposa, a filha, a irmã, a sobrinha, a cuidadora profissional, a enfermeira... 8
 Na grande maioria das vezes, recai sobre um membro da família que já mora com o portador de doença crônica9, mesmo porque, as patologias crônicas vão se instalando e se agravando de forma gradativa e a necessidade de cuidados vai sendo intensificada dia-a-dia.
 A maioria dos tratamentos para as doenças crônicas são os cuidados paliativos de conforto, ajuda e atenção, os maiores alvos de bem-estar do paciente, já que a cronicidade de doenças degenerativas implica em não existência de cura, o que indica que a necessidade de cuidados é constante e sem fim. 10
 Assim, se o cuidador não se encontra em boas condições, devido ao desgaste intenso que a tarefa de cuidar exige, posteriormente fica com a saúde e com a psique abaladas.
Reforçando estas considerações, certos estudos sugerem que alguns cuidadores apresentam níveis elevados de: stress, ansiedade, hostilidade, sintomas obsessivo-compulsivos e histeria. 11



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