"As poucas luzes guiam para o erro, muitas, para a verdade. "
Uma senhora de 62 anos procura o serviço médico com a queixa de dor abdominal, na ficha da paciente constam inúmeras internações, procedimento cirúrgico de hérnia umbilical há 3 anos com posteriores internações devido a intensa dor abdominal aguda diagnosticada como síndrome do cólon irritado.
Durante consulta, a senhora relata que o diagnóstico feito anteriormente estava errado. Relatou ainda que o problema que possuia era devido ao fato do cirurgião ter “grampeado a sua barriga ao invés de costurar”. Refere presença dos grampos no abdome e teme que os mesmos tenham se enferrujando e acredita que essa possa ser a causa de sua dor.
Nesse momento o raciocínio clínico começa remetendo a médica a um artigo intitulado “O senhor me foi muito bem indicado” escrito por Ricardo Rocha Bastos. No artigo o paciente liga para a casa do médico e o mesmo levanta a suspeita de disfunções psíquicas devido ao comportamento inusitado do paciente; Chegando a finalizar o caso questionando se o comportamento do seu paciente seria: “Produtos de uma mente que se esvai? Lampejos de conexões neuronais desarranjadas? Parte da clínica de uma demência (e daí memantina e rivastigmina?)? Mas não estará havendo rebaixamento da auto-censura desproporcional à perda de memória (que nem parece ocorrer)?”
Será que a senhora apresentava seus primeiro sinais de demência?
Após a realização dos exames imaginológicos, os mesmos foram mostrados para a paciente de forma a convencê-la de que não havia presença de grampos. Após efetuadas prescrições para a síndrome do cólon irritado o caso parecia resolvido.
Mas voltando a sala de consultas a questão dos grampos continuava a incomodar a médica, pois não era a primeira vez que um paciente idoso fazia essa queixa remetendo-a a um procedimento operatório.
Lembrou-se até do caso em que um paciente a escolhera por saber que ela ia costurá-lo ao invés de grampeá-lo.
Será que Jung estava certo e a história era fruto do inconsciente coletivo? Seria só coincidência? Seria uma alucinação comum causada pelo anestésico?
Custava-lhe acreditar que a queixa era infundada ou que se tratavam de pacientes com desordens psiquiátricas.
Lembrou-se de outro artigo de Ricardo no qual ele enumera a essência de uma consulta:
1. Conhecer aquela pessoa;
2. Entender com precisão o que está acontecendo com ela (mesmo que não se faça um diagnóstico final);
3. Examinar;
4. Definir o estimulo iatrotrópico;
5. Propor ações.
O segundo item não foi resolvido: O que estava acontecendo com ela? De onde viera o grampeador, uma queixa incognoscível e comum a diversos pacientes?
Decidiu então investigar, pegou um grampeador e foi ao centro cirúrgico que estava vazio. Imaginou passo a passo a cirurgia. E, soltava grampos. Chegou a lhe ocorrer que aquilo era ridículo.
No momento em que recapitulava a sutura o grampeador fazia: “TIC TIC”e...
O barulho da trava do porta-agulha se assemelha ao barulho de um grampeador.
No dia seguinte, quando a senhora retornou ela questionou se o barulho que a mesma ouvira durante a cirurgia era aquele. A senhora surpresa disse: Exatamente.
Foi feita uma explanação sobre o porta-agulha, seu uso durante a sutura e acerca de como ele nada se assemelha a um grampeador em função, exceto pelo barulho.
O caso estava resolvido, a senhora finamente entendera o que se passou.
Esse caso terminara, e muitos outros a sua semelhança.
“TIC TIC”, suturado.
Durante consulta, a senhora relata que o diagnóstico feito anteriormente estava errado. Relatou ainda que o problema que possuia era devido ao fato do cirurgião ter “grampeado a sua barriga ao invés de costurar”. Refere presença dos grampos no abdome e teme que os mesmos tenham se enferrujando e acredita que essa possa ser a causa de sua dor.
Nesse momento o raciocínio clínico começa remetendo a médica a um artigo intitulado “O senhor me foi muito bem indicado” escrito por Ricardo Rocha Bastos. No artigo o paciente liga para a casa do médico e o mesmo levanta a suspeita de disfunções psíquicas devido ao comportamento inusitado do paciente; Chegando a finalizar o caso questionando se o comportamento do seu paciente seria: “Produtos de uma mente que se esvai? Lampejos de conexões neuronais desarranjadas? Parte da clínica de uma demência (e daí memantina e rivastigmina?)? Mas não estará havendo rebaixamento da auto-censura desproporcional à perda de memória (que nem parece ocorrer)?”
Será que a senhora apresentava seus primeiro sinais de demência?
Após a realização dos exames imaginológicos, os mesmos foram mostrados para a paciente de forma a convencê-la de que não havia presença de grampos. Após efetuadas prescrições para a síndrome do cólon irritado o caso parecia resolvido.
Mas voltando a sala de consultas a questão dos grampos continuava a incomodar a médica, pois não era a primeira vez que um paciente idoso fazia essa queixa remetendo-a a um procedimento operatório.
Lembrou-se até do caso em que um paciente a escolhera por saber que ela ia costurá-lo ao invés de grampeá-lo.
Será que Jung estava certo e a história era fruto do inconsciente coletivo? Seria só coincidência? Seria uma alucinação comum causada pelo anestésico?
Custava-lhe acreditar que a queixa era infundada ou que se tratavam de pacientes com desordens psiquiátricas.
Lembrou-se de outro artigo de Ricardo no qual ele enumera a essência de uma consulta:
1. Conhecer aquela pessoa;
2. Entender com precisão o que está acontecendo com ela (mesmo que não se faça um diagnóstico final);
3. Examinar;
4. Definir o estimulo iatrotrópico;
5. Propor ações.
O segundo item não foi resolvido: O que estava acontecendo com ela? De onde viera o grampeador, uma queixa incognoscível e comum a diversos pacientes?
Decidiu então investigar, pegou um grampeador e foi ao centro cirúrgico que estava vazio. Imaginou passo a passo a cirurgia. E, soltava grampos. Chegou a lhe ocorrer que aquilo era ridículo.
No momento em que recapitulava a sutura o grampeador fazia: “TIC TIC”e...
O barulho da trava do porta-agulha se assemelha ao barulho de um grampeador.
No dia seguinte, quando a senhora retornou ela questionou se o barulho que a mesma ouvira durante a cirurgia era aquele. A senhora surpresa disse: Exatamente.
Foi feita uma explanação sobre o porta-agulha, seu uso durante a sutura e acerca de como ele nada se assemelha a um grampeador em função, exceto pelo barulho.
O caso estava resolvido, a senhora finamente entendera o que se passou.
Esse caso terminara, e muitos outros a sua semelhança.
“TIC TIC”, suturado.
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