quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Holmes e House
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Historicidade dos Seriados Médicos
domingo, 16 de janeiro de 2011
A Televisão e o Seriado
Chacrinha
Televisão palavra derivada do grego e do latim. Em grego"Tele"significa distante, e em latim “Visione” significa visão. O Dia da televisão é comemorado sempre em 11 de agosto, dia do nascimento de Santa Clara, sua padroeira.
A primeira transmissão televisiva foi em 26 de fevereiro de 1926, realizada pelo escocês John Baird, o pai da TV. Desde então, assumiu um status que a coloca para além do título de veiculo de comunicação.
Encontra-se vinculada à ciência desde as suas origens, pois a primeira transmissão televisiva foi um modelo mecânico de TV para audiência de cientistas da Academia de Ciências Britânicas, em Londres, na Inglaterra. Em seus primórdios mostrou aos cientistas um modelo mecânico e hoje permite a distribuição de descobertas científicas para a população em geral.
Foi o paraibano Francisco de A. Chateaubriand B. de Melo, que em 5/10/1892 trouxe a televisão para o Brasil. Ele era o proprietário da empresa de comunicação “Diários Associados”, um aglomerado de comunicação que abrangia jornais e rádio.
Mas, foi somente em 18 /09/1950 que foi inaugurada a TV Tupi, em São Paulo.
A televisão no Brasil passou por testes e pré-estréias, com a primeira transmissão no saguão dos “Diários Associados”, local onde alguns aparelhos de TV transmitiram a apresentação do cantor Frei José Mojica, do México.
Existem relatos que defendem que sessenta dias antes da primeira transmissão oficial teria ocorrido a transmissão de um show, o “Vídeo Educativo”, no auditório da Faculdade de Medicina de São Paulo.
O importante é que a partir de tal período televisores foram importados e distribuídos por Chateaubriand pela cidade, uma maneira de ele atrair o interesse do público para a novidade, cuja grande maioria ainda não possuía em casa.
As transmissões ocorriam das 18 horas às 23 horas. É de grande valia dizer que a maior parte dos profissionais que iniciaram a produção de TV no Brasil vieram do rádio, jornais e do teatro, diferentemente dos profissionais dos Estados Unidos, que buscaram seus profissionais no cinema.
A TV tornou-se quase que indispensável para a sociedade contemporânea, fato agravado com o advento da televisão fechada que realizou uma “especialização” nos programas apresentados. Com canais para filmes, telejornais, seriados...
Apesar de o público ser diferente dependendo do horário e do canal, aprimorou-se os canais em determinado tipo de programação de modo a atingir um público específico e gerar fãs com conseqüente fidelidade a programação apresentada.
O grande objetivo de todo canal e de todo programa é conquistar o horário nobre e manter-se nele por maior período de tempo possível.
O horário nobre, também conhecido como ‘prime-time’ consiste no horário reservado da programação exibida entre 19 e 21 horas aproximadamente e corresponde ao período de maior audiência.
No Brasil tal horário é ocupado por telejornais e novelas, no exterior, de modo geral, são exibidas as principais séries de sucesso de audiência.
As séries, ou seriados, tiveram origem no cinema, nas sessões de matinê que apresentavam histórias divididas em capítulos.
Tal estrutura foi adaptada para a televisão, originando diversos seriados na década de 1950; Funcionava com filme de baixo orçamento, pois permite lucro enquanto ainda é produzida. Estúdios produtores de filmes passaram a se ater com a nova mídia, aplicando os conhecimentos sobre cinema na produção de novos gêneros de programas, levando em conta o fator das limitações e escassez de recursos de produção.
Segundo o pesquisador Capuzzo: “o seriado surge como produto do filme, adaptado às condições da produção no vídeo, que são mais escassas que as do cinema industrial. Daí sua atitude vampiresca em relação ao próprio cinema, agindo com grande rapidez e devorando canibalisticamente todo registro em celulóide que se adeqüe ao seu universo.”
O seriado é visto então, como gênero cinematográfico, mas apresentado na TV. O gênero cinematográfico é marcado por características como o ilusionismo, a continuidade, a dramaticidade e recursos que aproximação a TV do espectador.
Inicialmente, os seriados tinham 25 minutos e eram divididos por blocos narrativos. Eram autônomos, mas com o comprometimento em relação à história central apresentada e cada episódio representava uma história independente dos outros. Possuem início, desenvolvimento e conclusão da trama, em um único episódio. O que possibilita diretores diferentes. A história segue em torno dos personagens principais, que são a razão de existência da série, suas características e qualidades, e também dos personagens secundários que circundam os protagonistas e que podem se revezar de acordo com cada episódio. Os personagens são sempre os mesmos, com as mesmas atitudes e frases feitas.
O espectador espera que tudo seja solucionado até o final do episódio, o que torna o cômodo assistir, pois permite supor como as coisas irão decorrer, quais serão as ações e a possível solução do conflito.
É um conforto ver que o universo do seriado não muda e é sempre o mesmo.
Segundo Eco: “A questão da reiteração, que é apreciada pelo espectador, por lhe possibilitar antever os acontecimentos no decorrer da história que lhe é apresentada, responde [...] à necessidade infantil de ouvir sempre a mesma história, de consolar-se com o retorno do idêntico, superficialmente mascarado”.
O seriado toca temáticas profundas, mas de forma superficial.
Walter Benjamin aborda o conceito da repetição no mundo dos jogos como um dos prazeres infantis: “[...] a grande lei que acima de todas as regras e ritmos particulares, rege a totalidade do mundo dos jogos: a lei da repetição”.
Essa mesma lei se aplica, portanto, ao seriado, o desenho animado feito para adultos, nos quais o espectador pode acompanhar uma série mesmo que não assista a vários episódios. E as emissoras podem reprisar as séries sem comprometer as histórias, pois elas independem umas das outras.
A temporalidade dos episódios pode não ser medida e cursar sem o envelhecimento dos personagens, com uma espiral temporal. Não há novas aventuras, mas sim, aventuras já ocorrida; o protagonista não tem futuro, mas possui um enorme passado que é continuamente revivido através de flashbacks, e nada destas histórias do passado irá mudar o presente no qual se encontra o personagem.
O enredo possui pequenas modificações e à medida que os episódios vão sendo exibidos, o personagem se torna denso e profundo, elaborando uma personalidade complexa, apesar das situações vivenciadas serem semelhantes. Isso permite ao espectador prever as reações do personagem e, vislumbrar o desfecho do episódio.
Cada emissora produz suas próprias séries para rivalizarem com programas de outras emissoras permitindo escolhas em relação a uma mesma temática, tal como nas séries como Chicago Hope (1994-2000), da FOX, e ER (1994 – 2005), da NBC. Ambas apresentando o cotidiano hospitalar.
É fato que o modelo “seriado” faz sucesso desde que foi criado, mas faz-se necessário ter em mente sua forma de estruturação, seus objetivos, para que o entretenimento não torne o espectador uma vítima da manipulação do ideário das grandes produtoras das séries, e influencie de forma indevida na vida e nos valores da população.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
αισθητική
Da Vinci
Estética é um ramo da filosofia que objetiva estudar a natureza do belo, dos fundamentos da arte.
Estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e a técnica artística;
A estética ocupa-se da idéia de obra de arte e de criação, da relação entre matérias e formas nas artes, mas, acima de tudo, a estética também pode ocupar-se do sublime e da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
Gosto do conceito de Hegel, para quem “a beleza só pode se exprimir na forma, porque ela só é manifestação exterior através do idealismo objetivo do ser vivente e se oferece à nossa intuição e contemplação sensíveis”.
A beleza nos chama a contemplação, mas também ao pensamento, e Eco no livro 'A História da Beleza' reflete acerca das diversas transformações do conceito de beleza não apenas no mundo das artes, como em diversas áreas do conhecimento: filosofia, teologia, ciência, política, economia, dentre outras.
Umberto Eco parte do princípio de que a Beleza nunca foi algo de absoluto e imutável, mas assumiu rostos diferentes segundo o período histórico e a região; não só no que diz respeito à Beleza física, mas também em relação à Beleza de Deus ou dos santos ou das idéias.
Num mesmo período histórico, as imagens dos pintores e dos escultores pareciam celebrar certo modelo de Beleza, a literatura celebrava outro. A Beleza tem que ser conceituada, mas são tantos os parâmetros para sua definição que permite a pluralidade da beleza.
Por isso, de vez em quando, deveremos fazer um esforço e ver como é que modelos diferentes de Beleza coexistem numa mesma época e como é que outros se vão mutuamente encontrando ao longo de épocas diferentes.
Em novembro de 2010 tive contato com umas das formas de belo na atualidade. Foi na discreta exposição de arte no Mackenzie de São Paulo, com obras dos alunos do ‘Ensino Fundamental II’ do sexto e sétimo anos, elaborada durante as aulas da Professora Elianete Martini de Campos, tendo como Laboratorista Regina Andrade.
Na ocasião da minha visita, tive o prazer de conhecer alguns dos pintores. Apesar da diferença significativa de idade, conversamos e fotografamos: o amor pela pintura e as dificuldades do processo de pintar nos unia. Era como se já nos conhecêssemos.
A presença dessas crianças, com as quais conversei sobre a importância da pintura e a alegria da exposição, fez com que me lembrasse de Ernest Hemingway: "De todos os presentes da natureza para a raça humana, o que é mais doce para o homem do que as crianças?"
Os artistas foram simpáticos, acolhedores. O que fez com que eu me recordasse do quão curativo é tal tipo de troca de afeto, trocar experiências sem interesses velados ou segunda intenção.
O mundo adulto está distante de tal amizade sincera, por isso, as crianças são tão agradáveis.
Foi uma simples partilha do momento presente, só porque estamos presentes no mesmo tempo, no mesmo espaço.
"A criança é por natureza um ser do encantamento, um ser que experimenta a leveza, e que não retém a dor."
Foi uma das melhores e mais afetuosas exposições de arte que contemplei nos últimos anos... E, por isso, foi guardada para a primeira postagem de 2011.
* Fotos: Mayra Lopes; Exposição de arte no Mackenzie, novembro de 2010.