segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sinal de Babinski

"A persistência é o caminho do êxito."

Charles Chaplin

Babinski segurando a paciente (aula de Charcot)


O HOMEM

*Joseph Jules François Félix Babinski

*Nascido: 17/11/ 1857 em Paris.

*Falecido: 29/10/1932, em Paris..

*Formado pela Universidade de Paris em 1884.

*Francês de etnia polaca.

*Condecorado por diversas sociedades médicas na França e no exterior



O TRABALHO


*Sinal de Babinski (1896): No encontro da Société de Biologie apresentou "phenomène des orteils" (26 linhas) -> Reflexo plantar patológico

*Primeiro a criar critérios para distinguir histeria de doenças orgânicas

*Primeira Guerra Mundial-> casos neurológicos tramáticos nos hospitais Pitié

*Professor de neurologia da Universidade de Paris

*Escreveu mais de 200 artigos científicos sobre afecções nervosas

*Fim da vida -> discorreu sobre o Mal de Parkinson


GENERALIDADES


*Reflexos: respostas específicas, previsíveis e involuntárias a estímulo específico

*Via piramidal foi identificada e descrita em 1852 (Ludwing Türck)

*Denominou-a em decorrência das protuberâncias (região ventral do bulbo)

*20/05/1911: Charles G. Chaddock apresentou o sinal "external malleolar sign" evidenciado nas lesões do SNC com vantagens em relação ao Babinski


CAUSAS COMUNS


* Várias causas

*Variam conforme a idade e sexo

*Aspectos específicos: evolução, fatores agravantes, fatores atenuantes e queixas associadas.

*Algumas: convulsão generalizada tônico clônica (temporário após convulsão), esclerose lateral amiotrófica, tumor cerebral (se ocorre no trato corticoespinal ou no cerebelo), paralisia familiar periódica, ataxia de Friedreich, lesão cefálica, encefalopatia hepática, meningite, esclerose múltipla, anemia perniciosa, poliomielite (algumas formas), raiva, lesão da medula espinhal, tumor da medula espinal, acidente vascular encefálico, siringomielia, tuberculose.


REFLEXO PLANTAR PATOLOGICO


*Epônimo: Sinal de Babinski

*Nome alternativo: Reflexo do extensor plantar

*Reflexo superficial

*Refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux

*Permite identificar doenças da medula espinhal e cérebro

*Disfunção transitória ou permanente

*Existe como reflexo primitivo em bebês (até 2 anos)

*Sua assimetria indica qual hemisfério cerebral foi lesionado


MÉTODO


* Aplica-se um firme estímulo tátil (não doloroso, sem desconforto, sem lesão na pele) na sola do pé.

* Estimula-se a borda externa da região plantar desde o calcâneo até o arco transverso, sem atingir a base do primeiro metatarsiano.

*Deve-se fazer a pesquisa nos dois pés.

*Instrumento de ponta romba (cromada do cabo do martelo de Taylor)

*O estímulo plantar lateral lento e que envolve o arco transverso é o melhor método.


RESPOSTAS


1. Flexão: os dedos do pé curvam-se para baixo -> Normal

2. Indiferente: não há resposta -> difícil classificar

3. Extensão: o hálux realiza uma extensão (para cima) -> Sinal de Babinski

A = Normal
B = Babinski


CUIDADO


*Não incluir reação de defesa no resultado

*Reação de defesa: hiperestesia (excitação psicomotora), instabilidade emocional, diminuição do controle vigil.

*Fator de confusão: presença do reflexo de preensão plantar (reflexo de Barraquer-Roviralta) -> lesão do córtex pré-rolândico contralateral até a área motora suplementar

*Recém-nascido: resposta de preensão automática após pressão na planta dos pés é normal

*Existe presença ou ausência do sinal de Babinski

*Nunca Babinski positivo ou negativo


INTERPRETAÇÃO


*Lesão superior no neuronio motor da medula espinhal, na região torácica ou lombar

*Doença cerebral cursando com lesão no trato corticoespinhal

*Pode ser o primeiro (e único) indício de um processo patológico sério

*Requer investigações neurológicas detalhadas (tomografia, ressonância e punção de líquor)


BEBÊS


*Resposta extensora -> Normal

*Trato corticoespinhal não está completamente mielinizado

*Reflexo não é inibido pelo córtex cerebral

*Resposta extensora desaparece -> de 12-18 meses


SINAL DE HOFFMANN

*Equivalente a Babisnki no membro superior,

*Indica -> presença ou ausência de problemas no trato corticoespinhal

*Realizado com o pinçamento da falange distal do dedo médio (pressão sobre a unha)

*Resposta positiva -> flexão da falange distal do polegar

*Mecanismo difere consideravelmente entre os dois reflexos


ALGUMAS OBRAS


Babinski, J., 1896. Sur le réflexe cutané plantaire dans certaines affections organiques du système nerveux central. C.R. Soc. Biol. 48, 207-208.

Babinski, J., 1898. Du phénomène des orteils et de sa valeur sémiologique. Semaine Medicale 18, 321-322.

Babinski, J., 1899. De l'asynergie cérébelleuse. Rev. Neurol. 7, 806-816.

Babinski, J., 1900. Diagnostic différentiel de l’hémiplégie organique et de l’hémiplégique hystérique. Gazette des Hopitaux, numéros de 5 et 8 mai.

Babinski, J., 1902. Sur le rôle du cervelet dans les actes volitionnels nécessitant une succession rapide de mouvements (Diadococinésie). Rev. Neurol. (Paris) 10, 1013-1015.

Babinski, J., 1903. De l'abduction des orteils (signe de l'éventail). Rev. Neurol. (Paris) 11, 728-729.

Babinski, J., 1909. The dismemberment of traditional hysteria: Pithiatism (translated by Chaddock CG). Interstate Med. J. 16, 171-19.

Babinski, J., 1913. Exposé des travaux scientifiques du Dr J. Babinski. Masson, Paris.

Babinski, J., 1934. Oeuvre Scientifique, recueil des principaux travaux publiés par les soins de J.A. Barre, J. Chaillous, A. Charpentier, et al. Paris, Masson.

Babinski, J., Froment, J., 1917. Hystérie, pithiatisme et troubles neurologiques d’ordre réflexe. Masson, Paris.

Babinski, J., Tournay, A., 1913. Les symptomes des maladies du cervelet et leur signification. Congrès de Londres, August 1913.


REFERÊNCIAS


1. José María López Piñero - médico, doutor em história da medicina pela Universidade de Valência e autor de História de la medicina (La Esfera de Los Libros, 2002), tradução de Vera de Paula Assis.

2. Barraquer-Bordas L. Neurologia fundamental. 2 a ed. Barcelona: Ed. Toray; 1968.

3. Barraquer-Bordas L. Sobre la probable dualidad del signo del abanico. Hipótesis clinico fisiopatológicas. Neurologia 2001; 16:272-4.

4. Lance JW. The Babinski sign. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2002; 73:360-2.

5. Brodal A. Anatomia neurológica com correlações clínicas. 3 a ed. São Paulo: Roca; 1984.

6. Gijn J. The Babinski sign: the first hundred years. J Neurol 1996;243: 675-683.

7. Monrad-Krhon GH. Exploración clínica del sistema nervioso. 3.Ed. Barcelona: Editorial Labor 1967;234-235.

8. Babinski J. Sur le réflexe cutané plantaire dans certains affections organiques du système nerveux central. C R Soc Biol (Paris) 1896;48:207-208.

9. Chaddock C G. The external malleolar sign. Interstate Med J 1911; 13:1026-1038.

10. Bordas B L. Neurología fundamental: fisiopatologia, semiología, síndromes, exploración. 2.Ed. Barcelona: Ediciones Toray, 1968;506-510.

11. DeJong R N. The neurologic examination. 4.Ed. Maryland Harper & Row Publishers. 1978;457.

12. Gijn J van. The Babinski sign: a centenary. Netherlands. Universiteit Utrecht. 1996.

13. Kaye J A, Oken B S, Howieson D B, Howieson J, Holm L A, Dennison K. Neurologic evaluation of optimally healthy oldest old. Arch Neurol 1994;51:1205-1211.

14. Dohrmann G J, Nowack W J. The upgoing great toe optimal method of elicitation. Lancet 1973;17:339-341.

15. Yakolev P I, Farrel M J. Influence of locomotion on the plantar reflex in normal and in phisically and mentally inferior persons: theoretical and pratical implications. Arch Neurol Psychiat 1941;46:322-330.

16. Gijn J Van. The Babinski sign and the pyramidal syndrome. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1978;41:865-873.

17. Goetz C. Rubbing shoulders with the toe ticklers: the origin and development or the Babinski and Chaddock signs. CD-ROOM AAN, 2003. Curse: 5pc004.

18. Oliveira - Souza R, Figueredo W M. O reflexo cutâneo-plantar em extensão. Arq Neuropsiquiatr 1995,53:318-323.

19. Tashiro K. Reversed Chadoock method: a new method to elicit the upgoing great toe [letter]. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1986;49:1321.

20. Clarac. M, Massion, J, Smith, AM (2008) History of Neuroscience: Joseph Babinski (1857-1932), IBRO History of Neuroscience.

2 comentários:

  1. Grande Artigo! Realmente foi afundo demonstrando como se deve fazer. Só faltou sobre a história da descoberta e elaboração, a qual sou curioso por saber. Parabéns!

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  2. Olá mayara, gostei muito do seu blog, este artigo foi util em algumas dúvidas que tinha! Obrigado e Parabêns!

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