quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Holmes e House

"E eu sou um cérebro, Watson, o resto de mim é um mero apêndice. Assim, é o cérebro que devo considerar" A Pedra Mazarino

Sherlock Holmes é um personagem de ficção da literatura britânica criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle.
Sherlock viveu em Londres, num apartamento na 221b Baker Street, entre os anos 1881 e 1903, durante o último período da época Victoriana. Atualmente o endereço é um museu dedicado ao personagem.
Holmes é um investigador do final do século XIX e início do século XX que aparece pela primeira vez no romance 'A Study in Scarlet' editado e publicado originalmente pela revista Beeton's Christmas Annual, em Novembro de 1887.
A sua especialidade é resolver enigmas singulares, que deixam a polícia desnorteada, usando a sua extrema faculdade de observação e dedução.
Sherlock Holmes ficou famoso por utilizar, na resolução dos seus mistérios, o método científico e a lógica dedutiva.
Sir Arthur Conan Doyle, o autor, fornece-nos informações esparsas sobre Holmes ao longo das suas diversas histórias. A cada obra descobre-se uma nova e inesperada faceta do célebre detetive: fatos sobre a sua vida, família, manias, amigos e inimigos, as suas ansiedades, a sua própria personalidade.
Tudo o que se sabe sobre Sherlock Holmes foi retirado do conjunto dos livros onde é personagem, assim, o conjunto destes livros chama-se 'Cânone Sherlockiano'.
Para a contrução do personagem Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle inspirou-se no Dr. Joseph Bell, que foi seu professor em 1877 na Universidade de Edimburgo no curso de medicina.
Bell reconhecia os hábitos de um sujeito ao observá-lo e realizar sucessivas deduções, exatamente como o personagem Sherlock. Enquanto cirurgião era exímio, mas sua característica mais peculiar era a realização de diagnósticos a partir da lógica.
Doyle, enquanto aluno encantado com o mestre, criou o personagem que incorporou as caractéristicas dedutivas do professor bem como o seu porte físico.
O trecho transcrito abaixo que consta da descrição de Bell segundo Doyle, impressa no periódico 'The National Weekly', datada de 1923, na qual constata-se: "Era magro, vigoroso, com um rosto agudo, nariz aqulino, olhos cinzentos e penetrantes, ombros retos e um jeito sacudido de andar. A voz era esganiçada. Era um cirurgião muito capaz, mas seu ponto forte era a diagnose, não só de doenças, mas de ocupação e caráteres."
Holmes demonstra, ao longo das suas histórias, um senso de observação singular, embasado em uma cultura geral de proporções significativas.
Holmes costuma ser uma pessoa arrogante, que está correta sobre inúmeros assuntos e com palpites certeiros.
A primeira amostra de sua exatidão é descrita em 'Um Estudo em Vermelho'. no qual Doyle descreve um personagem como uma pessoa sem defeitos, apesar de Holmes apresentar alguns: adora fumar cachimbo e usa frequentemente a cocaína para estimular as suas faculdades intelectuais ou matar o tédio entre um problema e outro.
A cocaína era uma substância lícita na época, passando a ser ilícita a partir de 1930. Sendo assim, os 'defeitos' descritos apresentam uma atenuação significativa.
A detreminação do detetive era sagaz, quando envolvido em um caso passava noites sem dormir ou comer, o que inquietava o seu zeloso amigo Watson.
Ao longo de todo o Cânone, o leitor pode comprovar o descrédito e o desgosto de Holmes pelas mulheres e pelo casamento, o que permitia a sua dedicação integral à investigação.
Em 'O Signo dos Quatro', lê-se: "Nunca se pode confiar demasiado nas mulheres... nem nas melhores delas." Já em 'O Vale do Terror': "Eu não sou um fanático admirador da espécie feminina." E finalmente, em 'O Cliente Ilustre' culmina: "O Coração e a mente de uma mulher são enigmas insolúveis para o homem."
A capacidade artística de Sherlock era evidenciada no violino, na esgrima, no disfarce, pois lê-se em 'Um Escândalo na Boêmia': "não era uma mera mudança de roupa - sua expressão, suas maneiras, até sua própria alma parecia variar com cada nova porção que ele assumia. O teatro perdeu um grande ator, assim como a ciência perdeu um perspicaz estudioso, quando ele se tornou um especialista em crimes".
Além do aspecto erudito, não demonstra muitos traços de sentimentalismo, preferindo o lado racional de ser. Apesar disso, em alguns contos o Dr. Watson diz que a "máscara gelada" de Holmes cai às vezes, dando mais humanidade a sir Sherlock Holmes.
Um personagem inspirado em Sherlock Holmes é Gregory House, da série 'House M.D.', chefe da ala de diagnósticos que utiliza lógica dedutiva para desvendar as mentiras de seus pacientes; House tem como premissa: "Todo mundo mente".
As similitudes entre Holmes e House são muitas:
House também é viciado, em medicamentos para dor.
House também tem gosto pela música.
House também mora no número 221.
Ambos são solitários.
Ambos têem um amigo fiel (Wilson e Watson)
Ambos fazem testes e exames laboratoriais para embasar suas investigações.
O homem que atirou em House se chama Moriarty.
O grande inimigo de Holmes, também dotado de extraordinárias faculdades intelectuais, é o professor Moriarty. E, em 4 de maio de 1911, após uma luta feroz, Holmes e Moriarty desaparecem nas cataratas de Reichenbach, perto de Meiringen, na Suíça , na obra 'The Adventure of the Final Problem'.
Era para ser o fim de Homes, mas, os protestos dos leitores foram tantos, que Doyle foi obrigado a ressuscitar o herói após esse verdadeiro assassinato. Holmes acaba reaparecendo no conto 'The Adventure of the Empty House', com a engenhosa explicação que somente Moriarty havia caído, e como Holmes tinha outros perigosos inimigos, ele havia simulado sua morte para poder investigá-los melhor.
E depois do reaparecimento de Holmes em 'The Adventure of the Empty House', Homes reaparece reescrito na atualidade, agora, na figura de Gregory House.
Na ficcção, Holmes morre em 1957, aos 103 anos, assassinado dentro de seu apartamento na 221b em Londres. O personagem morreu, mas seu modelo perdura, e o sucesso também.
O modelo ligado à investigação sempre fez e fará sucesso, desde que bem estruturado, pois prende o intelecto de quem lê na busca por respostas, no caminho do mistério. E agora, a televisão descobriu tal molde e o incorporou ao seriado médico.
O formato volta a vender milhões, mas não em edições e sim em temporadas.
Muitos sequer se dão conta disso: de que a fórmula do sucesso de 'House' remete ao período Vitoriano, remete-nos ao eterno 'Holmes'.
"Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais." Será que os fãs de Holmes e House não havia percebido? Afinal, é tão: "Elementar, meu caro Watson".

REFERÊNCIAS:
1. The Ultimate Sherlock Holmes Encyclopedia, Jack Tracy, Gramercy Books; Encyclopedia Sherlockiana, Matthew E. Bunson, Macmillan.
2. The Sherlock Holmes Society of London. "The wide world fo Sherlock Holmes". Número 307. 25/10/2010.
3. http://www.siracd.com/work_bell.shtml



5 comentários:

  1. "Elementar, meu caro Watson" e a série é tão boa quanto os livros...

    excelente paralelo cara Mayroca. rs

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  2. Gostei demais do texto. De fato, as pessoas não abrem os olhos... as coisas estão diante dos olhos, claras, como sempre diz Holmes a Watson. Creio já ter lido todas as aventuras dele e uma das que mais me fascina é "O Cão dos Baskervilles". Grande abraço. [Uma curiosidade, não sei se você sabia: em nenhum lugar de sua obra se verifica a frase "elementar, meu caro Watson!"]

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  3. Fala mayra. Teoria da conspiração. Boas analogias, realmente o lado investigativo criminal e médico são os que mais despertam atenção nos outros. Há de vista a quantidade de seriados policiais e médicos que temos hoje na warner, AXN, LIV, TNT, etc...

    Parece que não somente você é fã do sherlock, e sim quem trabalha nas edições de house. Parabéns pelos escritos e continuarei acompanhando seu blog. Bjos e boa semana!
    Raphael S.Vasconcelos

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  4. A frase: "Elementar, meu caro Watson", foi criada no teatro, com muitas outras particularidades, como o cachimbo curvo do detetive.
    Se trata também de uma das primeiras falas do personagem em seu romance de estreia 'Um Estudo em Vermelho' (1887) [página 29, Martin Claret, 2001]. Ela não se encontra no original nem em outras traduções do texto.
    No resto de toda a obra, a frase não torna a acontecer, aí sim tendo sido popularizada pelas adaptações das aventuras.

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  5. "Teoria da conspiração" rs...
    Isso me faz recordar quando tu dissestes que eu "vejo chifre em cabeça de cavalo".
    E eu afirmei: Unicórnios existem!
    risos...

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