quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Questões de Neurocirurgia: Prefeitura de Boa Vista - 2012

26. Sobre a anatomia cirúrgica da relação entre a artéria cerebral média e a fissura silviana, é INCORRETO afirmar que:
(A) o segmento M2 se estende do límen da ínsula até os sulcos circulares superiores e inferiores, com seus ramos superficial e profundo, respectivamente.
(B) o segmento M3 ou opercular está anatomicamente relacionado com os opérculos frontal e parietal superiormente e com o opérculo temporal inferiormente.
(C) o ponto mais posterior do segmento M3 é chamado de ponto silviano e em incidência lateral de angiografia cerebral corresponde ao limite posterior da ínsula e ao pulvinar do tálamo.
(D) a fissura silviana é dividida em partes superficial e profunda, sendo a parte profunda subdividida e porção esfenoidal, que abriga maior parte do segmento M1, e porção opérculo-insular.
(E) o segmento M4 deixa a fissura silviana para percorrer a superfície lateral do cérebro.

27. Estados alterados da consciência estão entre os motivos mais comuns de consultas neurocirúrgicas e compreendem diferentes síndromes clínicas com diferentes valores prognósticos. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
(A) Estado de coma após traumatismo crânioencefálico é uma entidade de baixa mortalidade.
(B) Traumatismo crânio-encefálico e parada cardiorespiratória revertida são causas raras de estado vegetativo.
(C) Coma é um estado de perda da consciência transitório que tipicamente não persiste por mais de 10 a 14 dias.
(D) Perdas neuronais talâmicas bilaterais normalmente não são suficientes para levar o paciente a um estado vegetativo.
(E) Estado vegetativo é um estado de ausência de consciência que é subsequente a um estado inicial de coma e necessariamente envolve lesões no tronco encefálico.

28. Em casos de diagnóstico de morte encefálica, o Ministério da Saúde recomenda que um termo de declaração de morte encefálica seja preenchido seguindo alguns critérios específicos, entre eles:
(A) para o teste de apneia é necessário pré-oxigenar o paciente com FiO2 de 100% por pelo menos 2 minutos.
(B) em adultos, os dois exames neurológicos para verificação de morte encefálica devem ter um intervalo mínimo de 6 horas.
(C) para a realização da prova calórica não é necessária a prévia otoscopia, pois obstruções do meatoauditivo não interferem nos reflexos óculo-cefálicos.
(D) para o teste de apneia, deve-se aguardar a ausência de movimentos respiratórios por 10 minutos, independente da pCO2.
(E) exames complementares aceitos para o diagnóstico de morte encefálica são angiografia, cintilografia, ressonância magnética, SPECT ou Doppler trans-craniano.

29. Sobre os mecanismos etiológicos e fisiopatológicos de TCE é INCORRETO afirmar que:
(A) violência inter-pessoal é uma das causas mais comuns de TCE fechado, chegando até 40% dos casos.
(B) fraturas de crânio são decorrentes exclusivamente de lesões de impacto, não podendo ser conseqüência de lesões de aceleração / inércia.
(C) existem dois mecanismos básicos de TCE: lesões de contato / impacto ou lesões de aceleração / inércia, sendo o último tipo subdividido em aceleração translacional, rotacional ou angular.
(D) lesão axonal difusa, embora possa se apresentar associada a lesões de impacto, são normalmente resultantes de aceleração rotacional ou angular e se classificam histo-patologicamente em três graus de intensidade.
(E) contusões cerebrais devem ser consideradas lesões dinâmicas, já que podem aumentar em tamanho e volume após as primeiras horas ou mesmo dias, devido a edema vasogênico e necrose isquêmica secundária.

30. Na abordagem do traumatismo raquimedular cervical na sala de trauma, é correto afirmar que:
(A) segundo os critérios do C-spine Canadian Rule – CCR, entre os fatores de alto risco que sugerem necessidade de imagem cervical não está a idade do paciente.
(B) a sensibilidade da tomografia de coluna cervical não é significativamente maior que a combinação das radiografias cervicais padronizadas para a avaliação de TRM cervical, quando as radiografias são de boa qualidade.
(C) a classificação SLIC de lesões cervicais traumáticas leva em consideração três fatores: morfologia da fratura/luxação, lesões de complexos discoligamentares e idade do paciente.
(D) entre as síndromes de lesão medular, a síndrome medular anterior tem normalmente um prognóstico de recuperação melhor quando comparado às síndromes medular central e de hemi-secção.
(E) segundo os critérios do estudo NEXUS, só não precisam de imagem da coluna cervical ao pacienta que: estiverem acordados, sem sinais de intoxicação, sem déficits neurológicos, sem dor cervical à palpação dos processos espinhosos e sem lesões distantes que mascarem a dor cervical.

31. Infarto cerebral hemisférico pode resultar de oclusão aguda da carótida interna distal ou da cerebral média proximal. As terapias de reperfusão, quando instaladas a tempo, podem reverter grande parte dos déficits neurológicos. Uma vez instalada a isquemia, o
edema subsequente pode levar a conseqüências devastadoras para o paciente. Nessa condição, a hemicraniectomia descompressiva está indubitávelmente indicada no seguinte caso de paciente de:
(A) 70 anos com início do déficit há menos de 24 horas, sonolento, TC com infarto de cerebral média direita sem desvio de linha média.
(B) 55 anos com início dos sintomas motores há 24 horas, com torpor progressivo nas últimas horas e TC mostrando infarto de cerebral média esquerda e edema importante com desvio de linha média.
(C) 45 anos com início dos sintomas motores há 72 horas, torporoso há pelo menos 36 horas e TC mostrando infarto carotídeo com áreas hipodensas em ambas as cerebrais anteriores e cerebral média direita.
(D) 55 anos com início dos sintomas há 48 horas, acordado e sem melhora do déficit após terapia de reperfusão instalada em tempo adequado. TC com áreas hipodensas em mais de dois terços do território de cerebral média esquerda e discreto desvio de linha média.
(E) 75 anos com início de sintomas motores há 36 horas, comatoso e anisocórico D>E na admissão hospitalar; com TC mostrando infarto extenso de cerebral média com desvio de linha média e herniação uncal instalada.

32. Em relação ao manejo do paciente com hemorragia subaracnóide espontânea, antes do tratamento definitivo (seja microcirúrgico ou endovascular), podemos dizer, EXCETO que:
(A) hidrocefalia aguda ocorre em aproximadamente 20 % dos pacientes e requer derivação ventricular externa em pacientes com nível de consciência reduzido.
(B) as complicações cardiovasculares mais graves são arritmias, isquemia miocárdica, hipotensão e insuficiência cardíaca .
(C) ressangramento é uma das complicações de maior mortalidade e seu pico de incidência ocorre após 24 horas do primeiro sangramento.
(D) o distúrbio eletrolítico mais comum após HSA é hiponatremia, devido a SIADH muito mais comumente que a síndrome perdedora de sal. A diferença primordial entre essas duas entidades de tratamentos distintos está na avaliação do estado volêmico do paciente.
(E) crises convulsivas ocorrem em até 20% dos pacientes, e levam a um aumento do consumo cerebral de oxigênio e edema cerebral secundário, porém anti-convulsivantes profiláticos são administrados de forma arbitrária e não possuem evidência clara de benefício em sobrevida ou desfecho neurológico.

33. Atualmente o tratamento de aneurismas por via endovascular usando molas destacáveis de Gugliemi (GDC) tem uma alta taxa de oclusão. Entre os fatores que limitam a oclusão bem sucedida de aneurismas intracranianos por esta técnica, estão:
(A) relação tamanho/colo <2mm colo=""> 2mm; aneurisma > 15 mm.
(B) relação tamanho/colo < 2mm; colo > 4mm; ramo arterial incorporado ao colo.
(C) relação tamanho/colo <4mm colo=""> 4mm; ramo arterial incorporado ao colo.
(D) relação tamanho/colo < 3mm; colo > 4mm; aneurisma de cerebral média.
(E) relação tamanho/colo < 3mm; colo > 2mm; aneurisma de cerebral média.

34. Sobre as doenças que estão associadas a uma predisposição genética, a formação de aneurismas intra-cranianos, podemos afirmar que:
(A) a síndrome de Marfan possui alterações ectocópicas como aracnodactilia e deformidades torácicas anteriores. Os aneurismas intra-cranianos associados normalmente são de localização distal em cerebrais anterior e média.
(B) doença renal policística tem padrão de herança autossômico recessivo e é a mais associada a aneurismas gigantes.
(C) a neurofibromatose tipo 1 é decorrente da mutação de gene que codifica a proteína neurofibromina, é autossômica dominante e seus portadores têm uma incidência de aneurismas intra-cranianos maior que portadores de síndrome de marfan.
(D) a síndrome de Ehrles-Danlos é uma das doenças genéticas do colágeno com maior mortalidade, sendo o subtipo IV o mais associado a aneurismas intra-cranianos e de difícil diagnóstico pelas poucas alterações ectoscópicas.
(E) aneurismas intra-cranianos familiares são cada vez mais reconhecidos, mas o tamanho médio e a idade média de ruptura desses aneurismas não são diferentes daqueles esporádicos.

35. Dentre as síndromes de mal-formações arteriovenosa múltiplas, aquela que corresponde à associação de mal-formação arteriovenosa cerebral com malformação arteriovenosa de maxila é:
(A) síndrome de Wyburn-Mason.
(B) telangiectasia hemorrágica hereditária.
(C) síndrome de mal-formação arteriovenosa cérebrofacial tipo 2.
(D) síndrome de mal-formação arteriovenosa cérebrofacial tipo 1.
(E) síndrome de mal-formação arteriovenosa cérebrofacial tipo 3

36. Dada a descrição histopatológica a seguir: “Tumor glial de células monomórficas, núcleo arredondados e halos perinucleares, estroma com uma densa rede de capilares ramificantes, microcalcificações perivasculares, índice de mitose de 4 %”, o tumor de natureza glial que melhor corresponde à essa descrição é:
(A) oligodendroglioma – grau II.
(B) glioblastoma multiforme – grau IV.
(C) oligoastrocitoma anaplásico – grau III.
(D) xantoastrocitoma pleomórfico – grau II.
(E) astrocitoma subependimário de células gigantes – grau I.

37. Embora a maioria dos meningiomas tenha um comportamento biológico benigno, alguns subtipos reconhecidos têm maior índice mitótico, invasividade e taxa de recorrência. A opção que exemplifica meningiomas classificados como graus 1, 2 e 3 pela OMS, respectivamente é:
(A) transicional, secretor e atípico.
(B) meningotelial, atípico e secretor.
(C) células claras, cordóide e papilar.
(D) psamomatoso, cordóide e rabdóide.
(E) psamomatoso, células claras e atípico.

38. Em relação às mal-formações de Chiari, a opção que correlaciona corretamente o subtipo com seus critérios e características é:
(A) tipo 2 - herniação tonsilar e/ou cerebelar sem malformações supratentoriais ou herniação de tronco encefálico.
(B) tipo 4 – herniação tonsilar e/ou cerebelar por uma encefalocele occipital.
(C) tipo 3 – herniação tonsilar maior que 5 mm, inclui herniação de tronco encefálico pelo forame magno.
(D) tipo 2 – herniação tonsilar menor que 5mm pelo forame magno, hidrocefalia incomum, mielomeningocele incomum.
(E) tipo 1 – herniação tonsilar maior que 5 mm, não associada a mal-formações supratentoriais, hidrocefalia incomum.

39. Considerando a etiologia e o tratamento dos abcessos cerebrais, podemos afirmar que:
(A) abcessos fúngicos são cada vez mais comuns por causa do uso de corticoides, sendo o agente etiológico mais comum o aspergillus.
(B) abcessos por nocardia são raros e quando diagnosticados devem ser tratados com antifúngicos, pois são resistentes a sulfonamidas.
(C) a origem mais comum de abcessos múltiplos de disseminação hematogênica é otite média.
(D) em estudos experimentais, agentes como streptococcus e stafilococcus se mostraram mais virulentos que E. coli, após inoculação direta.
(E) o agente bacteriano mais comum é o streptococcus em casos espontâneos, sendo o S. milleri associado a origens da cavidade oral, enquanto stafilococcus são mais associados a abcessos póstrauma ou endocardite infecciosa.

40. Em relação às infecções oportunistas do SNC em pacientes com SIDA, podemos afirmar que:
(A) Mycobacterium avium ocorre apenas em pacientes com CD4 menor que 200, com tuberculomas que podem ser únicos ou múltiplos.
(B) Infecção pelo vírus JC ocorre em pacientes com CD4 abaixo de 100, se revelando em ressonância magnética como múltiplas lesões subcorticais com exuberante edema e efeito de massa severo.
(C) Mycobacterium tuberculosis pode se apresentar tanto na forma de abcessos parenquimatosos como na forma de meningite, e normalmente se encontra resposta radiológica importante com o tratamento empírico.
(D) toxoplasmose se apresenta mais comumente com pequenos abcessos múltiplos com captação tardia de contraste que pode variar quando os níveis de CD4 estão muito baixos, sendo encontrados, de forma variável, taquizoítos no exame do LCR.

(E) Citomegalovírus é o agente viral mais comum a causar infecções em pacientes com SIDA e a presença de anticorpos no soro normalmente fecha o diagnóstico.

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