segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Humanizar é preciso! Então, Humanizarte!


Por Sandra Albuquerque


“Prevenir constantemente, curar às vezes, aliviar quando possível, mas consolar sempre”, William Osler, um dos maiores clínicos do mundo. Esse é o lema que rege o trabalho de um grupo de estudantes e palhaços da Faculdade de Medicina de Itajubá. Isso mesmo, estudantes e palhaços, ou melhor, que se vestem de palhaços para levar alegria aos pacientes do Hospital Escola do município aos finais de semana através do projeto Humanizarte.

Criado há três anos, o Humanizarte é composto por estudantes dos três primeiros anos do curso de Medicina, e tem como objetivo entreter e abstrair o paciente da atmosfera hospitalar através de brincadeiras, músicas e conversas descontraídas. Dessa forma também são trabalhados os conhecimentos humano e cultural dos integrantes do projeto, aperfeiçoando suas habilidades de interação e seu compromisso com a profissão.

No Humanizarte, pacientes e membros do grupo são humanizados e tornam-se mais sensíveis à realidade alheia diante da troca de experiências de vida. O grupo formado por 40 estudantes, divididos em equipes de cinco integrantes, se reveza nos finais de semana para visitar os pacientes internados nas quatro alas do hospital: maternidade, pediatria e clínicas médicas feminina e masculina.

O trabalho do Humanizarte é bastante parecido com o dos Doutores da Alegria. A conhecida organização que teve início nos Estados Unidos, em 1986, com Michael Christensen - um palhaço americano, diretor do Big Apple Circus, de Nova Iorque, que numa apresentação em um hospital da cidade pediu para visitar as crianças internadas que não puderam participar do evento. Esse movimento veio para o Brasil em 1991, com Wellington Nogueira, que integrou a trupe americana e ao voltar para o país de origem resolveu tentar um projeto parecido, numa iniciativa do Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo (hoje Hospital da Criança).

“Não é só a saúde física que precisa ser tratada, também tem a saúde psíquica e indo como palhaços as pessoas tem mais liberdade de expor as dúvidas e nós podemos ajudar, muitas vezes dando orientações de como tomar medicamentos”, diz Mayra Lopes, presidente do projeto. O grupo agora quer estender suas atividades e ir além dos quartos do hospital. A intenção é atender também asilos e casas de recuperação e repouso de Itajubá. “Acho muito importante e acredito que esse tipo de projeto deve se abrir para a participação da comunidade, mas iniciativas como essa tem que contar com algum tipo de profissional da saúde por causa dos cuidados que devem ser tomados dentro do ambiente hospitalar”, acrescenta Mayra.

No início do ano a equipe do Humanizarte seleciona vídeos voltados para o trabalho de humanização dentro de ambientes hospitalares, que são assistidos e discutidos pelos integrantes do projeto em reuniões mensais. Nessas reuniões também há troca de experiências vividas durante as visitas e reflexões sobre artigos a respeito da utilização desse tipo de projeto na recuperação dos pacientes.

O trabalho do Humanizarte é voluntário, não havendo nenhum tipo de pesquisa sobre seus reais benefícios, mas estudos mundiais comprovam que a alegria e pensamentos positivos ajudam no tratamento dos pacientes e a melhorar as defesas naturais do organismo. “Como vamos apenas aos finais de semana, a maioria dos pacientes já recebeu alta de uma visita para outra. Essa falta de pacientes regulares (internados por longos períodos) dificulta a coleta de dados”, explica Mayra.

Mesmo assim a melhora desses pacientes pode ser observada de outras formas. “O que nós temos de comprovado são desenhos das crianças, agradecimentos de familiares, pacientes que não queriam colaborar com a enfermagem e a gente ajudou a convencer. A diferença do pessoal do Humanizarte está na forma de abordagem. A gente não mente pro paciente, mas tentamos amenizar ao máximo o sofrimento”, completa a presidente.

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