"Só damos pelo envelhecimento dos outros"
André Malraux
No Brasil pós-moderno
há uma inexistência de programas governamentais no que tange a situação do
idoso. Em contrapartida, cita-se a existência da política nacional do idoso
datada de 1994 e da politica nacional de saúde do idoso decretada e promulgada
em 1999.
Seriam tais Leis
suficientes para tratar tema tão amplo?
A
temática central do artigo consiste nos aspectos da senescência associada as
suas morbidades limitantes: demências, fraturas, acidentes vasculares,
colagenoses, algias e deficiências visuais. Associada ao fato da inversão da
pirâmide etária e do aumento da expectativa de vida, bem como das consequências
de tal realidade social.
O
artigo elucida o fato da dependência familiar do idoso mediante as patologias
associadas, e, como essa situação altera a dinâmica familiar, a economia
domiciliar e a sobrecarga demandada por cuidados.
Analisando dados
publicados associados a conhecimentos demográficos, o texto denota a situação
do idoso mediante ao baixo nível socioeconômico, escolaridade defasada,
carência de serviços públicos e infraestrutura insuficiente culminando em
qualidade de vida precária em especial no se que se refere ao idoso da zona
rural quando comparado ao idoso de região urbana.
Apesar de o quadro
parecer caótico, cuidados são necessários mediante a uma situação de
dependência. E, embora o legislativo tente suprir tal demanda, a mesma se
apresenta sempre maior do que os recursos disponíveis.
Como prova da
condição descrita, o artigo apresenta um dado interessante: Um estudo de
suporte domiciliar para adultos limitados em sua autonomia, realizado de 1991 a
1995, no município de São Paulo em uma população de baixa renda que concluiu
que 90% das famílias não receberam ajuda de serviços de um modo geral, e que
cerca de 30% das famílias declararam que ficariam satisfeitas se pudessem
receber algum auxílio referente a cuidado.
É
abordado ainda o problema do idoso com renda advinda da assistência social
segundo a Constituição de 1988, que mediante ao alto índice de desemprego
vigente no país passa a ser o responsável pelo sustento familiar deixando
inúmeras famílias com renda abaixo da linha da pobreza.
O fato mais alarmante
citado consiste na irreversibilidade das condições acima descritas e em seu
agravamento com o transcorrer do tempo. Há de se considerar também que em
relação à doença observaram que o acometimento da saúde do idoso sobrecarrega o
familiar cuidador, que continua tendo que realizar seu trabalho extradomiciliar
tendo crescida a tarefa de cuidar do idoso às suas atividades rotineiras.
A autora Célia
Pereira Caldas, foi feliz em retratar tão bem e com minucia de detalhes as
condições centrais que mais causam danos aos idosos e à sociedade de forma tão
clara e sucinta.
Faz um confronto
justo ao colocar a condição real e o cuidado ideal. Expõe o problema de saúde
pública de modo a possibilitar a geração de soluções, de direcionar
investimentos por parte dos setores publico e privado de saúde.
A condição é
explicita: há uma carência de suporte formal ao idoso e isso é comprovado ao
longo dos exemplos e dos fatos citados de forma somativa. A autora tem a
coragem de tocar o cerne da problemática da senescência: a deterioração das
funções neurológicas, a dificuldade de autocuidado, a limitação frente às
tarefas domesticas e a redução da motivação do idoso mediante as limitações
anteriormente citadas inerentes do adoecer.
Algumas questões
abordadas são originais: como a concepção social do senso comum acerca do
asilamento que é visto como abandono, e o fato de 2% dos idosos não contar com
nenhuma ajuda familiar em caso de incapacidade acrescido de 40% contar com
auxilio do cônjuge idosos também.
Um tópico que
considero controverso é a implementação do “community
care” que se apresenta no artigo como uma saída possível. Seria tal solução
viável em outras comunidades? Em população com outro nível econômico? Como
ficaria tal proposta em países como o Brasil em que existe certo padrão de
inversão de dependência devido ao quadro de desemprego e do número crescente de
dependentes de substancias psicoativas?
Soluções viáveis para
melhoria da condição avaliada é algo mais complexo do que parece, começa com
foco na atenção básica com medidas preventivas de modo a retardar o quadro de
dependência o máximo possível. E de medidas de infraestrutura para serviços
específicos que se destinem a tal população, em especial responsáveis pelo “follow up” após a alta hospitalar.
Pode haver, nas
palavras da autora da obra: “um envelhecimento bem sucedido”.
Referencias:
Artigo de: CALDAS, Célia Pereira. Envelhecimento com dependência:
responsabilidades e demandas da família.
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