Neuromielite Óptica - NMO
É um tipo mais
raro de desmielinização e afeta o nervo óptico e medula. Apresenta biomarcador
específico: Ac contra aquaporina 4 (AQP4). A AQP4 possui papel importante na
barreira hematoencefálica e entre o LCR e cérebro. A APQ4 é importante no n
óptico, na medula espinhal, na região periventricular, no hipotálamo e no
tronco encefálico. A AQP4 não é especifica do SNC. Muitos indivíduos afetados
apresentam ac contra AQP4. A AQP4 mantém astrócitos e barreira
hematoencefálica.
Doença de Devic: neurite óptica bilateral e desmielinização da medula
espinhal de forma sincrônica. LCR com leucócitos e neutrófilos.
É encontrado
infiltrado inflamatório com neutrófilos e necrose na substancia branca com
deposição vascular de imunoglobulinas e complemento.
Os sintomas
podem ser percebidos de acordo com o local acometido.
1.
Neurite:
turvamento, escurecimento ou perda visual, precedidos por dor a movimentação
ocular.
2.
Mielite:
parestesia da área acometida, astenia de membros, alteração de equilíbrio,
alterações intestinais e urinárias.
3.
Lesões
de tronco encefálico: soluço, náusea e vômitos incoercíveis, vertigem,
alterações da fala e deglutição, paralisia facial, dor e alteração de
sensibilidade da face, perda auditiva e zumbidos.
4.
Lesões
de hipotálamo: narcolepsia, anorexia, hiperfagia, distúrbios de temperatura e
COMA.
5.
Lesões
corticais e subcorticais: crise convulsiva, sintomas psiquiátricos e alterações
cognitivas.
A etiopatogenia
consiste em auto anticorpo imunoglobulina G seletivo para AQP4 (molécula
tetramérica de duas isoformas). Isoformas: M1AQP4 – longa. M23AQP4 – curta (OAP
– partícula ortogonal).
A aquaporina é
responsável pela regulação do transporte de água, potássio e glutamato. É
expressa na membrana podal dos astrócitos (barreira hematoencefálica), nas
sinapses e nos paranódulos aos nódulos de Ranvier.
O que desencadeia
a reação do auto anticorpo contra a aquaporina ainda é obscuro, gerando
hipóteses. Ratelade em 2012 defendeu a citotoxicidade do complemento, que
depende do anticorpo e da natural killer. É proposto que a ligação NMO-IgG-AQP4
ative o complemento com ataque a membrana e ação astrocitária primária. O
recrutamento de células inflamatórias (granulócitos e macrófagos) romperiam a
BHE aumentando sua permeabilidade e anticorpos circulantes no parênquima do
SNC. A desgranulação neutrofílica secundaria a reação inflamatória danifica os
neurônios. É obscura a forma que NMO-IgG atravessa a barreira.
Mecanismo
patogênico da NMO: NMO-IgG atravessa a BHE e se liga a AQP4, complemento
ativado, lesa o astrócito. São recrutados granulócitos e macrófagos, há desgranulação
neutrofilica e perda de astrócito e oligodendrócitos.
São
manifestações clínicas: mielite transversa (paraplegia simétrica severa, perda
de sensibilidade abaixo da lesão, disfunção vesical e intestinal) e neurite
óptica.
Pode ocorrer sinal de Lhermitte
(espasmos tônicos e dor radicular). Mais comuns lesões cervicais e torácicas.
Pode cursar com discromatopsia.
O
diagnóstico é por imunofluorescência indireta (EUROIMMUN) de alta sensibilidade
e especificidade, aplicável em laboratório não especializado. A RNM diagnostica
mielite transversa longitudinalmente extensa com lesão centro medular (3 ou
mais segmentos vertebrais contínuos).
Pode ser feito
por estudo de LCR que detecta as bandas de IgG, sendo IgM positivo se doença
ativa. O potencial evocado visual (PEV) detecta distúrbios do nervo óptico e
das vias ópticas. O PEV pode ser feito de duas formas: 1. Flash de luz com
óculos especiais. 2. Padrão reverso.
São critérios
diagnósticos para NMO:
NEUROMIELITE ÓTICA
DEFINITIVA
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CRITÉRIOS
ABSOLUTOS
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1. neurite ótica
|
2. mielite aguda
|
CRITÉRIOS DE SUPORTE (>2)
|
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1.
RNM
medular com lesão medular extensa (3 ou mais seguimentos vertebrais contiguos
em t2) hipointensa em t1 quando obtida em episódio agudo
|
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2.
RNM
cerebral sem critérios de diagnóstico para esclerose múltipla
|
|
3.
positividade
para NMO-IgG no soro
|
O diagnostico
diferencial deve ser realizado entre NMO e EM:
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NMO
|
EM
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Idade / inicio dos
sintomas
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39 anos
|
29 anos
|
Sexo
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Feminino (80-90%)
|
Feminino (60-70%)
|
Outras
auto-imunidades
|
Frequente (30-50%)
|
Raro
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Distribuição
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Nn óticos/medula
espinhal
|
Substancia branca
|
Curso
|
Recorrente
(80-90%), monofásico (10-20%). Raramente secundariamente progressiva
|
Recorrente
remitente(85%), primariamente progressiva (15%), não monofásica,
frequentemente secundariamente progressiva.
|
Surto
|
Severo
|
leve
|
Insuficiência respiratória
|
Frequente
|
raro
|
Cels. LCR
|
Pleocitose marcada céls
polimorfonucleares
|
Pleocitose leve céls morfonucleares
|
BOC no LCR
|
Raro (15-30%)
|
Frequente (85%)
|
NMO-IgG
|
Frequente (62%)
|
Ausente
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RNM medular
|
Lesões centrais, longinalmente
extensas (3 ou + seguimentos vertebrais)
|
Lesões periféricas em curtos
seguimentos
|
RNM cerebral
|
Normal, lesões inespecíficas ou
lesões específicas para NMO (10%).
|
Lesões múltiplas na substancia
branca periventricular
|
A NMO possui
surtos mais severos que a EM, com recuperação incompleta e pior prognóstico.
O tratamento
da NMO visa reduzir os sintomas e os ataques. Ocorre a partir da combinação de
corticóides. Metilprednisolona para conter o ataque. Azatioprina para prevenir
ataques subsequentes. Se a corticoterapia não funcionar, deve ser usada
plasmaferese.
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