domingo, 15 de outubro de 2017

O DUELO DOS NEUROCIRURGIÕES - Introdução


O livro aborda a história da neurociência. Elucida sua formação a partir de casos clínicos que consistem nas alterações da vida de pessoas comuns. Os casos clínicos descritos na obra, não nos remetem apenas a fisiopatologia das doenças descritas, mas também nos levam a questionar acerca da identidade do ser humano.            

A história da neurologia e da neurociência está repleta de loucos, criminosos, gênios e almas atormentadas.            

Tais aspectos históricos propiciam explicações claras, abrangentes espirituosas sobre aspectos científicos, narrando casos esquecidos e a luta de pessoas comuns, sua resiliência e humanidade, características, sem as quais, a neurociência não teria evoluído.            

A partir da sobrevivência enigmática dos indivíduos, a ciência avançou, e por vezes, é assim, que distante dos laboratórios, continua a avançar.           

“Houve um tempo
Em que, sem cérebro, um
Homem morria,
E isso era o fim; agora
Eles retornaram.”
         Macbeth           

“Minha mente desperta de um sonho, mas meu corpo continua imóvel.” (pág. 9)            

É o oposto do sonambulismo é a paralisia do sono.            

“Um veterano de guerra da Coréia relatou sentir mais terror durante um único episodio de paralisia do sono que nos treze meses de combate.” 

Uma inglesa foi declarada morta por três vezes e uma delas acordou num necrotério. 

A paralisia do sono é confundida com abdução extraterrestre.

A paralisia do sono é uma falha na comunicação entre encéfalo, tronco e medula espinhal.

“Durante os sonhos, a ponte também envia uma mensagem à medula espinhal abaixo dela, a qual produz substancias químicas para tornar nossos músculos flácidos. Essa paralisia temporária nos impede de transformar pesadelos em ação fugindo do quarto ou tentando esmurrar lobisomens.” 

Se, durante o sono as vias aéreas são fechadas privando o individuo de oxigênio, o cérebro ordena a ponte que cesse a paralisia dos músculos. Porem, se há desgaste neural e a ponte não obedece embora o cérebro consiga despertar a mente um pouco, é incapaz de parar o mecanismo químico da paralisia. 

E, algumas pessoas nunca escapam ao estado onírico. Ficam semialertas, paralisadas e seus cérebros continuam a evocar absurdos oníricos. 

Existe algo importante sobre o cérebro: interconexão. Porém, quando regiões especializadas se deterioram coisas curiosas começam a acontecer. A pessoa perde a capacidade de reconhecer frutas e legumes, mas não outros alimentos. Perde a capacidade de ler e ainda assim escrever. Tais circunstancias são reveladoras acerca de como o cérebro evolui e de como ele é composto.

Antes do advento da RNM e da Neuroimagem de uma forma geral, a neurologia tinha suas conclusões baseadas em desastres e observação do funcionamento alterado posteriormente.

Por vezes, o corpo sobrevive, mas a mente deformada se transforma em algo novo. E, mesmo com o avanço tecnológico, ainda em dias atuais, ferimentos, continuam sendo a melhor forma de inferir sobre o cérebro.

As histórias sobre acidentes são narrativas de triunfo, sobre a resiliência do cérebro, de sua capacidade de se reconectar.

A obra “O duelo dos neurocirurgiões” conta histórias de luta, sem as quais a neurociência moderna não seria possível. 

E, apesar de não poder se estudar nenhuma parte do cérebro isoladamente, algumas perguntas continuam: “onde o cérebro para e a mente começa?”

O que há de mais encantador no avanço da neurociência é que as descobertas não vieram de cérebros brilhantes, e sim de alterações em cérebros de pessoas comuns. 

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