O DUELO DOS NEUROCIRURGIÕES - Anatomia topográfica
“Eu
o tratei. Deus o curou.” – Paré
O autor relata a historia de
Henrique II da França em 1559 durante um torneio de jutas, no qual Henrique foi
acometido na cabeça por uma lança com posterior torção maldosa no maxilar,
causando micro hemorragias e miniconvulsão. Foi socorrido pelos dois maiores
médicos da Europa, pois ficava entre a consciência e a inconsciência devido a
uma gigantesca concussão.
Ocorre que desde o inicio do século
XIII, a Igreja havia declarado que nenhum cristão poderia derramar sangue, o
que conferia aos clínicos status social superior aos cirurgiões. Porém, Paré e
Versalius não encontraram nenhuma fratura ou fissura no crânio de Henrique.
Eles pincelavam com tinta o topo da cabeça e observavam se ela escoava ou
batiam com uma vareta no crânio, afinal, crânios rachados soavam diferente de
crânios intactos.
A maioria dos médicos da época
pensava no cérebro como um ovo, se a casca não quebra a gema não se danifica.
Mas, Vesalius e Paré raciocinavam de
maneira diferente. Paré tinha a experiência de um campo de batalha e já havia
feito autópsias ilegais constatando concussão e lesão de contra golpe.
Henrique iniciou com quadro de
convulsões e paralisias temporárias, recorrente ao aumento da PIC.
A história da neurociência provou
que o cérebro é espantosamente resiliente, mas uma coisa que ele não pode
suportar é pressão. O edema cerebral se prova mais fatal que o golpe inicial.
Mas Henrique faleceu pelo aumento da PIC devido a uma hemorragia.
Pare voltou para Paris e escreveu um
livro texto de anatomia que plagiava Vesalius. E, não viu nisso grande problema,
e sim um ato inofensivo de acender uma vela na chama de outra.
O que foi relativamente importante
da autopsia de Henrique foi a inspiração para Paré escrever um livro sobre ferimentos
na cabeça, chamando atenção para o perigo das lesões de contra golpe e acumulo
de fluidos, emparelhando lesões cerebrais especificas com sintomas específicos,
o modus operandi da neurociência durante os quatro séculos seguintes.
Conclui-se, portanto, que as lesões
de contra golpe existiam, e que o cérebro podia sofrer traumas mesmo que o
crânio permanecesse incólume.
Cada concussão amolece o cérebro e é
predisposição a mais concussões. Após múltiplos golpes, neurônios começam a morrer
e buracos esponjosos se abrem, em seguida, as personalidades das pessoas se
desintegram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário será aprovado após moderação.
Obrigada pela contribuição!