terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Desabafo

"Cultura é o complexo de padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores transmitidos coletivamente e típico de uma sociedade, civilização."
Eu só queria entender a tal cultura, a sociedade, e a mim.
Eu só queria gostar das músicas da moda, do palavreado, da moda, da futilidade que anda em alta.
Eu só queria ser normal.
Eu só queria entender o método de avaliação da sociedade onde pessoas sem caráter, mas inteligentes vencem usando o que existe de mais avançado no campo da hipocrisia.
Eu só queria entender essa "justiça divina", que dificilmente é vista na face dos homens.
Eu só queria entender as convenções.
Eu só queria entender o motivo pelo qual saber os sen de 30º, 45º e 60º se a maioria das escadas do mundo tem outras inclinações.
Eu só queria entender por que a epidemiologia briga para ser ciência enquanto, relativamente, é respeitada sendo apenas uma teoria.
Eu só queria entender qual a vantagem de ser ciência se, por vezes, é necessário apenas um acontecimento, uma nova descoberta para que bases sólidas desmoronem.
Eu só queria entender a vaidade da vaidade.
Eu só queria entender aqueles que não conseguem ser a elite financeira e se gabam por ser a elite intelectual. Isso os torna mais realizados?
Eu só queria saber a que o "ensino superior" é superior. Aos pobres e miseráveis que o sustentam?
Eu só queria entender a "saúde coletiva", que se resume a programas falhos de controlar doenças, ao invés de dar assistência à saúde.
Eu só queria entender o sistema, que recebe impostos, obediência e se preocupa em formar "máquinas" de resolver problemas, ao invés de educar e despertar a consciência da importância de viver o ser feliz.
Eu só queria entender por que, afinal, o poder e o conhecimento brilham como ouro e pesam como chumbo.
Eu só queria entender as minhas dores, que não podem ser comportadas, obrigando a escrevê-las.
Eu só queria entender como escrever alivia as dores se eu gostaria é de "ser lida"pela massa, pela maioria, que é constituída hoje por analfabetos funcionais.
Eu só queria entender como as pessoas se esquecem da divindade que nelas habita e ao invés de usar o poder de sua VONTADE, para transformar a Terra em paraíso, rastejam pela aprovação medíocre dos imbecis que o cercam.
Eu só queria entender o fato de nossa carne apodrecer quando morremos, se permitimos a nossa alma putrefazer-se em cada ato mesquinho praticado, enquanto ainda acreditamos estar vivos.
Eu só queria entender essa estupidez que destrói, essas verdades que assombram e o descaso que a condena.
Eu só queria entender como o fato do sol e da dor serem os mesmos para todos me consola, se somente alguns poucos podem comprar filtro solar e remédios.
Eu só queria entender o ágape dos gregos que é o amor sem razões, a não ser a de EXISTIR (mesmo que a existência se limite a lembranças do AMADOR). Se a sociologia demonstra que tudo, inclusive o amor materno, é cultural. Contradizendo meu coração, que só sabe repetir que o Amor é sempre mais forte.
Eu só queria que alguém me respondesse se devo rir ou chorar das alegrias e tristezas que são efêmeras, nas vidas e agrupamentos sociais.
Mayra Lopes de Almeida Reis.
Publicada em 03/05/2004
http://jornal.unifenas.br/junifenas/cgi/public/cgilua.exe/web/cfg/tpl/default/frameset.htm?user=reader

3 comentários:

  1. Muito interessante teu blog Mayra.
    Prazer em conhecê-la um pouco mais.
    Rit@

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  2. Maravilhoso ! Tenho questionamentos semelhantes , não com tanta poesia. Mas e agora, mudou essa sua visão? Como se encontra esse cerne interrogativo da vida prática e transcendental? Já foi consumida pelo cotidiano gélido e assentimental?

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    Respostas
    1. Felizes aqueles que foram consumidos pelo cotidiano gélido e assentimental. Eu? Não estou tão feliz assim, rs. Fazer o bem é combater o mal. Continuo Gandalf: "Você não vai passar."

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