o Avaliar instabilidade da coluna
o Critério de Holt-Wort – não é mais usado
§ Corpo vertebrado + disco = coluna anterior
§ Após ligamento = coluna posterior
§ Tudo que afeta coluna posterior é instável
o Atualmente utiliza-se critério de Dennis
o Critério não anatômico – clínico → Panjalo
§ Principal fator de instabilidade é a dor persistente
CRITÉRIOS DE INSTABILIDADE –
DENNIS
·
Coluna dividida em três
fragmentos:
o Coluna anterior: ligamento longitudinal anterior,
primeira 1/2 do corpo vertebral e disco anterior
o Coluna média: segunda 1/2 do corpo vertebral e disco,
ligamento longitudinal posterior e pedículos
o Coluna posterior: processo espinhoso, lâmina, processo
articular, ligamento amarelo e elementos de dentro do canal (raiz, dura- máter
e medula)
·
A coluna vai estar instável quando
forem afetados os fragmentos médio e/ou
posterior.
·
Hoje = considera-se instável quanto 2
fragmentos forem afetados (qualquer um).
·
Acometimento isolado da coluna
anterior = explosão vertebral (coluna estável)
·
CD cirúrgica = indicada se coluna instável ou lesão neurológica associada
MECANISMOS DE LESÃO VERTEBRAL
1) Hiperflexão:
·
Ocorre sobrecarga dos elementos
anteriores de caráter compressivo, propiciando:
o Fratura do corpo vertebral (partes anterior e inferior)
o Comprometimento discal com herniação e estreitamento do
canal raquidiano (disco absorve impacto – ão deixa passar para vértebra de
baixo)
o Ruptura do ligamento interespinhoso com fratura do
processo espinhoso (mais rara)
·
Trauma vertical - a força vertical sobe ao crânio e
o pescoço fica ereto (fraturas de C1 e C2) ou sofre ext/flexão (outras
alterações)
·
Consequências da
hiperflexão = hérnia de disco traumática,
fratura do corpo vertebral
2) Hiperextensão:
·
Principal mecanismo, acarretando:
o Fratura do processo espinhoso
o Fratura do processo articular ou facetário, geralmente
associado com ruptura do ligamento amarelo e conseqüente luxação do corpo
vertebral (instabilidade)
o Pode haver também ruptura do ligamento longitudinal
anterior (se descolamento > 3mm)
o Comprometimento da artéria vertebral (lateral ao
processo articular; se lesão cervical)
o Ocorre no mergulho em água rasa, lesão do chicote; pode
levar à Sd. Schnaider (compressão do canal central)
·
Lesão não afeta a vértebra de
baixo – ligamento interespinhoso segura – vai pela lâmina – afeta faceta
articular e processo transverso
·
Rompe o ligamento amarelo –
desloca vértebra - instável
·
Deslizamento de vértebras
(anterolistése):
o Grau I – < 25%
o Grau II – 50%
o Grau III – 75%
o Grau IV – > 75%
·
Até grau II – não há ruptura do
ligamento longitudinal
·
Quanto maior o grau, maior a
chance de comprometer artéria
·
Consequência = luxação, varia com
o quanto a vértebra andou (I – nada, II parestesia,...)
3) Compressão:
·
Ocorre por força que age
diretamente no eixo da coluna; esta não suporta a força e explode em vários
fragmentos
·
Ocorre principalmente a nível
toracolombar (T11, T12, L1 e L2) e acarreta:
o Explosão do corpo vertebral
o Herniação discal
·
Explosão 1ª ½ da vértebra =
estável
·
Nem sempre produz lesão
neurológica (déficit motor)
4) Tração:
·
Aplicada sobre o eixo da coluna,
acarreta:
o Lesões ligamentares por arrancamento
·
Explica lesão de plexo braquial
5) Rotação:
·
Acarreta:
o Lesões mistas
o Graves estiramentos ou rupturas ligamentares
o Fraturas facetárias com deslocamentos vertebrais
(instabilidade)
o Geralmente comprometimento do disco
6) Mecanismos combinados:
·
Geralmente afetando a região cervical (ex.: chicoteamento em
acidentes de carro)
·
Acarretam:
o Lesões ligamentares
o Ruptura do disco com estreitamento agudo do canal e
compressão medular
·
Vértebrals cervicais:
o C1 e C2 – cervical alta
o C3 a C5 – mesocervical
o C6 e C7 – cervical baixa
TRM CERVICAL –
PARTE ALTA (C1 E C2)
·
Fatais em 50% dos casos
·
Quando sobrevivem: 10% apresentam
déficit neurológico
·
Principais:
o 1º- fraturas do dente do Áxis
o 2º- espondilolistese
traumática do Áxis
o 3º- fratura do Atlas
·
Outras:
o Deslocamento
atlanto-occipital
o Fraturas do côndilo occipital
o Deslocamento atlantoaxial
o Fraturas combinadas
1) Fratura do dente do Áxis (C2)
·
Correspondem a 10% das fraturas de
coluna e 55% das fraturas do áxis (C2) – processo odontóide
·
Causadas por hiperflexão da cabeça
·
Visualização no raio X com a boca
aberta (transoral)
·
Paciente politraumatizado - RX coluna cervical, até C7, em
perfil
·
Paciente com artrite reumatóide sempre pedir o raio X para ver o odontóide
·
Classificação de Anderson e D’Alonzo:
o Tipo I: fratura da ponta
do odontóide. É a mais rara e geralmente estável
§ Tratamento - conservador com imobilização por órtose externa
o Tipo II: fratura na base
do odontóide, respeitando o corpo vertebral. É a mais comum. Instável e tem grande probabilidade de não se
consolidar, sendo necessária a fixação
§ Odontóide desloca-se anteriormente ou posteriormente
(mais grave – há compressão da dura-máter)
§ Fatores associados à não consolidação: fragmentos >
4 mm, deslocamento posterior, idade > 50 anos, tração prolongada, diabetes,
osteoporose
§ Tratamento - fixação do corpo ao odontóide via transoral (cuidado –
risco de lesão do tronco cerebral - parada CR)
·
Deslocamento
o Anterior – espera-se mais tempo
o Posterior – cirurgia
·
Fixação feita do corpo para o
odontóide
o Incisão vertical
o Trans-oral – mais difícil
o Parafuso de odontóide
o Posterior – amarra C1 e C2
o Tipo III: fratura da base do odontóide incluindo o corpo
de C2
§ Estável
§ Bom PX (vascularização no corpo > base, portanto a
consolidação ocorre mais rápido que na fratura tipo 2)
§ Tratamento - frequentemente se resolve com a utilização de halo
vest (fixação cabeça + pescoço por 60-120 dias) ·
Indicações de cirurgia: Paciente> 45-50 anos (difícil consolidação óssea). Ângulo de deslocamento (odontóide em relação ao corpo)
> 30°. Deslocamento > 4mm. Condição pré-existente da vértebra. Paciente com osteoporose ou DM.
2) Espondilolistese traumática do
Áxis
·
Também chamada fratura de Hangman’s ou do enforcado
(pode ocorrer morte por insuficiência respiratória)
·
Provocada por hiperextensão
(luxação de C2 sobre C3)
·
Fratura encontra- se no pedículo
do áxis
·
Associada à ruptura do ligamento
longitudinal anterior e fratura dos
elementos posteriores, com ou sem luxação, podendo haver compressão nervosa
radicular conseqüente a fragmentos ósseos.
·
Dor cervical posterior e superior
·
Linha imaginária na base do crânio
– linha basal de Shamberlein
o Odontóide encontra-se acima dela = invaginação basilar
(C1 no forame magno)
o Paciente reclama de tontura
o Geralmente paciente com pescoço curto
·
Tratamento: imobilização com colar cervical
por 12 semanas
3) Fratura do Atlas
(C1)
·
Fratura de Jefferson (ocorre quando não há extensão ou hiperflexão)
·
Corresponde a 1-2% das fraturas da
coluna e de 4-15 % das fraturas da região cervical
·
Consequente a traumatismos no
vértice craniano quando a força é aplicada sobre o longo eixo da coluna vertebral,
com compressão dos côndilos occipitais sobre o anel da C1
·
É estável, mas pode ser instável
quando houver ruptura do ligamento
transverso
·
Síndrome de Wallemberg: lesão da
artéria vertebral -isquemia bulbar (DX por angiorressonância)
· Tratamento: imobilização externa (quando
estável – colete ou colar de Filadélfia) e cirúrgico (quando instável – fixa
parte posterior no crânio)
4) Deslocamento atlanto-occipital
·
Corresponde a 1% das lesões
cervicais - lesão mais alta
·
Geralmente acompanhada de TCE
·
A maioria dos pacientes vai a óbito
por parada cardiorrespiratória
·
Os pacientes podem apresentar
déficit motor com monoparesia, hemiparesia, tetraparesia ou plegias completas
·
Pode ocorrer em pacientes com
frouxidão de ligamentos (ex.: síndrome de Down)
5) Fraturas do côndilo occipital
·
Raras
·
Geralmente associadas a traumas
craniocervicais
·
Pesquisar:
o TCE grave
o Alteração do nível de consciência
o Dor occipitocervical
o ↓ mobilidade cervical
o Alteração dos pares cranianos baixos
o Edema de partes moles na região retrofaríngea
6) Deslocamento atlantoaxial
(C1/C2)
·
Pode ser de dois tipos:
o Rotatório: mais comum em crianças e geralmente
acompanhado de torcicolo
§ Tratamento clínico com tração
o Anterior: distância entre a margem anterior do dente do
áxis e o arco anterior do atlas é > 3 mm
§ Tratamento cirúrgico se houver ruptura do ligamento transverso
(instabilidade). Pode ocorrer sem trauma, devido a
fragilidade do ligamento (ex: Down).
7) Fraturas combinadas do atlas e
áxis
·
Correspondem a 3% das fraturas de
coluna cervical
·
São mais comuns em acidentes de
carro e em idosos
·
Déficits neurológicos frequentes
TRM CERVICAL
SUBAXIAL (C3 A C7)
·
Porção mais móvel da coluna vertebral.
·
O raio X simples em perfil com visualização de C7 é o exame de
triagem de escolha nas lesões subaxiais.
·
Tipos: deslocamento facetário uni
ou bilateral, fraturas por compressão.
1) Deslocamento facetário uni ou
bilateral
·
Uma das lesões mais frequentes da coluna subaxial
·
Coluna fica instável(não significa déficit – canal medular cervical grande)
·
Há luxação
·
Redução com tração resolve 74% dos
casos, mas pode ser necessária cirurgia
o Quando há encavalamento – faz-se necessário redução
cirurgica
·
Na luxação unilateral há
rompimento ligamentar em rotação e extensão. Em geral, o deslocamento é por
acometimento do ligamento longitudinal anterior.
·
A luxação bilateral está associada
aos traumatismos em hiperflexão, sendo acompanhada de ruptura ligamentar
extensa, tanto anterior quanto posterior.
·
Cirurgia
o Expõem toda coluna – da protuberância occipital à C7
o Limitação do movimento do pescoço
o Usa-se parafusos ou fios
o Expõem-se a dura-máter – verifica onde passa o fio –
pode ↑edema e levar o paciente ao choque medular
2) Fraturas por compressão
·
São causadas por cargas axiais
verticais (fratura em explosão) ou por vetores de compressão em flexão (fratura
em tear drop)
·
A explosão pode lesar a parte
anterior do corpo vertebral (não havendo déficit), ou todo o corpo, havendo
déficit e instabilidade da coluna
·
A compressão pode ser acompanhada
de luxação das facetas, ruptura de ligamentos e herniação discal
·
Tratamento cirúrgico:
o Descompressão medular em pacientes com déficit
neurológico
o Estabilização vertebral em pacientes com lesão completa
o Substituição do corpo vertebral com enxertos ósseos
(ilíaco = melhor osso para se conseguir fusão) ou cestas de material metálico e
fixação com placas adjacentes aos corpos
TRM TORÁCICO E
TORACOLOMBAR
·
Péssimo prognóstico quanto à
recuperação funcional
·
Pequenos deslocamentos já podem
causar lesões medulares (menor diãmetro do canal)
·
Fraturas/luxações torácicas tendem
a ser mais estáveis (musculatura mais forte), mas ainda há o déficit
·
Tratamento:
o Inicio do séc. XX: laminectomias descompressivas, com
acesso posterior
§ Pode dar falência de sustentação (músculo
avascularizado e desnervado, com cicatriz)
o Evolução: acesso cirúrgico ântero- lateral com sistemas
de fixação com próteses metálicas
o Preferida
atualmente: acesso anterior (acesso mais
difícil na coluna torácica)
§ Incisão feita por urologistas – entre a última costela e a crista ilíaca – afastamento do psoas
para acesso
TRAUMA RAQUIMEDULAR LOMBAR
·
Classificação de Magerl et al.:
o Tipo A
§ Fraturas em compressão - envolvem principalmente o corpo
vertebral; geralmente os ligamentos posteriores permanecem intactos e não há
subluxação
·
A1: fraturas de impactação,
encunhamento
·
A2: segmentação sagital ou coronal
do corpo vertebral
·
A3: lesão em explosão
§ CD:
·
Nas fraturas A1 e A2 com redução
da altura do corpo vertebral < 50% - tratamento com órtose externa
·
Se > 50% e em A3 - cirurgia (lesões instáveis)
o Na vértebra em que houve a fratura – não colocar o
parafuso.Para verificar se houve
estabilização – controle com raio X AP e perfil
o Tipo B
§ Fraturas em distração:
geralmente há lesões ligamentares, mas com pouca lesão óssea – ocorre
afastamento de um corpo vertebral do outro
· B1: ruptura através de tecidos
moles posteriores
·
B2: ruptura através do arco ósseo
posterior
·
B3: ruptura através do disco
§ CD: correção com parafusos pediculares
o Tipo C
§ Fraturas
multidirecionais com translação:
lesão dos elementos anteriores e posteriores com vetor rotacional associado
(corpectomia)
§ Em região lombar baixa (L4-L5) no homem – pode dar
ejaculação retrógrada – complicação transitória
§ Maior porcentagem de lesão neurológica
· C1: translação no plano sagital,
com deslocamento anterior ou posterior
· C2: translação lateral
· C3: rotação
§ CD: reconstrução vertebral cirúrgica complexa
EXAMES COMPLEMENTARES
·
Raio X simples:
o Ântero- posterior, perfil, boca aberta (transoral) e
oblíquas (análise forame de conjugação – paciente com cervicobraquialgia e parestesia,
pode ocorrer por fechamento do forame)
o Visão inicial das estruturas anatômicas periféricas à
medula
·
Tomografia computadorizada:
o Grande valor complementar
o Avaliação detalhada do segmento da lesão
o Auxílio para decisão terapêutica e para a sua
estratégia
o Reconstrução tridimensional
o Mielografia (TC com contraste no espaço subaracnóide):
diagnóstico de lesões cervicodorsais e revelação de tecidos moles
intra-raquidianos
§ Não é meia feito
§ Punção com injeção de contraste – se este passar (mesa
em Trdelemburg) indica que não há bloqueio (hematoma, fratura, etc)
§ Hoje utiliza-se a mielotomografia
·
Ressonância magnética:
o Não muito boa para ossos
o Extrema importância para a avaliação de tecidos moles,
inclusive fragmentos ósseos, hematomas e corpos estranhos
o Diagnóstico de alterações estruturais do cordão medular
o CI na suspeita de presença de material de ferro no
canal
o Angiorressonância: confirmação de lesões vasculares
o Não substitui a TC
·
Angiografia:
o Casos de comprometimento da artéria vertebral (síndrome
de Wallemberg na fratura de Jefferson)
o Difícil realizar
o Hoje – substituída por punção da artéria femoral
·
Punção do espaço subaracnóideo:
o Diagnóstico de bloqueio à circulação liquórica
o Grande valia quando há dúvida quanto à permeabilidade
do canal e consequente comprometimento das estruturas nervosas
o Evita-se → CUIDADO com herniação
·
Potencial evocado
somatossensitivo:
o Lesões parciais ou totais da medula
o Valor prognóstico
·
Objetivos básicos:
o Identificar instabilidades
o Reduzir e imobilizar a fratura e fusão dos elementos
lesados
·
Tratamento inicial:
o Imobilização precoce
o Estabilização clínica do paciente
Tratamento cirúrgico
·
Baseado no quadro clínico e nos
achados dos exames complementares
·
Situações:
o Instabilidade da coluna e lesão
neurológica = cirurgia de urgência (exceto em choque medular = ↑ edema se
CD cirúrgica)
§ Fragmentos ósseos, hematoma, déficit neurológico
progressivo - cirurgiar
§ Principal → proteger o tecido nervoso
o Instabilidade da coluna sem lesão neurológica =
cirurgia eletiva (manipulação da coluna = risco de edema)
o Lesão neurológica estável sem instabilidade de coluna =
aguardar (lesão já ocorreu)
§ Avaliar pela escala de Frankel – deve permanecer sempre
na mesma classificação
o Lesão neurológica instável sem instabilidade de coluna =
cirurgia de urgência (laminectomia descompressiva)
§ Paciente muda na escala frequentemente – perda
progressiva
§ Déficit neurológico progressivo
§ Lesão óssea com fístula liquórica
o Urgência - fístula liquórica – fecha-se para evitar
infecções (meningite, encefalite, etc) → geralmente são traumas abertos.
·
Finalidades primordiais:
o Prover a descompressão do cordão medular e seus
envoltórios, propiciando boas condições para a reabilitação
o Fixar anatomicamente os elementos ósseos, mantendo sua
integridade e proteção aos elementos nervosos
·
Critérios de coluna instável – Punjab: dor persistente + deformidade + irritação radicular
·
Escala de Frankel – graduação e acompanhamento do déficit medular (lesão
neurológica e não óssea)