sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Edema cerebral



·         Cérebro = região do corpo mais sujeita a edema. No TCE: pode surgir como lesão primária ou como complicação tardia (pico = 24 a 48h). Complicação transitória, mas potencialmente fatal (edema difuso).
·         cérebro com “superfície de corte úmida” (BRAIN SWELLING = inchaço): peso e volume ↑

DEFINIÇÕES         
·         TUMEFAÇÃO CEREBRAL – ↑ volume cerebral, independente da causa
·         CONGESTÃO VASCULAR CEREBRAL – ↑ volume cerebral às custas do ↑ volume sanguíneo (não é necessário ter sangue extravasado, como ocorre no estado hiperêmico encefálico).
·         EDEMA CEREBRAL – ↑ volume cerebral às custas do ↑ água + Na+ (líquido intersticial) no parênquima. Não é um problema isolado, sendo às vezes uma complicação transitória, mas potencialmente fatal. Muitas vezes é o principal responsável pelo quadro clínico e um dos determinantes da evolução neurológica e do prognóstico. Pode ser: focal (pode evoluir para a forma difusa) ou difuso.

CLASSIFICAÇÃO
·         Edema citotóxico
·         Edema vasogênico

EDEMA VASOGÊNICO
·         Principal tipo
·         Distúrbio na BHE causado por um ↑ permeabilidade vascular cerebral
·         Edema de substância branca
·         Extensão do edema: influenciada pela pressão sanguínea e pela duração da lesão vascular
o   > vulnerabilidade da substância branca: ↓ densidade capilar, fluxo sanguíneo baixo e maior quantidade de espaço extracelular. Corpo caloso = resistente à disseminação do edema.
·         Composição: filtrado de plasma com proteínas plasmáticas, sangue e macromoléculas
·         ↑ VEC e ↑ permeabilidade capilar
·         É o tipo que mais causa convulsão (sangue = irritante para o cérebro). Coágulo ðsofre hemólise em torno de 15 dias e libera substâncias irritantes (ex.: hemossiderina)
·         Causas
o   TU cerebral (GBM, tumor benigno não causa edema), abscesso, infarto, traumatismo (TCE com hematoma), hemorragia (AVEH), encefalopatia por Pb, meningite
·         Diagnóstico
o   É radiológico (clinicamente, o EV é semelhante ao EC).
o   TC:                                               └ um pouco mais agressivo
§  Hipodensidade ao longo dos tratos da substância branca com aspecto denominado “dedo de luva”
§  Apagamento de sulcos
§  Colabamento de cisternas e ventrículos
§  Perda da interface da substância branca e substância cinzenta
§  DLM
o   EEG:
§  Lentificação focal comum (não é patognomônico)
o   LQR:
§  ↑ níveis PTN
§  Deve ser realizado apenas após TC
o   RNM:
§  hipodenso em T1 e hiperdenso em T2
·         Clínica:
o   Déficits neurológicos focais, distúrbios de consciência, HIC grave, convulsão
·         DD entre EV e EC = localização TC                 
o   EV: substância branca (parênquima)      
o   EC: substância cinzenta (córtex)

EDEMA CITOTÓXICO
·         ↑ volume de todos os elementos celulares do cérebro (neurônios, neuroglia e células endoteliais) devido a um distúrbio da bomba de Na+/K+ (acúmulo Na+ no IC + água)
·         ↓ VEC cérebro, permeabilidade capilar normal e ↑ VIC
·         Edema de substância cinzenta
·         Composição: água e Na+ IC ↑ (edema pobre em PTN)
·         Causas
o   Hipóxia, hipoosmolaridade, isquemia, encefalopatia hepática fulminante, meningite, AVEI, parada cardíaca, manipulação cirúrgica, encefalopatia metabólica, gliomas III e IV
·         Diagnóstico
o   EEG:
§  Lentificação generalizada
o   TC:
§  Regiões hipodensas perivasculares
·         Clínica:
o   Alteração da função cerebral, torpor, coma, asterix (encefalopatia hepática), mioclonias e crises convulsivas focais ou generalizadas

EDEMA INTERSTICIAL
·         Edema hidrocefálico ou transependimário
·         Causado por hidrocefalia obstrutiva (para que o líquor extravase, é necessário que haja lesão do epêndima (= células que recobrem o ventrículo cerebral)
·         Local: substância branca periventricular
·         Composição: líquor (hipodenso)
·         ↑ VEC, permeabilidade capilar normal ð fazer DVE
·         Causas
o   Hidrocefalia obstrutiva (clínica de HIC), pseudotumor cerebri (HIC benigna).
·         Diagnóstico
o   TC:
§  Imagem hipodensa adjacente aos ventrículos laterais
o   EEG:
§  Normal
·         Clínica:
o   Severa hidrocefalia crônica (HIC), exceto quando há distúrbio da marcha (hidrocefalia de pressão normal)

TRATAMENTO
·         Estabilização imediata do quadro clínico-neurológico (tratar causa básica)
·         Distinguir os tipos de edema ð terapias ≠s (tumefação, congestão e edemas = todos provocam HIC, mas o tratamento é diferenciado)
·         Considerar:
o   Remoção do processo expansivo (↓ HIC, ↑ microcirculação, evitar acidose tecidual, ↓ isquemia, ↓ radicais livres)
o   Utilização de drogas que atuem na BHE
1) Clínico
·         Medidas gerais
o   Manter vias aéreas
o   Cabeceira elevada: ↑ RV para o coração ð ↓ sangue para o cérebro ð ↓ PIC
o   Manter balanço hídrico pouco – (se paciente chocado: repor volume)
o   Hipotermia: medida mais eficaz para ↓ edema depois da medicação e cirurgia ð mantém cérebro em repouso
§  Pode gerar vasoconstrição difusa severa e prejudicar a perfusão de outros órgãos
§  Reduz em 60% o metabolismo
·         35° = hipotermia leve
o   35°-33° = hipotermia moderada
o   <33 hipotermia="" o:p="" severa="">
o   Manter PA ↓
o   Hiperventilação: ↓ [CO2] ð vasoconstrição
§  Medida controversa: indicada até que ponto? Vasoconstrição – pode provocar isquemia de áreas adjacentes.
·         Medicações
o   Solução hipertônica: ↑ pressão osmótica intravascular ð criação de um gradiente osmótico (SF hipertônica)
o   Manitol 20% EV: remoção do líquido intersticial
§  indicado apenas após TC! Se presença de hematoma ð ↑ com uso do manitol ð ↑ PIC
§  ideal para uso antes de cirurgia ou intraoperatório
§  dose: 0,7-1,4g/kg ð 1g/kg/dose até 4x/dia
§  apresentação única: 250mL a 20% = 50g/frasco
o   Corticóide: eficazes da ↓ edema cerebral das neoplasias e inflamações
§  não deve ser usado no edema traumático!
§  Metilprednisolona – protetor intraoperatório
§  Dexametasona – edema tumoral
o   Sedação: ↓ gasto energético do cérebro (∆ em G3)
§  Midazolam (Dormonid) + Fentanil
§  eficazes no PO imediato ð retirar até 48h após com desmame (cuidado com sedação excessiva)
o   Coma barbitúrico: necessário em casos de hipertermia, alteração respiratória (Cheyne-Stokes) e postura patológica
§  indicado quando Ø resposta com todas as medidas acima (inclusive sedação) e ∆ permanecer agitado
§  vantagem: permite hiperventilação
§  barbitúricos – melhoram o funcionamento vascular encefálico (↓ metabolismo), prevenindo outros tipos de lesões (convulsão)
§  Tionembutal
o   Anticonvulsivante profilático (Fenitoína)

2) Cirúrgico
·         Monitorização da PIC ventricular
o   DVE = punção no ponto de Cocker (ponto de encontro entre a sutura sagital e a coronal, 3cm em direção a glabela e 3 cm para a lateral). Drenagem do líquor ð meio mais rápido para ↓ edema
o   Craniotomia descompressiva ampla (fronto-temporo-parietal) = fazer no lado do edema
§  Externa: retirar osso e visualizar DM ð se não-pulsátil ð craniotomia descompressiva interna
§  Interna: retirar osso e abrir DM
·         OBS.: a craniotomia bilateral não é melhor que a unilateral


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