sábado, 14 de novembro de 2015

Lesão óssea no TRM


o   Avaliar instabilidade da coluna
o   Critério de Holt-Wort – não é mais usado
§  Corpo vertebrado + disco = coluna anterior
§  Após ligamento = coluna posterior
§  Tudo que afeta coluna posterior é instável
o   Atualmente utiliza-se critério de Dennis
o   Critério não anatômico – clínico → Panjalo
§  Principal fator de instabilidade é a dor persistente

CRITÉRIOS DE INSTABILIDADE – DENNIS
·         Coluna dividida em três fragmentos:
o   Coluna anterior: ligamento longitudinal anterior, primeira 1/2 do corpo vertebral e disco anterior
o   Coluna média: segunda 1/2 do corpo vertebral e disco, ligamento longitudinal posterior e pedículos
o   Coluna posterior: processo espinhoso, lâmina, processo articular, ligamento amarelo e elementos de dentro do canal (raiz, dura- máter e medula)
·         A coluna vai estar instável quando forem afetados os fragmentos médio e/ou posterior.
·         Hoje = considera-se instável quanto 2 fragmentos forem afetados (qualquer um).
·         Acometimento isolado da coluna anterior = explosão vertebral (coluna estável)
·         CD cirúrgica = indicada se coluna instável ou lesão neurológica associada

MECANISMOS DE LESÃO VERTEBRAL
1) Hiperflexão:
·         Ocorre sobrecarga dos elementos anteriores de caráter compressivo, propiciando:
o   Fratura do corpo vertebral (partes anterior e inferior)
o   Comprometimento discal com herniação e estreitamento do canal raquidiano (disco absorve impacto – ão deixa passar para vértebra de baixo)
o   Ruptura do ligamento interespinhoso com fratura do processo espinhoso (mais rara)
·         Trauma vertical - a força vertical sobe ao crânio e o pescoço fica ereto (fraturas de C1 e C2) ou sofre ext/flexão (outras alterações)

·         Consequências  da hiperflexão = hérnia de disco traumática, fratura do corpo vertebral
2) Hiperextensão:
·         Principal mecanismo, acarretando:
o   Fratura do processo espinhoso
o   Fratura do processo articular ou facetário, geralmente associado com ruptura do ligamento amarelo e conseqüente luxação do corpo vertebral (instabilidade)
o   Pode haver também ruptura do ligamento longitudinal anterior (se descolamento > 3mm)
o   Comprometimento da artéria vertebral (lateral ao processo articular; se lesão cervical)
o   Ocorre no mergulho em água rasa, lesão do chicote; pode levar à Sd. Schnaider (compressão do canal central)
·         Lesão não afeta a vértebra de baixo – ligamento interespinhoso segura – vai pela lâmina – afeta faceta articular e processo transverso
·         Rompe o ligamento amarelo – desloca vértebra - instável
·         Deslizamento de vértebras (anterolistése):         
o   Grau I – < 25%               
o   Grau II – 50%
o   Grau III – 75%
o   Grau IV – > 75%
·         Até grau II – não há ruptura do ligamento longitudinal
·         Quanto maior o grau, maior a chance de comprometer artéria
·         Consequência = luxação, varia com o quanto a vértebra andou (I – nada, II parestesia,...)
3) Compressão:
·         Ocorre por força que age diretamente no eixo da coluna; esta não suporta a força e explode em vários fragmentos
·         Ocorre principalmente a nível toracolombar (T11, T12, L1 e L2) e acarreta:   
o   Explosão do corpo vertebral
o   Herniação discal
·         Explosão 1ª ½ da vértebra = estável
·         Nem sempre produz lesão neurológica (déficit motor)

4) Tração:
·         Aplicada sobre o eixo da coluna, acarreta:
o   Lesões ligamentares por arrancamento
·         Explica lesão de plexo braquial

5) Rotação:
·         Acarreta:
o   Lesões mistas
o   Graves estiramentos ou rupturas ligamentares
o   Fraturas facetárias com deslocamentos vertebrais (instabilidade)
o   Geralmente comprometimento do disco

6) Mecanismos combinados:
·         Geralmente afetando a região cervical (ex.: chicoteamento em acidentes de carro)
·         Acarretam:
o   Lesões ligamentares
o   Ruptura do disco com estreitamento agudo do canal e compressão medular

·         Vértebrals cervicais:        
o   C1 e C2 – cervical alta
o   C3 a C5 – mesocervical
o   C6 e C7 – cervical baixa

TRM CERVICAL – PARTE ALTA (C1 E C2)
·         Fatais em 50% dos casos
·         Quando sobrevivem: 10% apresentam déficit neurológico
·         Principais:
o   1º- fraturas do dente do Áxis
o   2º- espondilolistese traumática do Áxis
o   3º- fratura do Atlas
·         Outras:
o   Deslocamento atlanto-occipital
o   Fraturas do côndilo occipital
o   Deslocamento atlantoaxial
o   Fraturas combinadas

1) Fratura do dente do Áxis (C2)
·         Correspondem a 10% das fraturas de coluna e 55% das fraturas do áxis (C2) – processo odontóide
·         Causadas por hiperflexão da cabeça
·         Visualização no raio X com a boca aberta (transoral)
·         Paciente politraumatizado - RX coluna cervical, até C7, em perfil
·         Paciente com artrite reumatóide sempre pedir o raio X para ver o odontóide
·         Classificação de Anderson e D’Alonzo:
o   Tipo I: fratura da ponta do odontóide. É a mais rara e geralmente estável
§  Tratamento - conservador com imobilização por órtose externa
o   Tipo II: fratura na base do odontóide, respeitando o corpo vertebral. É a mais comum. Instável e tem grande probabilidade de não se consolidar, sendo necessária a fixação
§  Odontóide desloca-se anteriormente ou posteriormente (mais grave – há compressão da dura-máter)
§  Fatores associados à não consolidação: fragmentos > 4 mm, deslocamento posterior, idade > 50 anos, tração prolongada, diabetes, osteoporose
§  Tratamento - fixação do corpo ao odontóide via transoral (cuidado – risco de lesão do tronco cerebral - parada CR)
·         Deslocamento
o   Anterior – espera-se mais tempo
o   Posterior – cirurgia
·         Fixação feita do corpo para o odontóide
o   Incisão vertical
o   Trans-oral – mais difícil
o   Parafuso de odontóide
o   Posterior – amarra C1 e C2
o   Tipo III: fratura da base do odontóide incluindo o corpo de C2
§  Estável
§  Bom PX (vascularização no corpo > base, portanto a consolidação ocorre mais rápido que na fratura tipo 2)
§  Tratamento - frequentemente se resolve com a utilização de halo vest (fixação cabeça + pescoço por 60-120 dias)·      
Indicações de cirurgia:   Paciente> 45-50 anos (difícil consolidação óssea). Ângulo de deslocamento (odontóide em relação ao corpo) > 30°.   Deslocamento > 4mm. Condição pré-existente da vértebra. Paciente com osteoporose ou DM.

2) Espondilolistese traumática do Áxis
·         Também chamada fratura de Hangman’s ou do enforcado (pode ocorrer morte por insuficiência respiratória)
·         Provocada por hiperextensão (luxação de C2 sobre C3)
·         Fratura encontra- se no pedículo do áxis
·         Associada à ruptura do ligamento longitudinal anterior e fratura dos elementos posteriores, com ou sem luxação, podendo haver compressão nervosa radicular conseqüente a fragmentos ósseos.
·         Dor cervical posterior e superior
·         Linha imaginária na base do crânio – linha basal de Shamberlein
o   Odontóide encontra-se acima dela = invaginação basilar (C1 no forame magno)
o   Paciente reclama de tontura
o   Geralmente paciente com pescoço curto 
·         Tratamento: imobilização com colar cervical por 12 semanas

3) Fratura do Atlas (C1)
·         Fratura de Jefferson (ocorre quando não há extensão ou hiperflexão)
·         Corresponde a 1-2% das fraturas da coluna e de 4-15 % das fraturas da região cervical
·         Consequente a traumatismos no vértice craniano quando a força é aplicada sobre o longo eixo da coluna vertebral, com compressão dos côndilos occipitais sobre o anel da C1
·         É estável, mas pode ser instável quando houver ruptura do ligamento transverso
·         Síndrome de Wallemberg: lesão da artéria vertebral -isquemia bulbar (DX por angiorressonância)
·         Tratamento: imobilização externa (quando estável – colete ou colar de Filadélfia) e cirúrgico (quando instável – fixa parte posterior no crânio)

4) Deslocamento atlanto-occipital
·         Corresponde a 1% das lesões cervicais - lesão mais alta
·         Geralmente acompanhada de TCE
·         A maioria dos pacientes vai a óbito por parada cardiorrespiratória
·         Os pacientes podem apresentar déficit motor com monoparesia, hemiparesia, tetraparesia ou plegias completas
·         Pode ocorrer em pacientes com frouxidão de ligamentos (ex.: síndrome de Down)

5) Fraturas do côndilo occipital
·         Raras
·         Geralmente associadas a traumas craniocervicais
·         Pesquisar:
o   TCE grave
o   Alteração do nível de consciência
o   Dor occipitocervical
o   ↓ mobilidade cervical
o   Alteração dos pares cranianos baixos
o   Edema de partes moles na região retrofaríngea

6) Deslocamento atlantoaxial (C1/C2)
·         Pode ser de dois tipos:
o   Rotatório: mais comum em crianças e geralmente acompanhado de torcicolo
§  Tratamento clínico com tração
o   Anterior: distância entre a margem anterior do dente do áxis e o arco anterior do atlas é > 3 mm
§  Tratamento cirúrgico se houver ruptura do ligamento transverso (instabilidade). Pode ocorrer sem trauma, devido a fragilidade do ligamento (ex: Down).

7) Fraturas combinadas do atlas e áxis
·         Correspondem a 3% das fraturas de coluna cervical
·         São mais comuns em acidentes de carro e em idosos
·         Déficits neurológicos frequentes

TRM CERVICAL SUBAXIAL (C3 A C7)
·         Porção mais móvel da coluna vertebral.
·         O raio X simples em perfil com visualização de C7 é o exame de triagem de escolha nas lesões subaxiais.
·         Tipos: deslocamento facetário uni ou bilateral, fraturas por compressão.

1) Deslocamento facetário uni ou bilateral
·         Uma das lesões mais frequentes da coluna subaxial
·         Coluna fica instável(não significa déficit – canal medular cervical grande)
·         Há luxação
·         Redução com tração resolve 74% dos casos, mas pode ser necessária cirurgia
o   Quando há encavalamento – faz-se necessário redução cirurgica
·         Na luxação unilateral há rompimento ligamentar em rotação e extensão. Em geral, o deslocamento é por acometimento do ligamento longitudinal anterior.
·         A luxação bilateral está associada aos traumatismos em hiperflexão, sendo acompanhada de ruptura ligamentar extensa, tanto anterior quanto posterior.
·         Cirurgia
o   Expõem toda coluna – da protuberância occipital à C7
o   Limitação do movimento do pescoço
o   Usa-se parafusos ou fios
o   Expõem-se a dura-máter – verifica onde passa o fio – pode ↑edema e levar o paciente ao choque medular

2) Fraturas por compressão
·         São causadas por cargas axiais verticais (fratura em explosão) ou por vetores de compressão em flexão (fratura em tear drop)
·         A explosão pode lesar a parte anterior do corpo vertebral (não havendo déficit), ou todo o corpo, havendo déficit e instabilidade da coluna
·         A compressão pode ser acompanhada de luxação das facetas, ruptura de ligamentos e herniação discal
·         Tratamento cirúrgico:
o   Descompressão medular em pacientes com déficit neurológico
o   Estabilização vertebral em pacientes com lesão completa
o   Substituição do corpo vertebral com enxertos ósseos (ilíaco = melhor osso para se conseguir fusão) ou cestas de material metálico e fixação com placas adjacentes aos corpos

TRM TORÁCICO E TORACOLOMBAR
·         Péssimo prognóstico quanto à recuperação funcional
·         Pequenos deslocamentos já podem causar lesões medulares (menor diãmetro do canal)
·         Fraturas/luxações torácicas tendem a ser mais estáveis (musculatura mais forte), mas ainda há o déficit
·         Tratamento:
o   Inicio do séc. XX: laminectomias descompressivas, com acesso posterior
§  Pode dar falência de sustentação (músculo avascularizado e desnervado, com cicatriz)
o   Evolução: acesso cirúrgico ântero- lateral com sistemas de fixação com próteses metálicas
o   Preferida atualmente: acesso anterior (acesso mais difícil na coluna torácica)
§  Incisão feita por urologistas entre a última costela e a crista ilíaca – afastamento do psoas para acesso

TRAUMA RAQUIMEDULAR LOMBAR
·         Classificação de Magerl et al.:
o   Tipo A
§  Fraturas em compressão - envolvem principalmente o corpo vertebral; geralmente os ligamentos posteriores permanecem intactos e não há subluxação
·         A1: fraturas de impactação, encunhamento
·         A2: segmentação sagital ou coronal do corpo vertebral
·         A3: lesão em explosão
§  CD:
·         Nas fraturas A1 e A2 com redução da altura do corpo vertebral < 50% - tratamento com órtose externa
·         Se > 50% e em A3 - cirurgia (lesões instáveis)
o   Na vértebra em que houve a fratura – não colocar o parafuso.Para verificar se houve estabilização – controle com raio X AP e perfil
o   Tipo B
§  Fraturas em distração: geralmente há lesões ligamentares, mas com pouca lesão óssea – ocorre afastamento de um corpo vertebral do outro
·     B1: ruptura através de tecidos moles posteriores
·         B2: ruptura através do arco ósseo posterior
·         B3: ruptura através do disco
§  CD: correção com parafusos pediculares
o   Tipo C
§  Fraturas  multidirecionais com translação: lesão dos elementos anteriores e posteriores com vetor rotacional associado (corpectomia)
§  Em região lombar baixa (L4-L5) no homem – pode dar ejaculação retrógrada – complicação transitória
§  Maior porcentagem de lesão neurológica
·  C1: translação no plano sagital, com deslocamento anterior ou posterior
·   C2: translação lateral
·    C3: rotação
§  CD: reconstrução vertebral cirúrgica complexa

EXAMES COMPLEMENTARES
·         Raio X simples:
o   Ântero- posterior, perfil, boca aberta (transoral) e oblíquas (análise forame de conjugação –  paciente com cervicobraquialgia e parestesia, pode ocorrer por fechamento do forame)
o   Visão inicial das estruturas anatômicas periféricas à medula
·         Tomografia computadorizada:
o   Grande valor complementar
o   Avaliação detalhada do segmento da lesão
o   Auxílio para decisão terapêutica e para a sua estratégia
o   Reconstrução tridimensional
o   Mielografia (TC com contraste no espaço subaracnóide): diagnóstico de lesões cervicodorsais e revelação de tecidos moles intra-raquidianos
§  Não é meia feito
§  Punção com injeção de contraste – se este passar (mesa em Trdelemburg) indica que não há bloqueio (hematoma, fratura, etc)
§  Hoje utiliza-se a mielotomografia
·         Ressonância magnética:
o   Não muito boa para ossos
o   Extrema importância para a avaliação de tecidos moles, inclusive fragmentos ósseos, hematomas e corpos estranhos
o   Diagnóstico de alterações estruturais do cordão medular
o   CI na suspeita de presença de material de ferro no canal
o   Angiorressonância: confirmação de lesões vasculares
o   Não substitui a TC
·         Angiografia:        
o   Casos de comprometimento da artéria vertebral (síndrome de Wallemberg na fratura de Jefferson)
o   Difícil realizar
o   Hoje – substituída por punção da artéria femoral
·         Punção do espaço subaracnóideo:          
o   Diagnóstico de bloqueio à circulação liquórica
o   Grande valia quando há dúvida quanto à permeabilidade do canal e consequente comprometimento das estruturas nervosas
o   Evita-se → CUIDADO com herniação
·         Potencial evocado somatossensitivo:
o   Lesões parciais ou totais da medula
o   Valor prognóstico
·         Objetivos básicos:
o   Identificar instabilidades
o   Reduzir e imobilizar a fratura e fusão dos elementos lesados
·         Tratamento inicial:
o   Imobilização precoce
o   Estabilização clínica do paciente

Tratamento cirúrgico
·         Baseado no quadro clínico e nos achados dos exames complementares
·         Situações:
o   Instabilidade da coluna e lesão neurológica = cirurgia de urgência (exceto em choque medular = ↑ edema se CD cirúrgica)
§  Fragmentos ósseos, hematoma, déficit neurológico progressivo - cirurgiar
§  Principal → proteger o tecido nervoso
o   Instabilidade da coluna sem lesão neurológica = cirurgia eletiva (manipulação da coluna = risco de edema)
o   Lesão neurológica estável sem instabilidade de coluna = aguardar (lesão já ocorreu)
§  Avaliar pela escala de Frankel – deve permanecer sempre na mesma classificação
o   Lesão neurológica instável sem instabilidade de coluna = cirurgia de urgência (laminectomia descompressiva)
§  Paciente muda na escala frequentemente – perda progressiva
§  Déficit neurológico progressivo
§  Lesão óssea com fístula liquórica
o   Urgência - fístula liquórica – fecha-se para evitar infecções (meningite, encefalite, etc) → geralmente são traumas abertos.
·         Finalidades primordiais:
o   Prover a descompressão do cordão medular e seus envoltórios, propiciando boas condições para a reabilitação
o   Fixar anatomicamente os elementos ósseos, mantendo sua integridade e proteção aos elementos nervosos
·         Critérios de coluna instável – Punjab: dor persistente + deformidade + irritação radicular
·         Escala de Frankel – graduação e acompanhamento do déficit medular (lesão neurológica e não óssea)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será aprovado após moderação.
Obrigada pela contribuição!